12/04/2010

A doçura da carne

A carne apodrece de tanta doçura,
as palavras, torrões, desenham cadeias de montes,
cujos picos, cobertos de açúcar, convidam.
No sangue as plaquetas enfraquecidas se rendem,
a fenda na carne jorra abundante.
Quem sequer imagina penetrar este ermo que me invade?
Caminho só, essa é a lei, caminho...
De tanta doçura as mãos derretem,
se fazem arredias frente ao Jardim.
Sufoquei  Íris, Lírios, Cravos, Violetas, Margaridas,
de tanto desejo, embriagada de falta,
despetalei uma a uma como quem ama pela primeira vez.
Essa carne à mostra, afável de brandura
está em decomposição e exsuda licores.
É a beleza revelando a sua outra face.

6 comentários:

Jacinta Dantas disse...

Ei Renata,
suas letras marcam, em mim, a beleza da poeta mulher que se aventura na arte de escrever.
Venho sempre aqui, conferir seus escritos. Na maioria das vezes, passo em silêncio, contemplo...contemplo...
E, agora, com essa doçura da carne, leio meu corpo cansado, clamando por suavidade.
Grande abraço

PS: Há tempos vc mandou para mim uma foto de passarinhos, lembra? então, uma amiga minha está começando a se aventurar nesse universo de blogs e me pediu ajuda. Passei a foto para ela colocar no cabeçalho. Tem algum problema?
Se tiver é só me falar, certo?
Veja lá: www.cricrilicando.blogspot.com.

Nanda disse...

Que lindooo!
Beijinhos...

Renata Bomfim disse...

Olá amigas, obrigada pela visita de você!
Jacinta, fique à vontade com a imagem, podes usá-la sem problemas.
Beijos
Uma otima semana para todas
Renata

Eduardo Selga disse...

Renata,
Sobre o seu livro "Mina", cujo lançamento está previsto para maio deste ano, você fez uso de alguma lei de incentivo à cultura? Se não, gostaria de saber, se possível, quais caminhos trilhou, porque aqui no Espírito Santo tudo é muito provinciano ainda, principalmente em se tratando de literatura.

Renato F disse...

Afável de brandura me sinto toda vez que adentro em seu universo, nesse cantinho que é só teu e que vc divide conosco....
Sempre marcante....
besos

Renata Bomfim disse...

OLá amigos, que alegria trocar energia e letras com vocês!
Desejo a todos um ótimo feriado de tiradentes, segue um fragmento de poema de Cecilia Meireles sobre o infante:
"Águas de ouro puro
seu cavalo bebe
Entre sede e espuma
os diamantes fervem
-A terra tão rica e,
-Ó almas inertes!
o povo tão pobre...
Ninguém que proteste!
[...]
(Por todos trabalha
a todos promete
sossego e ventura
o mimoso alferes".

Abraços
REnata