20/02/2011

Campos desconhecidos

Dentro de mim há  paisagens
Voam os corvos de Van Gogh
sobre os campos de trigo.
Os rios sempre inéditos aos olhos
de Heráclito, aos meus são um tédio.
Há ainda canyons, matas, cerrados
onde caminham seguros os lobos
e suas crias.
Este espaço é ambiguo, me amedronta.
Há penhascos , temo cair.
Há céu azulado, há prazer...
Há dor, fome, mágoa e histórias sórdidas
em livros aos quais não ouso ler.
A Morte, linda, refinada,
vestida de renda e seda e de chapéu,
mora  do outro lado e tão perto de tudo
que se pode ouvir o barulho
do seu riso rouco,
o trepidar das chamas de sua lareira.
Até onde alcança a vista?
Sou nômade!
Desse mundo pouco sei,
dizem que é meu, mas duvido,
daqui possuo apenas a poeira
que gruda nos  pés
conto também com a benevolência
da memória que não deixa esquecer
nem alegrias e nem desgraças.
Talvez seja por ela, ou por isso,
que eu ainda esteja aqui, assim, 
sonhando com a falácia da unidade.

renatabomfim

2 comentários:

Anaximandro Amorim disse...

Rê, muito bonito! Parabéns! Anax.

Unknown disse...

Não somente o poema, mas tudo que ele me passa, lido às cinco da matina de segunda. Maravilhoso, Rê amiga. Adorei a foto nova no perfil, ficou muito bela de cabelo novo!!! Uma boa semana para nós. Obrigada por ser esta pessoa maravilhosa em minha vida, obrigada por me ouvir e ter paciencia comigo. Deus a abençõe! Sunny