Maria Stela de Novaes |
A Academia Feminina Espírito-santense de Letras completa setenta anos de existência e de resistência, e hoje, honramos a memória das mulheres que nos antecederam e o oito de março celebrando a luta das mulheres que nos antecederam e afirmamos o compromisso de trabalhar em prol da igualdade de gênero e por uma sociedade sustentável e justa.
Enquanto
membros de uma instituição de mulheres, a nossa produção deve estar alinhada
com os ideais de emancipação e com valores como a liberdade e a coragem. Fazem parte da nossa Academia Feminina
expoentes de uma geração de intelectuais capixabas que sentiram na pele o
preconceito, mas que não se mantiveram alheias aos desafios do seu tempo.
Em
1934 a Carta Constitucional da República deu à mulher tanto o direito ao voto,
quanto o direito à elegibilidade. A conquista do sufrágio feminino foi uma das
reivindicações das feministas capixabas, que também exigiam para o sexo
feminino o direito à educação e ao trabalho. Os registros mostram que em 1926,
sob a organização de Silvia Meireles da Silva Santos (Patrona da cadeira nº
16), foi feito um banquete em Vitória para se celebrar a graduação da primeira
mulher em medicina, a Dr.ª Adalgisa Fonseca. Esse encontro foi importante na
articulação das mulheres.
Em
1928, Guilly Furtado Bandeira escreveu o artigo “A mulher o e voto”, que prontamente
gerou estranheza e a resposta dos intelectuais capixabas, um deles escreveu: “Deus,
certamente, em suas cogitações, nunca pensou em fazer da mulher eleitora”.
Passados
três anos, em 1931, Judith Leão Castello Ribeiro escreveu um artigo com o mesmo
título, levantando importantes questionamentos sobre os direitos civis e
políticos das mulheres. Em março de 1932, Lídia Besouchet escreveu o artigo
“feminismo”. No ano de 1933, as feministas capixabas fundaram a sua primeira
organização, a FEDERAÇÃO ESPÍRITO-SASNTENSE PELO PROGRESSO FEMININO (FESPF). Vale
destacar que, em 1922, Bertha Lutz e suas companheiras haviam criado a FEDERAÇÃO
BRASILEIRA PELO PROGRESSO FEMININO (FBPF), reivindicando sociais e políticos, o
que mostra que as capixabas estavam atentas ao fluxo do movimento feminista em
outras federações. Ainda em 1933 foi criado no Espírito Santo, também, a CCA,
CRUZADA CÍVICA DO ALISTAMENTO, da qual Silvia Meireles da Silva Santos (Patrona
da cadeira nº 16) foi a presidente, Judith Castello Leão (Patrona da Cadeira 1)
foi vice-presidente e Maria Stella de Novaes foi tesoureira.
Em
1937, o golpe do Estado Novo fez retroceder muitos dos direitos conquistados em
1934. Judith Leão Castello Ribeiro foi eleita deputada, a primeira mulher a
ocupar esse cargo político no ES.
A trajetória dessas e
de outras grandes mulheres, muitas delas ainda desconhecidas, nos mostra a
importância de que tenhamos consciência do nosso papel no âmbito da cultura,
assim como no da política, da pesquisa, etc. A realidade atual exige, de nós, posicionamento
e ações concretas!
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