19/03/2010

Um dia após o outro

É como mergulhar
mas, lúcido,
sem a necessidade de ar
ou de terra para plantar os pés.
Se lançar infinitamente,
rastejar, ou seria nadar?
Até não poder mais,
flutuar na espuma acizentada.
É assim o ânimo, sangra violento,
ri, garagalha irônico.
Surpreende e estarrece
essa visão.
Bater os braços e as pernas
explorar sem fôlego o conhecido.
Cansar, estar atento e relaxado,
se contradizer e morrer
por excesso de opção.
Assim o cotidiano invade a carne
um dia após o outro
e mata as células, esmaga os sonhos
nele, milagrosamente,
tudo se quebra e reconstrói
tudo se não igual, bem parecido,
um pouco mais do mesmo.
mas, dos dedos brotam  letras
que não se repetem nunca!
Cada uma com consciência de si e algumas
alienadas das outras
Mas vivas, vibrantes e prenhes de inéditos.
Letras de carne, de osso e de sangue.

3 comentários:

André L. Evangelista disse...

"É como mergulhar
mas, lúcido,
sem a necessidade de ar
ou de terra para plantar os pés.
Se lançar infinitamente,
rastejar, ou seria nadar?"

Adorei isso, forte, marcante....

Renata Bomfim disse...

Olá André, obrigada por sua visita!
Um ótimo fim semana
abraços
Renata

Renata Bomfim disse...
Este comentário foi removido pelo autor.