No cláustro, o silêncio ensurdece.
Fado? A alma resiste e canta.
Da mouraria chegam ecos de vozes distantes
Torres de marfim e vitrais formam
paços adornados com lágrimas e cristais.
Gotas brilhantes que correm pela face das monjas
e são, caprichosamente, colhidas
pelas mulheres e por homens que versejam em Portugal.
Ouço dizer de princesas ornadas e de virgens pálidas e febrís
refletidas em vitrais espetaculares.
Seus sexos são cobertos de violetas masseradas
que perfumam e inebriam os pensamentos
desviando os caminhos de quem passa.
Seus sonhos sensuais aquecem o frio das celas de ouro
a simpliscidade de seus gestos contrastam com
o tesouro: pérolas e jades que saem de suas bocas rosadas.
-Oh! roseirais e lírios que perfumam os campos
- Oh! árvores que guardam os ninhos dos rouxinóis,
levem este canto, espalhem este odor e retornem, plenos.
Enxugo o pranto e te aguardo. Tudo o que vejo é santo é vivo,
causa espanto: o universo, o caos, a beleza.
-Astros dispersos iluminam verbos e letras inquietando
amantes que nunca se tocaram. Que despertem na memória,
imagens que insistem em se tornar sangue e carne,
e ir para além de mim.
renatabomfim
2 comentários:
, nossa, fiquei muito feliz com sua visita, visita ilustre de tão boas letras como as suas, obrigada! sua dissertação sobre a polifonia de florbela é iluminada, descobri muitas coisas, parabéns e obrigada!
JVogel
Olá jaqueline, obrigada pelo carinho, a florbela é demais, não é? Leio a sua obra desde os 15 anos de idade, olha que estou roçando os 40... ehehehe e nunca me cansa, sempre revela novidades. Estou estudando ela agora no doutoarado, vamos ver o que vai pintar de novo
abraços
volte outras vezes
Renata
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