"máquina de guerra" é uma proposta filosófica formulada por Gilles Deleuze e Félix Guattari, que não diz respeito ao poder bélico e estatal, mas a uma potência inventiva e nômade, capaz de escapar e causar fissuras no poder dominante, inventando para si "linhas de fuga" e novas formas de ver e habitar o mundo.

29/11/2011

Programa do Colóquio Florbela Espanca: O espólio de um mito (Vila Viçosa/ 2011)

Olá amigos, estou arrumando as malas para voar para Portugal. Após a apresentação do meu artigo irei publicá-lo na íntegra, enquanto isso, segue o resumo, espero que gostem. Segue também o link do Colóquio com os resumos das demais apresentações que, diga-se de passagem, estão interessantissimas... Estou muito feliz por reencontrar a professora Maria Lúcia Dal Farra e conhecer pessoalmente os amigos do grupo de pesquisa do CNPq entre outros colegas florbelianos. Não posso deixar de destacar e agradecer o apoio irrestrito que recebo da minha orientadora do doutorado Professora Ester Abreu Vieira de Oliveira, amiga e mestre e do meu marido, o Luiz.
Abraços fraternos e florbelianos...

Poética e política: diálogos intercontinentais entre Florbela Espanca e Rúben Darío

Renata Bomfim- doutoranda em letras pela UFES/ FAPES

A poeta portuguesa Florbela Espanca (1894-1930) e o poeta nicaraguense Rúben Darío (1867-1915) são personalidades literárias cuja relevância das obras e legado de resistência aos discursos autoritários, via poesia, têm despertado na contemporaneidade o interesse, tanto do público leitor, quanto de pesquisadores. Embora tenham nascido em continentes diferentes e cumprido percursos literários singulares, Florbela e Darío compartilharam da mesma modernidade, tempos de autodestruição criativa, aspecto que pode ser observado no desejo de ambos em romper com a tradição e com o status quo. Se a poética de Florbela Espanca transgrediu com o ideário feminino de sua época, encontraremos na poética de Rúben Darío uma ruptura com o cânone literário, que contribuirá para com a renovação das letras hispano-americanas e marcará o surgimento do primeiro movimento genuinamente hispano-americano, o Modernismo. A relação entre as poéticas de Florbela Espanca e de Rúben Darío são, ainda, pouco estudadas, o que nos causa estranheza, pois o conhecimento da obra deste poeta é relevante para uma compreensão da lírica hispano-americana e, no caso em questão, para o entendimento da obra Charneca em Flor, de Florbela. Proponho, por meio deste estudo que denominei Poética e política: diálogos intercontinentais entre Florbela Espanca e Rúben Darío, refletir de que forma a obra de Florbela Espanca dialoga com a obra de Rúben Darío, bem como, analisar possíveis motivações que fizeram com que ambos fossem acusados pela crítica, durante muito tempo, de não terem envolvimento político. Mas, se a “uma sociedade dividida corresponde uma poesia em rebelião”, como destacou Octávio Paz, é possível observarmos nas poéticas de Florbela e de Darío formas singulares de engajamento que põem em xeque essa alienação. Dois biomas diferentes que se complementam sob a filosofia de Eros, a selva sagrada de Rúben Darío e a Charneca rude de Florbela Espanca, um encontro entre a “princesa das quimeras” e o “príncipe das letras castelhanas”, interlocução que, a nosso ver, demanda investigação.

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