Espaço literário e de defesa da arte, do meio ambiente e da democracia, compartilhado pela escritora e ativista ambiental Renata Bomfim.

22/07/2008

Entrevista concedida ao Letra e Fel pelo poeta Wilbett Oliveira

Wilbett Rodrigues de Oliveira nasceu em Umburatiba, MG, mas desde os doze anos mora em São Mateus, ES. É editor, escritor, poeta, ensaísta e professor de Faculdade do Sul da Bahia -FASB. Tem vários artigos e ensaios publicados em revistas científicas. Publicou: Partes (2003), Garimpo (2005), Nominal (2006), Sêmen (2007)e é editor responsável pela Revista Mosaicum.

Como foi a sua inserção no campo das letras, mais especificamente no da poesia?
Wilbett:A minha inclinação/excitação para a poesia começou com a recitação de textos de Drummond e Bilac nas séries iniciais.
Você é uma pessoa multifacetada. Escreve poemas, ensaios, artigos, faz a edição, divulga e vende os próprios livros. Como é lidar com estas interfaces do universo literário?
Wilbett:Essa “labuta” permite que o poeta desenvolva as habilidades para ler e escrever com visão mais crítica.
Como você avalia a recepção da poesia pelo público na contemporaneidade?
Indiferente, as pessoas, cada vez mais, se “enfurnam”. Mas a poesia luta contra o inatingível, para falar com Cortázar.
Você é o editor da Revista Literária Mosaicum. Como avalia a oferta de textos no campo da literatura quanto à critica e à multiplicidade de temas escolhidos?
Wilbett: Literatura e Educação são áreas em que há sempre uma diversidade temática. Os profissionais dessas áreas têm escrito muito mais que as outras. A Revista Mosaicum possui um rigor científico e, portanto, releva muito a discussão e/ou contribuição dos textos que publica.
Quando publicou seu primeiro livro de poesia, e como avalia o desdobramento de sua poética nas suas demais publicações?
Wilbett: Acho que foi em 1983. No início era apenas derramamentos confessionais. Depois disso passei um longo período sem escrever, pois achava tudo repetitivo. Em Nominal e Garimpo dominei a téchne. Ultrapassei as brincadeiras que podemos fazer com as palavras: gestos metalingüísticos. Aprendi com Valdo Motta que a poesia tem de dizer algo. Para mim, não há mais tempo para confissões e/ou coisas do gênero.
Quais as suas interlocuções e fontes de inspiração?
Wilbett: Fontes de inspiração não são mais necessárias depois de um determinado tempo. Poetas têm vislumbramentos. Prefiro “sacar” a poesia no momento mesmo em que desleio. Descontrução, talvez.
No livro Sêmen, você escolheu como epígrafe um verso de Afonso Romano de Sant’Anna que diz : “(...) é não dizer, que não-dizer é o que (dizer) venho”. Você poderia tecer algumas considerações sobre a forma como este verso atravessa o livro?
Wilbett: Para mim tudo já foi dito. Por isso, venho desdizer. Estou na fase de desconstrução (aquilo que Saussure chamou anagrama), revisitação do que não escrevi, ou melhor, do não-dito nos meus próprios textos e de outros poetas. Sêmen é algo que fertiliza por dentro, o não-dito, o escuro. É um gesto palinódico ou palingenético. O não–dito é o que se diz sem dizer por meio de uma sintaxe suspensa em que o sentido termina mesmo no momento em que se termina a leitura do poema. O sujeito poético em minha poesia assume outro conceito, não é apenas um eu lírico descomedido. Quero uma poesia que pulse (o uso dos verbos em sua forma nominal pressupõe ação) e que acorde o homem dessa condição de estar-no-mundo. Em termos de poesia, quase tudo já foi escrito. Então o caminho que nos resta é explodir as palavras para fazer jorrar delas versos desvelados. No mais, vou escrevivendo.
O site Poetas capixabas traz alguns poemas de Wilbett, confira.

Um comentário:

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