10/08/2014

Sistema poético-filosófico 2: a forma é a utopia do vazio (Renata Bomfim)

A plenitude é o vazio,
condição de oco capaz
de gerar impensáveis.
O vazio é uma estrela
solitária e vibrante
sugada para o nada:
plenitude do vazio.
A forma é a utopia
do vazio, oco desejado,
delírio da plenitude.
As metamorfoses acontecem
dentro do caroço do feijão,
dentro da semente mais miúda,
dentro do meu coração.
As metamorfoses não dependem
do desejo da mente.
Nada a aprender,
nada a ensinar,
apenas o vazio, a imensidão,
o sem fim.
Nada a temer, nada de segredos
e nem de mentiras,
apenas o oco imemorial.
Nada a esquecer ou a lembrar,
nada de desculpas e nem de saudades.
Todo o caminho se desfez,
a matéria se confortou de vez
no seio de uma matriz sem nome.
O tempo foi desinventado:
Tudo é o que é.

*RB


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