QUAL O SENTIDO DOS SONHOS?
Escutar o que dizem os nossos sonhos é escutar a própria Alma. Uma noite sonhei que recebia uma chave das mãos de uma pessoa desconhecida, e esta pessoa me dizia: -Vê esta chave?- Com ela você pode abrir qualquer porta. Acordei, senti um misto de felicidade e de inquietação, era como se eu tivesse ganho um talismã. Agora, só dependia de mim, eu podia abrir todas as portas, afinal, tinha a chave.
Este sonho serviu como um impulso para que eu pusesse em prática alguns projetos, que a algum tempo estavam engavetados.
Em muitas civilizações e religiões, os sonhos são considerados via de ligação entre o mundo cotidiano e um outro mundo, ao qual nossa consciência não tem acesso.
Tanto no Antigo, quanto no Novo Testamento, os sonhos desempenham funções muito importantes. No antigo Egito os intérpretes de sonhos ocupavam posições de destaque na corte e eram solicitados para interpretar os sonhos do Faraó; São José recebeu através de um sonho, a mensagem de que deveria fugir para o Egito com a virgem Maria e o menino Jesus, afim de que não fossem mortos pelo Rei Herodes; a Mãe de Buda teve um sonho que anunciava seu nascimento, e muitos outros registros de sonhos nos foram deixados, provando a importância do mesmo para o homem e a para sociedade.
Por que será que a sociedade moderna negligencia e até mesmo banaliza os sonhos?
Na concepção Junguiana, os sonhos são uma representação simbólica do estado da Psique, e pensando a humanidade como um indivíduo, vemos como esta sociedade capitalista e de consumo, valoriza mais o ter que o ser, e negligencia os anseios da alma.
Muitas vezes a expressão de sentimentos como amor, solidariedade e afeto são confundidos como demonstração de fraqueza. C. G. Jung, pensador contemporâneo que desenvolveu uma teoria psicológica voltada para a busca da realização do indivíduo (individuação) foi vítima deste pensamento, e sua psicologia, confundida com “Místicismo”, veja o que ele disse a respeito dos sonhos: “Os sonhos não são nem criações deliberadas, nem arbitrárias; são fenômenos naturais, e nada mais daquilo que pretendem ser. Não enganam, não mentem, não distorcem ou mascaram... Estão invariavelmente procurando expressar algo que o Ego não conhece e que não compreende. Todo trabalho onírico é essencialmente subjetivo e o sonho é um teatro no qual o próprio sonhador é a cena, o ator, o ponto, o produtor, o autor, o público e o crítico”.
Os Sonhos trazem à tona informações importantes sobre nós mesmos, nossos anseios e desejos mais profundos, nossas alegrias, nossos medos, nossos traumas, nossas projeções, lembranças que (propositalmente) esquecemos, e que são causadoras de angústias, ansiedades, e doenças, eles nos dão uma possibilidade de auto-análise.
A linguagem dos sonhos são os Símbolos. O Símbolo é a expressão de algo desconhecido, e não deve ser definido (a palavra definir significa “dar fim”). Vemos muitos livros de interpretação de sonhos definindo e matando as possibilidades de transformação do indivíduo, impedindo-o de estar reescrevendo sua história (ex: sonhar com isso, significa aquilo).
Ao analisarmos nossos sonhos, nosso intuito deve ser o de extrair deles a essência, um combustível impulsionador, lembrando que sonhar com morte, por exemplo, não significa que você ou alguém de sua família vai morrer, mas pode ser uma mensagem que traga a lembrança o fato de que morremos e renascemos a cada instante, como nos diz a música do Gil, “O Amor da gente é como um grão, tem que morrer pra germinar”.
Nunca leve um sonho ao pé da letra, lembre-se que sua mensagem é simbólica e individual, afinal você é um ser único, não existe outro igual a você no mundo. Agora te convido a escutar com mais atenção os seus sonhos, coloque um caderninho ao lado da cama, e quando algo do sonho mexer com você, anote ou desenhe, mesmo que a princípio você não entenda nada, nosso inconsciente é atemporal, aespacial, imaterial e plástico, em algum momento tudo fará sentido para você.
Muita Paz, Amor, Saúde e bons Sonhos.
Artigo que publiquei no site da Excelsanet em 2002
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