“Não, não e não!”
(Florbela Espanca, 17-11-1930)
A mitologia grega registra variados casos nos quais o ser humano cometeu excessos, exagerou, violando o limite que lhe foi imposto pelos deuses, o metron. Esse pecado, sempre punido exemplarmente pelos deuses ou pelo destino, denomina-se hybris. O destino, representado pela Parcas (Clóto, Laquésis e Átropos) designava o quinhão a que cada homem teria direito, o seu lote de felicidade e/ou de desgraça, de vida e de morte. Entretanto, o orgulho, a arrogância, a paixão desmedida, davam origem a nêmesis, ciúme divino, e sobre o herói recaía a cegueira da razão.
Acteon incorreu na hybris
quando observou, escondido, a deusa Diana banhara-se nua sob o luar. A deusa transformou
o ousado caçador num corvo e fez com que ele fosse devorado pelos próprios
cães. Aracne, exímia tecelã, desafiou Atena para uma competição acreditando que
teceria mais rápido e com maior destreza que a deusa. Vencida, a ninfa foi
transformada em aranha e condenada a tecer pelo resto de sua existência. Entre os
inúmeros casos de hybris na mitologia destaca-se o de uma jovem que se
orgulhava imensamente de sua beleza, seu nome era Medusa. Esta julgou-se mais
bela que a deusa Atena e foi severamente castigada, a deusa transformou-a num
ser horripilante: fez com que seu maior orgulho, seus cabelos, se transformassem
em serpentes, e com que o seu olhar petrificasse aquele que ousasse fitá-la.
Na mitologia judaico-cristã Deus fez
o homem “do pó da terra, e soprou em suas narinas o fôlego da vida; e o homem
foi feito alma vivente”[1].
Entretanto, este ser feito de humo[2]
(humano), nunca aceitou que a sua existência, por mais breve e efêmera, se
resumisse a “pó, cinza e nada”[3],
ele ansiou a eternidade, sentiu fome e
sede de infinito: o homem quis ser igual a Deus.
Orgulho,
arrebatamento e desejo de eternidade fazem de Charneca em Flor um caso
de hybris poética. A ousadia de Florbela Espanca, assim como a da jovem
Medusa, foi punida severamente. A poetisa, pelo seu canto insurreto e prenhe de
estados nascentes, foi submetida a um processo disciplinar. As suas cartas nos
dão conta do quanto a poeta sofreu com a calúnias e as maledicências durante a
sua vida e como, depois de morta, teve o seu nome difamado e sua obra sofreu “estapafúrdias, desencontradas e insidiosas
apropriações ideológicas”, como destacou a crítica Maria Lúcia Dal Farra[4].
O livro Charneca em flor (1919)
reúne a quintessência da produção poética de Florbela Espanca. Vale destacar
como, desde a nascente desta obra, e os primeiros passos para a sua materialização,
Florbela Espanca dedicou-lhe especial atenção, basta observarmos a minúcia com
que a poeta pensou em cada detalhe: “a capa”, “o nome depois do título”, a
revisão em “absolutamente todas as folhas”, o cuidado de mandar datilografar o
manuscrito para guardar o original, com receio de que este se perdesse no
correio, e a pressa dos amantes que, “não espera nem mais um dia[5]”,
para que o livro fosse publicado. É sabido que Florbela não viu o livro
publicado, Charneca em Flor foi a sua primeira obra póstuma.
Em
Charneca em Flor variadas imagens arquetípicas femininas nos
arrebatam, dominam, e nos fazem ascender o “mais alto, sim, mais alto, mais
além, do sonho, onde mora a dor da vida”[6],
por meio delas tocamos, epifanicamente, o sublime. De acordo com Alfredo Bosi (2000) a imagem antecede a
palavra e se enraíza no corpo. Amadas ou temidas, elas iemergem nos sonhos e se perpetuam, como ídolo ou como tabu,
nos rondando e enredando, pois, está imbuída de algo que lhe transcende: Os
símbolos. É no mito que os símbolos emergem desvelando os registros dramáticos
das experiências vividas pelo eu lírico, seus encontros e desencontros. Este teatro
é encenado como por meio dos ritos. Para Luís Alberto Ayala Blanco[7]
o mito cumpre outra função, ele é uma porta pela qual o ser humano passa
buscando elevar-se da miséria de ser um resíduo, ou seja, de ser pequenas
migalhas que refletem o devastador resplendor do princípio, como observamos
expresso neste fragmento do soneto intitulado Mendiga[8]:
[...]
No silêncio das noites estreladas
Caminho, sem saber para onde vou!
Caminho, sem saber para onde vou!
Tinha o manto do sol... quem mo
roubou?!
