Espaço literário e de defesa da arte, do meio ambiente e da democracia, compartilhado pela escritora e ativista ambiental Renata Bomfim.

05/09/2009

Bakhtin e Jung: consonância teórica

Assim como Carl Gustav Jung, Bakhtin divergiu da psicanálise freudiana. O conjunto da obra de Bakhtin conta com um livro intitulado Freudismo (1927) , que é assinado por seu aluno V. N. Volochinov, nessa obra Bakhtin lança uma crítica a obra de Freud e, a sua análise, reafirma o pensamento dialógico na medida em que propõe que o estudo de um objeto específico deve ser realizado com maior interatividade, de forma que este dialogue com um número maior de vozes, valores e conceitos.
O objeto de reflexão de Bakhtin é o discurso, e foi a partir deste que ele teceu variadas criticas a análise psicanitica de Freud. Bakhtin observou na prática psicanalítica uma luta entre paciente e terapeuta, ao primeiro cabia a tentaivade esconder experiências emocionais e, ao segundo, impôr seu ponto de vista ao paciente. Bakhtin identificou nessa dinâmica uma similaridade com o processo dialógico, pois, “a voz do paciente é a voz que reage ao discurso do outro, e nesse diálogo, cruzam-se duas consciências, dois pontos de vista”, essa luta de interação com o outro, ou o dialogismo, é o cerne de sua obra.

A motivação de Baktin em tratar do tema relaciona-se ao fato de, na sua época, a Rússia vivia um clima de exarcebação ideológica que determinava o comportamento dos indivíduos pela organização de classe de produção e, como explicitado anteriormente, a psicologia era condizida por fortes correntes biológica e fisiológica, resultado da associação com as ciências naturais (biologia, fisiologia e teoria evolucionista), empenhadas em criar uma psicologia objetiva. A crítica bakhitiniana tem atravessamentos com a realizada por Jung, no que tange ao enfoque demaziado na sexualidade que Freud deu a sua teoria. Bakhtin acreditava que o discurso psicanalitico era um “discurso autoritário”, ou seja, um discurso que se impõe pela autoridade de quem o emite, no caso, o discursos sustentado pela medicina e pelo seu ilustre representante, o médico. Em maior escala ele referia-se ao discurso sustentado pela psicanálise, reducionista segundo seu parecer, pois não privilegiava a interação entre os falantes e principalmente pela crença de que nunhum enunciado verbalizado poderia ser atribuído exclusivamente a quem o enunciou. A partir deste pressuposto, Bakhtin lançou luz sobre a importância do contexto social da enunciação.

Bakhtin apresentou ao século XX, assim como Jung, uma concepção que desafiava soberania do indivíduo. Jung com uma visão multidimensional da psique, para ele. (2006, p. 111), esta “está longe de ser uma unidade; pelo contrário, é uma mistura borbulhante de impulsos, bloqueios e afetos contraditórios” e o seu estado conflitivo pode levar o indivíduo à dissociação. E Bakhtin, no campo lingüístico, pondo em xeque a soberania do autor. Esta horizontalização tanto do poder do indivíduo, quanto do poder do autor, defendida por estes dois pensadores, está em consonância com o pensamento de dois grandes pensadores da pensadores da contemporaneidade, são eles Terry Eagleton e Stuart Hall, e revela a extemporaneidade dos pensamentos junguiano e bakhtiniano, pondo em prática a máxima dos estudos da pós-modernidade, ou seja, o questionando das noções clássicas de verdade.
pesquisa: Renata Bomfim

Um comentário:

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