Invejo dos versos
a capacidade que possuem de dizer,
o fôlego com que mergulham no mar da memória,
a volúpia com que beijam os ouvidos alheios.
Invejo a liberdade que eles tem de ir e vir
como são plásticos e passiveis de mudança.
Eu, matéria bruta, mulher que se debate
entre o desânimo e a esperança,
gostaria de ser uma de suas palavras,
letra que sai de bocas imemoriais.
Eu, que não tenho passado e que
aceno para um futuro incerto como quem sabe de algo,
XXXXXXXXXXXXXXXX Xmas não sei de nada!
Sou decadente, sangro, sofro e não estou certa se
sou feita de delírios ou de carne e osso.
Tenho sede e fome de saber e de viver e
sinto o coração apertado de saudade
das imagens que meus olhos ainda não captaram.
Eu, coisa situada no tempo.
Os poemas, esses sim, são felizes, são fortes, decididos.
Parecem bem resolvidos, não tem medo da morte.
Quando eles choram não é por falta de tinta ou porque
não exista alguém que os ouça e os sinta por dentro.
Quando eles rezam baixinho, miríades de anjos
testemunham a sua devoção.
Eu sou todas as interrogações da vocação de poeta.
As mulheres que me arrastam para o papel
são exigentes e voluntariosas, as vezes,
até são amáveis e caridosas, mas, não abrem mãos
de beber o meu sangue e me obrigam a manter a pena em riste.
Alguns homens também me possuem na escrita e na leitura,
eles me paralisam, me fazem declarar coisas,
contar segredos, mentir. Eu me torno uma atriz involuntária.
Vou seguindo, assim, de letra em letra em busca
da forma perfeita e da métrica que, por azar ou por sorte,
me revelarão ao motivo desse oco, desse vazio.
Então conhecerei a fonte do meu mal
do desejo incontido de partilhar múltiplas existências
e de traduzir o indizivel.
2 comentários:
Oi Renata tudo bem? Passei para conhecer seu blog. Adoreiiiii! Beijos e Feliz Ano Novo! Espero uma visita sua no meu Diário Virtual.
Lindo seu blog, Renata!
Intenso e poético...
Agradecendo e retribuindo a sua visitinha ao meu espaço...
Um beijo e ótima semana!!!
Postar um comentário