Na selva sagrada
os instintos afloram.
Cada planta, cada bicho, o ar,
tudo é vivo, tudo fala.
Do verde brotam
movimentos sinuosos
sussurros, risos...
É a ninfa que, do deus imponente,
bebe o vinho.
Ela se torna a própria taça
transbordante de desejos
Dionísio, a enreda, em desalinho,
arrastando-a, furtivo, por entre a relva,
para que desabroche caprichosa e perfumada.
Ela cede aos seus apelos e se deixa possuir.
Seu corpo agora é fluidez
entre suas mãos ásperas.
Ela se torna gazela, impiedosa,
a sua lança a transpassa.
Fustigada, ela quer mais...
Agora os dentes do deus a carne macia
adentram e marcam, signos são criados
com seus chifres reluzentes.
A ninfa ascende entre agonias
a selva orquestra gemidos de prazer.
Em êxtase comungam contentes.
Ela reverencia o deus pagão
pai dos seres desse reino de beleza
depois, descansa recordando o idílio,
até que a noite lhe cubra
com seu manto de prata.
renatabomfim
Um comentário:
Quanta sensualidade e sutileza! Beijos!
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