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Os poemas de B869.1 k96 são frutos da safra de 2018 e foram colhidos ao longo de um ano difícil, cheio de perplexidades e reflexões. O que o leitor encontrará é uma pequena parte de uma produção ainda inédita oculta nos porões ordinários e binários do HD. Pondero e acrescento, inútil qualquer tentativa de explicar o poema ou mesmo de justificar a sua necessidade e urgência, seu lugar no mundo ou no vácuo (tudo o que existe está para ser, não há como fugir dessa premissa). O importante em nossa jornada de criaturas é experimentar, criar e estender os horizontes de qualquer cosmovisão, seja ela inspirada no que for. Estar na pele sensível e demasiadamente humana não é tarefa pouca, exige alguma fibra, ou poesia, do contrário o cenário desaba sobre os atores. Esse teatro, para alguns, possui a mesma substância espinhal, para outros, é aquela substância alquímica, extraída ao fogo pelo pranayama.
Seja como for, confio que é a poesia que nos dá sentido e força, direção e luz na longa jornada desta espessa noite que cremos obscura, mas que, na verdade, é de luz tão intensa que confunde nossos sentidos ainda lunares. (texto fornecido pela Editora Patuá)
Francis Kurkievicz é poeta libriano com ascendente em gêmeos, budista de esquerda, autoexilado em Vitória/ES, tem quase nada publicado em livro, apesar da vasta produção inédita e inaudita; mantém distância civilizada de blogs, publicações em portais e revistas eletrônicas, obviamente não por escolha. Romântico e desiludido, ainda acredita no livro de papel.
Conheça 5 poemas do livro B869.1 k96, de Francis Kurkievicz
VII
Nem toda
motivação, motiva
Nem toda justificativa,
justifica
Nem todo sentido, significa:
somos uma civilização
que necessita demais da
razão
que explica tudo e
compreende nada:
uma dose de mistério e
perplexidade
impulsiona a existência
para frente
sempre.
***
XXVII
Fantasmas incertos
levantam-se do solo
amuralhando sob o horizonte
onde o sol pondo-se
esparge luz e sombras
naquele oeste inalcançável
ocultando o infinito que
nos cabe.
***
XLVII
Distraído,
dei de cara com a esfinge
à entrada da ponte,
me rosnou ela seu enigma,
mas como não sei grego e
nem latim,
mantive o passo sobre a
ponte
ignorando o símbolo do
destino
e a fome da criatura.
***
LII
Adoro-te, Parker,
pela tua literatura escrita
com a mão esquerda.
Adoro-te, Stang,
pela coragem em dar as
costas à morte,
mas nunca à derrota.
Adoro-te, Wang,
pelas curvas sino-sibilinas
em sua beleza performática.
Adoro-te, Vaughan,
pela matemática de tua raça
já em rota de voo.
Adoro-te, Gale,
pela guirlanda que
penduraste em nossa imaginação.
***
LXVI
Fumar preocupações
beber ressentimentos
inalar ilusões
roer medos
regurgitar raivas
digerir preconceitos
defecar sofrimentos.
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