Quem pisou minhas rosas desfolhadas?!
Quem foi que sobre as ondas revoltadas
A minha taça de oiro espedaçou?!
Quem pisou minhas rosas desfolhadas?!
Quem foi que sobre as ondas revoltadas
A minha taça de oiro espedaçou?!
Agora vou andando e mendigando,
Sem que um olhar dos mundos infinitos
Veja passar o verme, rastejando...
Sem que um olhar dos mundos infinitos
Veja passar o verme, rastejando...
Charneca em flor expressa de maneira singular
essa busca pela origem, na qual o eu “Judeu Errante”[9],
não se fixa e nem é absoluto, mas, fragmentário,
plural, precário, ou seja, detentor de uma humanidade profunda. Florbela
Espanca escolheu para si o mundo da multiplicidade e sua poética joga com as
formas do mundo: “Visões de mundos novos, de infinitos,/ Cadências de soluços e
de gritos,/ Fogueira a esbrasear que me consome!”[10].
Os mundos criados por Florbela são híbridos, incorporam a completude e a
incompletude, a fragmentação e a continuidade, o orgânico e inorgânico, e esta característica
confere a sua poesia, especialmente as contidas no livro Charneca em Flor,
uma sedução própria da alteridade.
No poema O meu mal [11]
observamos o eu lírico examinando a origem da “ânsia estranha” que sente, e da
“saudade louca” que faz de si um buscador. Tal reflexão leva-o a desafiar titãs
da tradição: dogmas, preconceitos e tabus que comandam o sistema patriarcal e
falocrata, depreciador da mulher e dos valores femininos e terrenos. Num ato
desafiador o eu lírico florbeliano despe a “mortalha”, num compromisso radical
com a vida, e faz de si a própria charneca alentejana em floração, como
observamos no poema de abertura do livro, seu homônimo:
[...]
Anseio! Asas
abertas! O que trago
Em mim? Eu oiço bocas silenciosas
Murmurar-me as palavras misteriosas
Que perturbam meu ser como um afago!
Em mim? Eu oiço bocas silenciosas
Murmurar-me as palavras misteriosas
Que perturbam meu ser como um afago!
E nesta febre ansiosa que me
invade,
Dispo a minha mortalha, o meu burel,
E, já não sou, Amor, Sóror Saudade...
Dispo a minha mortalha, o meu burel,
E, já não sou, Amor, Sóror Saudade...
Olhos a arder em êxtases de amor,
Boca a saber a sol, a fruto, a mel:
Sou a charneca rude a abrir em flor!
Boca a saber a sol, a fruto, a mel:
Sou a charneca rude a abrir em flor!
(ESPANCA, 1999, p. 209)
O judaísmo, matriz do cristianismo,
é um poderoso “protesto contra a natureza”[12]
, da qual Florbela se ergue como porta-voz e representante. Esta doutrina fez com
que as divindades femininas ligadas a terra fossem consideradas abominações, e
com que os seus cultos fossem proibidos. Observemos que a palavra hebraica adam[13]
significa “terra”, o que estabelece para a humanidade um pai-terra, Adão, e não
da mãe-terra. Esta designação contrasta com as crenças que imperaram na
antiguidade. Na Grécia, antes da ascensão dos deuses masculinos, o lugar mais
sagrado do antigo mediterrâneo era o oráculo de Delfos, também chamado de
Pítias ou Pitonisa, nome que deriva de Píton, gigantesca serpente que
foi morta pelo deus masculino, Apolo. Esse rebaixamento das divindades
femininas e ascensão das masculinas, fez com que o locus criativo da
terra se transferisse para o céu, e com que a magia passasse do ventre para a
cabeça. A mulher procriadora, bem como, o conceito de uma mãe-terra, integram a
natureza ctônica combatida a milênios pelo patriarcado, e a cultura
ocidental nasceu, especificamente, deste desvio da feminilidade. É aí que a
poesia de Florbela Espanca, imbuída de um “ encanto mago”, adquire potência
política e ideológica, evocando para o feminino, e seu representante máximo, a mulher,
o lugar de direito. Florbela poetiza as múltiplas facetas do feminino, ela
encarna tanto a Grande-mãe terra (Gaia): “E a erva altiva e dura do Marão/ É o
meu corpo transformado em monte!”[14]
, quanto a Grande-mãe cósmica (Nut): “Eu sou a manhã: apago estrelas!”[15].
Natália Correia[16]
no prefácio do Diário de último ano (1982) definiu Florbela como modelo
de “sacerdotisa do feminino”, atributo venatório que iluminaria o seu ser mitológico,
fazendo dela curadora e portadora de encantamentos: “Eu trago-te nas mãos o
esquecimento/ Das horas más que tens vivido, Amor!/ E para as tuas chagas o
unguento/ Com que sarei a minha própria dor”[17].
