15/03/2012

Raúl Xavier Garcia, el poeta carpintero

Conheci o poeta Raúl Xavier Garcia no Festival Internacional de Poesia de Granada. Fomos apresentados pelo amigo, também poeta, Victor Echevarria. Aos poucos eu fui compreendendo que estava diante de um dos mais queridos e reconhecidos poetas de Granada. Raúl está com 80 anos e sua história na poesia é singular.
Foi o poeta Pablo Antônio Cuadra quem deu a Raúl o epiteto  "poeta carpinteiro", e ele é carinhosamente chamado assim por amigos e fãs de sua poesia. O poeta herdou de seu pai essa profissão, e a exerceu por muitos anos, mas, aos 50 anos se apaixonou pela poesia e, desde então, passou entalhar e dar formas aos belos versos.
Em uma entrevista para o periódico El nuevo diario de Nicarágua, o poeta declarou:  "Estudié hasta Primaria, pero como soy autodidacta me fui perfeccionando, y el estar “codeándome” con grandes de la literatura me dio la oportunidad de conocer a Pablo Antonio Cuadra, PAC, quien me recomendó prepararme para mejorar mi técnica, y como él era rector de la UCA en los años 60, me dio la oportunidad de estudiar ahí. Estuve cuatro años de oyente en clases de literatura”.
Raúl possui três livros de poesia publicados: Poemario, de 1962; La Noche en Llamas, de 2010; e El Cielo Puede Esperar, lançado no VIII Festival Internacional de Poesia de Granada. Segundo Raúl os poemas da sua obra mais recente, além de inéditos, "tienen como tema común la muerte, el abandono, las diferencias de las clases sociales, además de estar llenos de madurez por los años que tengo de vida". A obra de Raúl já foi traduzidos para o inglês, o italiano e o russo e ele participou de variadas antologias. O poeta fez parte do grupo "Los Bandoleros", que surgiu em Granada na décadas de 60.
A obra El cielo puede esperar está dividido em dois cantos, o primeiro "Canciones existenciales/íntimas", com 31 poemas, e o segundo, "Canciones diversas", com 14 poemas. Para Fernando López Gutiérraz essa revela um  "grande desejo de transcendência", por parte do eu poético que, intimista, transita entre "a esperança, a luz, os sonhos, o riso, as cores, a paixão, elementos decisivos para se cantar, também, a morte". El cielo puede esperar é o titulo do poema de abertura do livro, uma ode ao instante. Neste poema  o ser peregrina  e cumpre Un largo viaje hacia la noche, animado pelo desejo irrestrito de "seguir vivendo" e participando do teatro da vida, onde "Tú e yo, somos los que actuamos".
Em uma palestra na Universidade de Cartago, Costa Rica, o poeta carpinteiro declarou desejar que "un día desaparezcan nuestras diferencias, las cortinas, los muros, para que nos unamos todos un día y que nos amemos dos pueblos que tenemos la misma idiosincrasia". Foi com este espírito de fraternidade e de carinho que o amigo Raúl Xavier Garcia me dedicou o seu livro:  "para Renata Bomfim, do Brasil, a quem amo como só é capaz um coração humano".
Raúl me presenteando com o livro El cielo puede esperar
Ema recordação do amigo poeta
Deixo aqui registrado a minha adimiração por este poeta e pelo seu percurso literário, e o agradecimento por ter me acolhido com carinho e atenção durante a minha estada na Nicarágua.  Transcrevo um poema da obra El cielo puede esperar:

Por el amor subimos

Si mi hubieses dicho antes
que amas los furiosos rugidos
de un vulcán,
las espigas doradas del arroz
creciendo
o las fugitivas aguas que rompen
llanuras para luego llamarse Rio Coco
más que a mim. No es extraño
Solo este país que subió del fondo
del mar como venus
a cantar
y luego destroza con sus alas el sonido
de los relámpagos que hieren
para que por el amor subamos.

Um comentário:

renata Bomfim disse...

amigos, é com tristeza que informo sobre a morte de Raúl, o poeta carpintero. Essa noticia me deixou muito triste, a Nicarágua perdeu um grande poeta!
RB