Espaço literário e de defesa da arte, do meio ambiente e da democracia, compartilhado pela escritora e ativista ambiental Renata Bomfim.

28/05/2011

Fantasmas da esperança

Dedico este poema aos sindicalistas José Cláudio Ribeiro da Silva e Maria do Espírito Santo, covardemente assassinados por defenderem a floresta da ganância dos madeireiros e a outros mártires que a mídia não tem interesse em vivulgar.

Deixemos Deus sossegado
e colhamos as vinhas da nossa ira.
Soem trombetas
Acordem liras
Pois não existe céu além deste que
conhecemos e poluímos.
Homens, até quando
a terra será encharcada
com o sangue dos teus irmãos?
Até quando morrerão  índios,
negros, mulheres, crianças,
bastardos e desempregados,
e uma leva de outros seres subalternizados?
Por que não conseguimos enxergar
que o rosto desfigurado
do homem e da mulher
sem nome, sem casa e com fome
é o meu e o seu rosto, é o nosso rosto?
Porque não aceitamos que
esse homem e essa mulher são, também,
a flor que arrancamos,
o animal que assassinamos
as árvores que deixamos cair...
Até quando o ferro e o fogo
calarão vozes mais esclarecidas?
E no lugar das árvores
sejam plantadas as sombras
dessas existências perdidas?
Morreu Paulo Cesar Vinha,
Chico Mendes, Maria do Espírito Santo
Dorothy, irmã querida,
morreu José Cláudio Ribeiro da Silva,
defendendo as castanheiras
e a nossa humanidade.
Tantos outros também partiram
traídos pelos seus.
Exército de vencidos
que se levantará um dia
ainda mais forte, pois,
existem coisas que não se pode matar:
a Fé, a Esperança, a Revolta, a Justiça!
Esta é a hora de nos inspirarmos
nos fantasmas da esperança, para que
as gerações futuras possam descansar, ter
ar, água, lugar de existência.
Nós nos perdemos no labirinto
da modernidade ourobórica,
construída com armas tecnológicas.
Não temos, mas, ainda buscamos,
alguém ou algo que nos salve
de nós mesmos.

renata bomfim

4 comentários:

Luiz Bittencourt disse...

ISSO É LAMENTÁVEL
JOSÉ CLAUDIO RIBEIRO DA SILVA MORRENDO PELAS CASTANHEIRAS E DEPUTADOS QUE DEVERIAM DEFENDER ESTÃO ACABANDO DEFINITIVAMENTE COM A VIDA NA TERRA ISSO É QUE É DISCREPANTE AFINAL NÓ SOMOS OS CULPADOS POIS ELES ESTÃO LÁ PORQUE NÓS VOTAMOS NELES
MAS FICA AQUI MINHA INDIGNAÇÃO
LUIZ BITTENCOURT

Renata Bomfim disse...

Pois é Luiz até que ponto precisaremos chegar em materia de degradação humana para nos tocarmos e abolirmos esse assassinio de vidas: animais, arvores, rios, a terra, as pessoas...
bjs
renata

Átila Goyaz disse...
Este comentário foi removido pelo autor.
Átila Goyaz disse...

Lindo poema protesto Renata!
Bjus!