Observamos que na poética florbeliana as divindades femininas reprimidas retornam
para participar da vida, deixam de ser ídolos fechados sobre si mesmos. A
operação mítica, que transcende os espaços históricos e geográfico, possibilita
as múltiplas metamorfoses do eu poético que, por meio da experimentação, pode
torna-se “a charneca rude a abrir em flor”, “princesa entre plebeus”, “Aquela que
tens saudade,/ A Princesa do conto: “era uma vez...”, “menina”, “Infanta do
Oriente”, “Essa que nas ruas esmolou/ [...] a que habitou Paços Reais;/[...]
Sereia que nasceu de navegantes.../ Essas que fui,/ As que me lembro ter sido
... dantes!” e, muitas outras, marcadas pelo desejo de “amar, amar
perdidamente”[18].A
celebração dos valores terrenos são expressos por meio do desejo do eu poético de
adentrar o espaço sagrado da natureza, visto que os sentidos deste estão
“postos, absortos / Nas coisas luminosas desse mundo”, o que faz com que se
sinta “asa no ar, erva no chão” [19].
No poema Podre de Cristo[20]
observamos o reconhecimento da terra como o lugar gerador de sustento e abrigo:
“Minha terra que nunca viste o mar,/ Onde tenho o meu pão e a minha casa”; “Minha
terra onde meu irmão nasceu,/ Aonde a mãe que eu tive e que morreu/ Foi moça e
loira, amou e foi amada!”. Ao fim do soneto o eu poético pede a terra que lhe
alivie do cansaço da errância: “Sou um pobre de longe, é quase noite,/ Terra,
quero dormir, dá-me pousada”. A terra guarda mistérios que não podem ser explicados
pelo eu, apenas vividos, a “alma da charneca sacrossanta”, que é “Irmã da alma
rútila” do eu lírico, encontra expressão. A chuva diz “coisas que ninguém
entende”, dela, “Uma alada canção palpita e ascende,/ Frases que a nossa boca
não apreende”, ao passar pelo rosto desperta “o lúgubre arrepio/ Das sensações
estranhas, dolorosas...”. \o eu poético vivencia a tudo isso reconhecendo-se
parte do mistério da vida guardada na morte: “Talvez um dia entenda o teu
mistério...,/ Quando, inerte, na paz do cemitério,/ O meu corpo matar a fome às
rosas!”[21]
A poética florbeliana encontra
integralidade em Charneca em
Flor. Após o eu lírico ter sido exposto as agruras do
interdito, e forjado o seu canto tendo como parceira privilegiada a Dor, como
destaca Dal Farra[22]
: o eu reivindica para si o “cio feminino, com todo o
seu cotejo de vibrações”, e a poética florbeliana adquirisse a “tonalidade
emblemática da paixão”. Paixão é phatos, é o triunfo da emoção sobre a
razão. Nos campos de Eros a afirmação lógica da razão não possui supremacia e
os valores do corpo emergem plenos. A poetisa busca apoio coral na voz do poeta
nicaragüense Rubén Darío para criar um canto de amor transpessoal. Ela dialoga com o poema Amo, amas,
da obra Cantos de vida y de esperanza, que diz: “Amar,
amar; amar; amar siempre y con todo/ El ser y con la tierra y con el cielo,/ Com
lo claro del sol y lo obscuro del lodo”[23].
Desse diálogo
nasce um dos mais belos e conhecidos poemas da literatura de língua portuguesa,
Amar:
Eu quero amar, amar perdidamente!
Amar só por amar: Aqui... além...
Mais Este e Aquele, o Outro e toda a gente...
Amar! Amar! E não amar ninguém!
Amar só por amar: Aqui... além...
Mais Este e Aquele, o Outro e toda a gente...
Amar! Amar! E não amar ninguém!
Recordar? Esquecer? Indiferente!...
Prender ou desprender? É mal? É bem?
Quem disser que se pode amar alguém
Durante a vida inteira é porque mente!
Prender ou desprender? É mal? É bem?
Quem disser que se pode amar alguém
Durante a vida inteira é porque mente!
Há uma Primavera em cada vida:
É preciso cantá-la assim florida,
Pois se Deus nos deu voz, foi pra cantar!
É preciso cantá-la assim florida,
Pois se Deus nos deu voz, foi pra cantar!
E se um dia hei de ser pó, cinza e
nada
Que seja a minha noite uma alvorada,
Que me saiba perder... pra me encontrar...
