26/06/2015

Desenhar gato (poema de Renata Bomfim)


Dedico esse poema a Leila Mícolis, poeta e gatófila

Desenhar gato.

É preciso estar chovendo,
É preciso o frio, 
Muito vento, 
ouvir o miado quase imperceptível.

Depois, levantar do sofá 
(quentinho)
chegar a preguiça pra lá,
Descer as escadas com alimento,
procurar, procura...

Encontrar o bichano 
(pequenino, molhado, assustado).
Para garantir o desenho 
é preciso abrigá-lo. 

O felino deve descansar,
faz parte do exercício artístico 
conquistar a sua confiança.
Desenhar gato não é 
do dia para a noite!

O humano precisa  se habilitar
nas artes visuais, olfativas, 
no t(r)ato leve e, nas palavras.
Sim! é preciso aprender 
a língua dos gatos.

Um dia, sentado em frente a mesa 
com lápis pasteis, de cor, tintas,
o desenho virá até você oferecido,
Vivo, pulsante, feliz: 
arabescos livres, traços libertos, 
tratado de delicadeza e amor. 

O felino apoiará a cabeça 
na sua mão, o desenho, então, 
se completará no intervalo 
entre o olhar do modelo 
e de sua amiga fiel.

RB





Nenhum comentário: