Tive a alegria de trabalhar por um ano no Museu Ateliê Homero Massena, quando era funcionária da prefeitura Municipal de Vila Velha, e estudante de artes plásticas da UFES.
Homero Massena (1886- 1974) é um artista importante no cenário das artes capixaba, não só pela qualidade de sua obra, mas pela sua militância política que exerceu. Embora tenha nascido em Barbacena, MG, Massena adotou o Espírito Santo como sua cidade do coração, e recebeu como reconhecimento ao amor que dedicou ao nosso estado, o título de cidadão espírito santense.
O talento de Homero podem ser apreciado na pintura do teto do Teatro Carlos Gomes. Na minha opinião, uma de suas maiores obras, foi a fundação da Escola de Belas Ates do Espírito Santo, da qual foi o primeiro diretor e professor, escola que tornou-se o Centro de Artes da UFES.
Em Minas Gerais Homero foi Prefeito da cidade de Bonfim, foi também afinador de piano, relojoeiro, saltimbanco, redator político de diversos jornais, oficial de Ligação do exército constitucional da revolução de 1932, ele era formado em odontologia mas nunca exerceu a profissão, sua paixão era mesmo a pintura.
Localizado na av. Beira-Mar, 273, Prainha, Vila Velha.
Ele pintava desde os 15 anos e deixou uma obra monumental, suas mais de dez mil telas estão espalhadas pelo Brasil. As pinceladas impressionistas do artista, aparentemente, demonstram despreocupação com o primeiro plano e explodem em pinceladas que proporcionam ao expectador imagens diferentes dependendo da distância eem que contempla a obra.
Massena recebeu muitos títulos, entre eles a Medalha de ouro da Sociedade dos Artitas Nacionais, entidade da qual recebeu também os diplomas de sócio fundador e benemérito. Do Governos de Minas Gerais recebeu como prêmio uma viagem à Europa e do Governo Federal recebeu uma pensão vitalícia. Do Espírito Santo recebeu o título de Cidadão Espírito Santense.
Homero teve seus trabalhos expostos na galeria Rembrandt, em paris nos anos de 1906 a 1909 e em 1930. Um recorte de Jornal de Cachoeiro datado de 1939 escreveu: "Raras vezes tem a nossa gente oportunidade de se delitar num ambiente de arte pura como a que ora se apresenta. Nome consagrado na vida nacional, como uma de suas impressões de mais alto e honesto valor, Massena põe em seus quadros pedaços do Brasil que ele vai vendo e que sabe fazer ver como verdadeiro artista que é".
O baiano Almir Matos (1942) escreveu: "O artista surpreeende, no que o termo valha na maior força e significação tanto aos leigos quanto aos entendidos. [...] Em cada tela uma identificação perfeita impressiona como se estivéssemos integrados na própria realidade inspiradora".
Pintura feita por Massena na parede da cozinha
Mário Sete (1940) escreveu: [...] Artista de processos simples, e por isso mesmo, legitimamente belo. as suas pinceladas são limpas, são largas, são precisas. Não há predominância, não há "manias" de tons, [...] não existem distorções para reverenciar o inédito. Nem tão pouco se oferecem "chromos" para enternecer o vulgar".
Mário Sete (1940) escreveu: [...] Artista de processos simples, e por isso mesmo, legitimamente belo. as suas pinceladas são limpas, são largas, são precisas. Não há predominância, não há "manias" de tons, [...] não existem distorções para reverenciar o inédito. Nem tão pouco se oferecem "chromos" para enternecer o vulgar".
Kleber Galveias, atista plástico capixaba e ex alunode Homero, é uma das pessoas que luta para a manutenção do acervo e divulgação e obras de Massena, segundo ele a obra de Massena possui "profunda unidade, que é produto de uma sensibilidade que se mantém por mais um século, que transcende ao dualismo vertical-horizontal da tela, e ganha profundaidade no espírito do intelectual como no do mais rude observador, não é apenas um patrimônio histórico de nossa cultura: é universal, é Arte".
Massena e D. Edy, sua esposa e companheira de uma vida
Na minha memória ficarão sempre marcados os momentos em que, esperando os visitantes do Museu, eu observava o ateliê em detalhes, os óculos de Massena, seus pincéis, as camas separadas por causa da idade e da doença, onde, ele e dona Edy dormiam, separadas mas tão juntas... algumas vezes eu tinha a nítida sensação de que o espíritos de ambos habitava aquele lugar. As marcas do amor do casal estavam espalhados por toda a casa, nos afrescos das paredes, nas cartas de Massena onde co-existiam a escrita e a aquarela.
Tudo isso fazia com que o toque em cada objeto fosse reverente, respeitoso, e as vezes, eu costumava perguntava a Homero se podia entrar no seu ateliê para passar um paninho molhado nos móveis para tirar a poeira, e sinceramente, acho que o casal gostava de mim, pois, de certa forma, alí, eu me sentia em casa.
Palavras de Massena:
"Tudo o que fiz é consequência de persistente observação da natureza: caminho que conduz ao conhecimento e daí ao amor, Sem esse amor, seria impossível obter um ritmo para as pinceladas, a técnica se esvaziaria"
Visitas ao Museu Ateliê Homero Massena:
Rua Antônio Ferreira Queiroz, 281 - Prainha - ES - Brasil
Tel: (27) 329-0555 r.264
Funcionamento: segunda a sexta-feira / 8:00 às 17:00h;
sábados, domingos e feriados / 10:00 às 16:00h