Que seja a minha noite uma alvorada,
Que me saiba perder... pra me encontrar...
(ESPANCA, 1999, p. 232).
A busca pela transcendência cumpre
um percurso poético singular em Charneca em flor, ela possibilita ao eu poético
a vivência dos mistérios da terra e do céu, bem como, faz do leitor coparticipe
da obra, um iniciado nos mistérios do amor e da paixão. A horrível e fascinante
Medusa foi objeto de amor dos românticos e dos decadentes por todo o século XIX,
por sua beleza triste. Atena, deusa encouraçada que não conheceu os mistérios da
carne, pois, além de virgem, nasceu da cabeça de seu pai, Zeus, não suportou a
humanidade da jovem orgulhosa; o próprio Perseu, assassino da Górgona, fascinado,
não conseguiu deixá-la para trás e levou consigo a cabeça serpentina. Medusa
representa a incansável fertilidade da natureza e, assim
como esta, Florbela incitou os deuses ao ansiar ser “a moça mais linda do povoado/
[...] Cheirando a alfazema e a tomilho.../; ser “A Intangível! Turris Ebúrnea
erguida nos espaços,/ A rutilante luz dum impossível!”, especialmente por
ansiar acolher “O mal da vida” dentro dos seus “divinos braços de Mulher!”. Florbela
Espanca revela-nos, em Charneca em flor, a sua assombrosa e fascinante face
serpentina, a sua feminilidade. Ela é a “pantera bárbara” fadada à morte. Segundo
George Bataille[24]
“o erotismo é a aprovação da vida na própria morte”. A morte consagra o aspecto
sacrifical da obra de Florbela, com seus ritos de expiação e de redenção. Mistério
maior, experiência da qual nenhum ser humano escapa, a morte desafia a
racionalidade e conferem ao eu, vitima voluntária, um tremendo poder de atraçao:
“No divino impudor da mocidade,/ Nesse êxtase pagão que vence a sorte,/ Num
frêmito vibrante de ansiedade,/Dou-te o meu corpo prometido à morte!”[25].
A morte, segundo a Bíblia, entrou no mundo pelo pecado, ação humana expiada
apenas por meio do sacrifico crístico. Deste modo a morte torna-se condição sine
qual non para que a vida, eterna e abundante, seja alcançada.
O sacrifício é um rito pelo qual o
eu lírico deve passar para transcender a sua condição residual, redimir-se dos
pecados, e se reconciliar com o mundo. Toda vítima sacrificial precisa
destacar-se da maioria, ser especial: “ninguém/ Tem asas como eu tenho! Porque
Deus me fez nascer Princesa entre Plebeus”[26];
“Quis Deus dar-me o condão de ser sensível/ Como o diamante à luz que o
alumia,/ Dar-me uma alma fantástica, impossível”[27].
O sacrifício é uma oferta que sacraliza o ser sacrificado:
[...]
Crucificada em mim, sobre os
meus braços,
Hei de poisar a boca nos teus passos
Pra não serem pisados por ninguém.
Hei de poisar a boca nos teus passos
Pra não serem pisados por ninguém.
E depois... Ah! depois de dores
tamanhas,
Nascerás outra vez de outras entranhas,
Nascerás outra vez de uma outra Mãe!
Nascerás outra vez de outras entranhas,
Nascerás outra vez de uma outra Mãe!
(ESPANCA, 1999, p. 235).
No soneto Minha culpa o eu lírico
se assume enquanto pecador. Este é um poema que denuncia a impossibilidade do
ser encontrar realização numa sociedade patriarcal, que não seja pelas vias da dor,
do sofrimento, da expiação e do sacrifício, e isto, em si, é uma tragédia: “Sou
um verme que um dia quis ser astro.../ Uma estátua truncada de alabastro... /Uma
chaga sangrenta do Senhor... //Sei lá quem sou?! Sei lá! /Cumprindo os fados, /
Num mundo de maldades e pecados,/ Sou mais um mal, sou mais um pecador...”[28].
A vinculação da poética de Florbela
Espanca com a tragédia parece nos apontar, como afirmou Raymond Willians[29], que “o sofrimento é uma
parte vital e energizante da ordem natural”, e que no centro desta ação ritual,
afinal, está o herói trágico, cujo conflito interno é toda ação trágica, e cuja
crise e destruição podem ser vistas como o dilaceramento e o sacrifício pela
vida. O mito, desta forma, se atualiza e alcança um sentido moderno, e a figura
ritual se transforma na figura do herói moderno: aquele herói que na tragédia
liberal é também vítima; que é destruído pela sociedade na qual vive, mas que é
capaz de salvá-la. O sacrifício possui um significado emocional como elemento
central da fé cristã, e esta história divina, maior que qualquer história
humana, é reeditada pela poética florbeliana: “Com misericórdia, amar quem nos
não ama,/ E deixar que nos preguem numa cruz!”[30].
O eu lírico sabe que morte e vida
são processos dinâmicos: “São mortos os que nunca acreditaram/ Que esta vida é
somente uma passagem,/ Um atalho sombrio, uma paisagem/ Onde os nossos sentidos
se poisaram”[31].
Elementos mítico e arquetípicos como o rito do sacrifício, que levou o sujeito
poético a (re)significar a morte e emergir desta experiência transformado, tornam
Charneca em flor um canto de alegria e de renascimento: “Sob as urzes
queimadas nascem rosas...,/ Nos meus olhos as lágrimas apago...”[32]; “se Deus nos deu voz,
foi pra cantar!/ E se um dia hei de ser pó, cinza e nada / Que seja a minha
noite uma alvorada,/ Que me saiba perder... pra me encontrar...”[33]. Cumprida esta etapa o eu
adquire um atributo divino, característico do deus Hermes, inventor da lira: a
capacidade de transitar entre mundos orientando e guiando as almas. Observamos
esta ação se realizar no poema A um moribundo[34]:
Não tenhas medo, não!
Tranquilamente,
Como adormece a noite pelo Outono,
Fecha os teus olhos, simples, docemente,
Como, à tarde, uma pomba que tem sono...
Como adormece a noite pelo Outono,
Fecha os teus olhos, simples, docemente,
Como, à tarde, uma pomba que tem sono...
A cabeça reclina levemente
E os braços deixa-os ir ao abandono,
Como tombam, arfando, ao sol poente,
As asas de uma pomba que tem sono...
E os braços deixa-os ir ao abandono,
Como tombam, arfando, ao sol poente,
As asas de uma pomba que tem sono...
O que há depois? Depois?... O azul
dos céus?
Um outro mundo? O eterno nada? Deus?
Um abismo? Um castigo? Uma guarida?
Um outro mundo? O eterno nada? Deus?
Um abismo? Um castigo? Uma guarida?
Que importa? Que te importa, ó
moribundo?
- Seja o que for, será melhor que o mundo!
Tudo será melhor do que esta vida!...
- Seja o que for, será melhor que o mundo!
Tudo será melhor do que esta vida!...
A morte é uma experiência de continuidade,
como afirmou Bataille na obra A
literatura e o mal (1989), “ela é a verdade do amor”[35].
A volúpia mergulha no mal, ela ignora o trabalho, dela advém as febres
sensuais. Observamos que a obra é circular, nela, ouroboricamente, erotismo e morte se
retroalimentam tornando a poética florbeliana numinosa, capaz de devolver a
paixão (o pathos) aos apáticos. É sob a égide de Medusa e não de Atena,
deusa da razão exacerbada, que o mundo reencontra o encanto, essa lição está
presente em Charneca em
flor. A cabeça de Atena não tem os mesmos poderes que a da
Górgona. A cabeça de Medusa foi dada de presente a Atena por Perseu e a deusa
fez desta um escudo com o qual se defendia dos maus espíritos. Uma gota do
sangue da cabeça de Medusa fez nascer o cavalo alado Pégaso que, com uma patada
fez jorrar do monte Hélicon a fonte que saciava a sede das musas. O maldito
guarda o seu contrário, assim como o peso, a leveza, como defendeu Ítalo
Calvino[36].
O sangue da vítima sacrificial possui poderes, observamos que essa dinâmica
arquetípica foi apropriada pela tradição judaico-cristã, na qual o sangue do
cordeiro, representado pelo cristo, guarda e redime do mal o seu povo.
Maria Lúcia Dal Farra destacou que
os primeiros vestígios de erotismo na poesia de Florbela Espanca revelaram-se
sob os signos do comedimento, do retiro, do silêncio, ou seja, “no lugar do
sinal de mais, o de menos”[37],
Mas, este avesso do transbordamento foi apenas um verniz, ele encobriu uma
potência expressiva que culminou numa explosão de erotismo que escandalizou a
sociedade a qual a poetisa pertenceu. Charneca em flor destaca os
valores a e sabedoria do corpo, observemos o poema Realidade[38]:
Em ti o meu olhar fez-se
alvorada,
E a minha voz fez-se gorjeio de ninho,
E a minha rubra boca apaixonada
Teve a frescura pálida do linho.
E a minha voz fez-se gorjeio de ninho,
E a minha rubra boca apaixonada
Teve a frescura pálida do linho.
Embriagou-me o teu beijo como um
vinho
Fulvo de Espanha, em taça cinzelada,
E a minha cabeleira desatada
Pôs a teus pés a sombra dum caminho.
Fulvo de Espanha, em taça cinzelada,
E a minha cabeleira desatada
Pôs a teus pés a sombra dum caminho.
Minhas pálpebras são cor de
verbena,
Eu tenho os olhos garços, sou morena,
E para te encontrar foi que eu nasci...
Eu tenho os olhos garços, sou morena,
E para te encontrar foi que eu nasci...
[...]
O
erotismo que se efetua na comunhão dos corpos, segundo Bataille[39],
é sagrado. Observamos este anseio de comunhão na poética florbeliana que anseia,
loucamente, se perder para poder se encontrar no corpo do amado: “Andava a
procurar-me - pobre louca!-/ E achei o meu olhar no teu olhar,/ E a minha boca
sobre a tua boca!”[40];
“Em ti o meu olhar fez-se alvorada”[41].
A operação acontece, também, de forma inversa, e o amado é convidado a sentir o
mundo por meio do corpo amada: “Meu Amo! Meu Amante! Meu amigo!/ Colhe a hora
que passa, hora divina,/ Bebe-a dentro de mim, bebe-a comigo!”[42].
O corpo torna-se um veículo privilegiado da sedução e, cada parte deste acenará
com promessas de prazer: “Se tu viesses ver-me hoje à tardinha,/[...] E me
prendesses toda nos teus braços...// Quando me lembra: esse sabor que tinha/ A
tua boca... o eco dos teus passos.../ [...] E é como um cravo ao sol a minha boca.../
Quando
os olhos se me cerram de desejo... / E os meus braços se estendem para ti...”[43].
No poema intitulado Toledo[44]observamos
a taça como símbolo do receptáculo no qual os corpos se diluirão: “
[...]
As tuas mãos tacteiam-me a tremer...
Meu corpo de âmbar, harmonioso e moço
É como um jasmineiro em alvoroço
Ébrio de sol, de aroma, de prazer!
Meu corpo de âmbar, harmonioso e moço
É como um jasmineiro em alvoroço
Ébrio de sol, de aroma, de prazer!
[...]
Flameja ao longe o esmalte azul do
Tejo...
Uma torre ergue ao céu um grito agudo...
Tua boca desfolha-me num beijo...
Uma torre ergue ao céu um grito agudo...
Tua boca desfolha-me num beijo...
(ESPANCA, 1999, p. 227).
Além do erotismo dos corpos,
encontramos em Charneca em flor o erotismo sagrado. No poema Ambiciosa,
o eu lírico declara: “O amor dum homem? - Terra tão pisada!/ Gota de chuva ao
vento baloiçada.../ Um homem? - Quando eu sonho o amor dum deus!...”[45].
Essa ambição explícita leva o eu lírico a sonhar com um amor que está para além
da esfera humana, eis mais uma hybris cometida pelo eu poético
florbeliano. O amado torna-se então a “ambrosia”[46]
de uma “paixão estranha ardente,
incrível”, mas, para tal desmedida existe
uma pena, a impossibilidade da realização amorosa: “Quis Deus fazer-me tua...
para nada!/− Vãos os meus braços de crucificada,/ Inúteis os beijos que dei!”[47].
Charneca em flor propõe um
diálogo entre dicotomias: o sagrado e o profano, a febre sensual e a inspiração
virginal, os mundos interior e exterior e a natureza intra e extra-psíquica. Nessa
obra a poeta recria a tragédia do embate entre o apolíneo, que é comedimento,
ordem e lei: “Tenho pena de mim... pena de ti.../ De não beijar o riso de uma
estrela.../ Pena dessa má hora em que nasci.../ De não ter asas para ir ver o
céu...”[48];
e o dionísico, que é ritmo, musica, dança, orgia, embriaguez, gulodice, orgia:
“E do meu corpo os leves arabescos/ Vão-te envolvendo em círculos dantescos/
Felinamente, em voluptuosas danças...”[49];
“Mas eu sou a manhã: apago estrelas!”[50].
Para além do eterno embate entre as dicotomias que dão forma ao mundo
ocidental, Florbela propõe o diálogo entre varridas subjetividades, como
observamos num fragmento do poema A voz da Tília: “E, ao ver-me triste,
a tília murmurou:/ "Já fui um dia poeta como tu.../ Ainda hás de ser tília
como eu sou..."[51].
Ana de Castro Osório relatou que Florbela Espanca não abriu para si “nenhum
horizonte profissional” a não ser o de “literata”, e este atributo era “o mais
desagradável que podia ser dito de uma senhora, que era vista com um livro na
mão”[52].
