A floresta está queimando
os mananciais se esgotam
é a vida que pede socorro.
E eu vejo tudo aterrorizada,
e não faço nada, ou faço pouco.
A nave está desgovernada,
à deriva, a vida ameaçada!
E eu vejo tudo aterorizada,
e finjo, para não enlouquecer,
que não acontece nada.
A letargia é geral,
o consumismo se profissionaliza,
e a terra agoniza,
seu gemido é visceral.
Haverá alguma forma de curar
a nossa mãe primordial?
Meu canto é lamento, dor,
riso revestido de cinismo,
marca do desse nosso tempo.
E a alma definha!
A morte se avizinha enquanto
alguns esperam o arrebatamento.
Creio sim em Deus!
creio também no livre arbítrio,
que nos concedeu,
temos escolha, os animais não.
Mas se achas que terra
está em nossas mãos?
mera fantasia, megalomania, ilusão,
feneceremos primeiro!