Queimaram as bruxas
desencantaram o mundo
Depois disso ficou difícil fazer poesia
Depois de tanta dor
como não silenciar?
Depois de silenciar
como vencer o medo?
Avanço e recuo
conjugando a mulher e a poeta
Na minha língua há asperezas
no coração esperanças
e a carne, essa
sangra por natureza
Que status plural e confuso
que peso e que pena sustentar esse Ser
que é belo, santo, maldito e profano
Da boca do inaudito discurso
brota o verbo luminoso
fluem traços e letras
Quero poetizar esse cotidiano cínico
que oprime e mata
E busco forças em Safo, Dal Farra e Adélia
e colho Florbela
Escolhendo a mim mesma
O silêncio é a voz que sonha e não realiza
o silêncio é dureza de plumas cintilantes
Foi assim que levantamos das cinzas
para queimar incensos e rezar
pelas bruxas queridas que
queremos ser e não somos ainda
Resgatamos com suor e lágrimas
a história esquecida pela própria história
O silêncio é um muros de leveza
que engana os olhos
2 comentários:
O silencio faz pensar, muro divide, e o martelo da voz com outras vozes quebra o silencio e o muro.
Bjs
ns
O silêncio é um muros de leveza
que engana os olhos... ou a maneira de chegar a quem nos dá o dom de ser bruxo. bjos.
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