Na sociedade a qual Florbela pertenceu, de todos os lugares conferidos pelo
masculino à mulher, seja o de mãe, o de esposa, o de amante, ou o de musa,
existiu um que só foi possível por meio da apropriação: o de escritora. Ser
poeta para Florbela sempre foi uma profissão de fé e não um mero diletantismo. Adentrar
o campo literário, especialmente o da poesia, predominantemente masculino, foi
uma hybris que rendeu a poetisa pena máxima: a “morte depois da morte”, ou
seja, o silêncio, como afirmou Antônio Ferro[53].
Este sacrifício voluntário remete ao fazer sagrado do sacro ofício. O
termo tabu, originário dos polinésios primitivos, também significa
“fazer sagrado”, em latim sacrum facere. Desta maneira, tabu e
sacrifício são mecanismos que arrancam do senso comum tudo aquilo que tocam, reinserindo
tais conteúdos no campo do sagrado, operação que se realiza na poesia de
Florbela. Embora seja um caminho marcado pela falta, pela pobreza e pela
ansiedade, a poeta o percorre com alegria, cantando e compartilhando, num ato
de solidariedade:
Ser Poeta é ser mais
alto, é ser maior
Do que os homens! Morder como quem beija!
É ser mendigo e dar como quem seja
Rei do Reino de Aquém e de Além Dor!
Do que os homens! Morder como quem beija!
É ser mendigo e dar como quem seja
Rei do Reino de Aquém e de Além Dor!
É ter de mil desejos o esplendor
E não saber sequer que se deseja!
É ter cá dentro um astro que flameja,
É ter garras e asas de condor!
E não saber sequer que se deseja!
É ter cá dentro um astro que flameja,
É ter garras e asas de condor!
É ter fome, é ter sede de Infinito!
Por elmo, as manhãs de oiro e de cetim...
É condensar o mundo num só grito!
Por elmo, as manhãs de oiro e de cetim...
É condensar o mundo num só grito!
E é amar-te, assim, perdidamente...
É seres alma e sangue e vidaem
mim
E dizê-lo cantando a toda gente!
É seres alma e sangue e vida
E
(ESPANCA, 1999, p. 229).
A hybris florbeliana que fez a
obra Charneca em Flor ser censurada pela igreja e pelo Governo salazarista
na época de sua publicação, bem como, fez de Florbela Espanca bandeira do
movimento feminista português, revela o seu teor revolucionário e transgressor.
Se Florbela Espanca não rompeu com os grilhões seculares que relegaram a mulher
ao silêncio e a clausura, certamente, ela os afrouxou para as suas
contemporâneas. A poetisa ousou questionar a hegemonia de um sistema social rijo
e autoritário, bem como, dogmas e interditos que embotam a criatividade que
alimenta a vida. A sociedade contemporânea também peca, e a sua hybris consiste
em crer de forma exagerada na supremacia da razão. Observamos uma monetização
dos valores e do significado existencial da vida, que impossibilita a
contemplação da natureza (interior e exterior), basta reconhecermos a crise
ecológica, identitária e de valores que vivenciamos. O eu poético florbeliano
em Charneca em flor, se oferece voluntariamente em sacrifico, ele é um pharmakós
capaz de nos reintroduzir no caminho da cura, alertando-nos para a urgência
do reconhecimento e integração do mal que nos habita, só assim as rosas poderão
brotar e florescer. Florbela erige um altar para Eros e outro para Tânatos
e por meio do soneto A uma rapariga[54] aconselha:
Abre os olhos e encara a vida! A sina
Tem que cumprir-se! Alarga os horizontes!
[...]
Tem que cumprir-se! Alarga os horizontes!
[...]
Nessa estrada da vida que fascina
Caminha sempre em frente, além dos montes!
Morde os frutos a rir! Bebe nas fontes!
Beija aqueles que a sorte te destina!
Caminha sempre em frente, além dos montes!
Morde os frutos a rir! Bebe nas fontes!
Beija aqueles que a sorte te destina!
Trata por tu a mais longínqua
estrela,
Escava com as mãos a própria cova
E depois, a sorrir, deita-te nela!
Escava com as mãos a própria cova
E depois, a sorrir, deita-te nela!
Que as mãos da terra façam, com amor,
Da graça do teu corpo, esguia e nova,
Surgir à luz a haste duma flor!...
Da graça do teu corpo, esguia e nova,
Surgir à luz a haste duma flor!...
prof.ª Dr.ª Renata Bomfim
UFES- CNPq- FAPES
Referências
bibliográficas:
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[1] BÍBLIA SAGRADA. Tradução de
João Ferreira de Almeida. Niterói, RJ: Liga Bíblica Brasileira, 1995, p. 2,
capítulo 2, versículo 7.
