07/02/2012

Dionísio

XXXXXXXXXX À memória de Rubén Darío
Na selva sagrada
os instintos afloram.
Cada planta, cada bicho, o ar,
tudo é vivo, tudo fala.
Do verde brotam
movimentos sinuosos,
sussurros, risos...
É a ninfa que do deus imponente
bebe o vinho.
Ela se torna a própria taça
transbordante de desejos.
Dionísio, em desalinho, a enreda
arrastando-a, furtivo, por entre a relva,
para que desabroche, caprichosa e perfumada.
Ela cede aos seus apelos e se deixa possuir.
Seu corpo agora é fluidez entre mãos ásperas.
É gazela. Impiedosa,
a sua lança a transpassa.
Fustigada, ela quer mais...
Agora os dentes do deus a carne se adentram
marcam-na signos criados
por seus chifres reluzentes.
A ninfa ascende entre agonias,
a selva orquestra gemidos de prazer.
Em êxtase, comungam contentes.
Ela reverencia o deus pagão
senhor dos seres desse reino.
Depois, descansa recordando o idílio,
até que a noite a cubra
com seu manto de prata.

Olá amigos, a leitura dos poemas de Rubén Darío fez brotar este poeminha, publiquei-o no livro Arcano Dezenove. A poética dariana é de um erotismo transbordante e acredito que o deus Dioníso encarna esse aspecto com louvor.

2 comentários:

Blogs WM disse...

Gostei do teu blog!

Sugestão: http://professorubiratandambrosio.blogspot.com/

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Renata Bomfim disse...

Obrigada Webston, volte outras vezes para conferir as novidades. Obrigada pelo sugestão de blog, vou lá visitar!
abraços fraternos
renata