13/04/2007

Dona Baratinha

Era uma vez uma dona
Dona baratinha
Saía todo dia à noite em
busca de companhia
saia curta
pernas finas e perebentas
cobertas por meias finas


Não escolhia
Simplesmente ia
A primeira oferta
lhe bastava
E se houvesse algum tipo de problema
Devolvia com juros
os favores
Coitada

Dona baratinha
Não tinha casa
Não tinha amigos
Tudo o que lhe era caro
Era de outro, não era seu
Jogava no campo do impossível
Tecia os fios da carência e
tentava desatar o nó da
Mediocridade

Quando ia ao bar pedia ao garçon uma soda
que bebia delicadamente
com a cara de quem bebe
um cabernet Sauvignon
Todo dia repetia a viagem

Cruzes
Pra lá e pra cá, rabiscos
Palavras cruzadas
Dona baratinha tem um sonho
Se casar
Encontrar um bicho que no silêncio
Pague suas contas
Que não são caras

Quem sabe um porco?
Quem sabe um bode velho?
Quem sabe um hipopótamo?
Um veado?

Ela sonha e suspira
Pensando no bicho que escolherá
e que será a sua companhia definitiva
no menu dos noivos
apenas saladas e
nada de feijoada

Mas se não puder escolher
dona baratinha aceita
qualquer um
aceita dividir as contas
podendo até pagá-las sozinha
afinal
sacrificios são necessários...

Quem quer casar com dona baratinha?

By renata romfim

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