[2] O termo “humo” significa terra
constituída a partir da
decomposição de animais e plantas e consta no Novo Dicionário Eletrônico
Aurélio versão 7.0.
[3] ESPANCA, 1999, 232.
[4] DAL FARRA,
Maria Lúcia, Florbela Espanca: Trocando olhares. Estudo
introdutório e estabelecimento do texto e notas de Maria Lúcia Dal Farra.
Lisboa: Imprensa Nacional – Casa da Moeda, 1994, p. 12.
[5] DAL FARRA, Maria Lúcia. Afinado Desconcerto: (contos,
cartas e diário). Estudo introdutório, apresentações, organização e notas de
Maria Lúcia Dal Farra. São Paulo: Iluminuras, 2002, p. 296.
[6] ESPANCA,
1999, p. 240.
[7] BLANCO, Luis Alberto Ayala. El silencio de los dioses.
México:
Sextopiso, 2004.
[8] ESPANCA, 1999, p. 225, grifo
nosso.
[9] ESPANCA,
1999, p. 231.
[10]
ESPANCA, 1999, p. 244.
[11] ESPANCA, 1999, p. 178.
[12] PAGLIA,
Camille. Personas sexuais: arte e decadência de Nefetite a Emily
Dickinson. São Paulo: Companhia das Letras:1992. p. 19.
[13] CAMPBELL, Joseph. Mito e
transformação. São Paulo: Àgora, 2008, p. 65.
[14]
ESPANCA, 1999, p. 250.
[15]
ESPANCA, 1999, p. 226.
[16]
CORREIA,
Natália. “Prefácio – A Diva”, in: ESPANCA, Florbela, Diário do Último
Ano, Lisboa, Bertrand, 1982, pp.9-30.
[17]
ESPANCA, 1999, p. 213.
[18] ESPANCA, 1999, p. 232.
[19] ESPANCA, 1999, p. 250.
[20] ESPANCA, 1999, p. 251.
[21] ESPANCA, 1999, p. 219.
[22] DAL FARRA, Maria Lúcia. Afinado Desconcerto: (contos,
cartas e diário). Estudo introdutório, apresentações, organização e notas de
Maria Lúcia Dal Farra. São Paulo: Iluminuras, 2002. p. 20.
[23]
ESPANCA, 1999, p. 208.
[24]BATAILLE,
George. O erotismo. 3. ed. Lisboa:
Antígona, 1988. p. 11
[25]
ESPANCA, 1999, p. 238.
[26]
ESPANCA, 1999, P. 210.
[27]
ESPANCA, 1999, p. 220.
[28] ESPANCA, 1999, p. 253.
[29] WILLIAMS,
Raymond. Tragédia moderna. Tradução de Betina Bischof. São Paulo: Cosac
& Naify, 2002, p. 67.
[30] ESPANCA, 1999, p. 263.
[31] ESPANCA, 1999, p. 263.
[32]
ESPANCA, 1999, p. 209.
[33]
ESPANCA, 1999, p. 232.
[34]
ESPANCA, 1999, p. 214.
[35] BATAILLE,
George. A literatura e o mal. Porto
Alegre: L&PM, 1989, p. 12.
[36] CALVINO, Ítalo. Seis
propostas para o próximo milênio. São Paulo: Companhia das Letras, 1990.
[37] ESPANCA, 2002, p. 20.
[38] ESPANCA, 1999, p. 212.
[39] BATAILLE,
1988.
[40] ESPANCA, 1999, p. 215.
[41] ESPANCA, 1999, p. 212.
[42] ESPANCA, 1999, P. 216.
[43] ESPANCA,
1999, p. 218.
[44] ESPANCA, 1999, p. 227.
[45] ESPANCA, 1999, p. 234.
[46]
Alimento dos deuses do Olimpo, nove vezes mais doce que o mel, aos deuses este
alimento favorecia a invulnerabilidade, e aos homens a juventude eterna,
descrito no Dicionário Básico de Mitologia, 2000, p. 10.
[47]
ESPANCA, 1999, p. 220.
[48]
ESPANCA, 1999, p. 248.
[49]
ESPANCA, 1999, P. 238
[50]
ESPANCA, 1999, P. 226.
[51] ESPANCA, 1999, p. P. 242.
[52] ESPANCA, 1995, p. 16.
[53] FERRO,
António. Uma grande poetisa portuguesa. Diário de Notícias. Lisboa,
24/02/1931, p. 01. Compulsação, recolha e digitalização do texto por Maria
Lúcia Dal Farra.
[54]
ESPANCA, 1999, p. 252.
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