12/03/2021

Eles querem a glória (Renata Bomfim)

"Viva àqueles que perderam!
E para aqueles cujas naus de guerra naufragaram no oceano!
E para aqueles que se afogaram no oceano!
E para todos os generais derrotados em suas empresas, e todos os heróis abatidos!" (Walt Whitman)

Eles querem a glória, fortuna,
reconhecimento.
Anseiam o triunfo.
Derramam sangue nas guerras,
carregam, sem culpa, os despojos.

Eles querem a glória, fortuna,
reconhecimento .
Querem sempre mais.
Querem a posse da terra e da água,
Mas rejeitam as agruras e intempéries
do tempo que passa.
Desafiam Deus
julgando serem eternos.

Benditos àqueles que caem
os que cedem,
também aqueles que deixam para lá
as mesquinharias da vida.
Benditos os que reconhecem as perdas
e não lamentam 
e agradecem 
a posse daquilo ninguém pode usurpar.
Benditos os simples e os sem patentes,
pois, ninguém jamais lhes roubará a alma.

Bendito aquele que ama,
Bendito os que alimentam os pássaros e 
regam as plantas.
Benditos os que plantam árvores.
Bendito os que conhecem a gradeza 
da contemplação da vida
que não passa para aquele que enxerga
inomináveis. 


O Estrangeiro de Albert Camus: Filosofia e linguagem (Renata Bomfim)


Renata Bomfim 

XXXXXA escrita de Albert Camus (1913- 1960) se inscreve numa época de grande conflito e sofrimento mundial, especialmente para a Europa que estava devastada pela guerra. O romance O Estrangeiro foi publicado em 1942 e tem como cenário a cidade de Argel, terra natal do escritor, lugar onde viveu durante alguns anos e onde começou a carreira como jornalista.
XXXXX Camus participou diretamente dos acontecimentos de seu tempo e, por meio da escrita, teceu uma ácida critica social ao século XX. Filosofia e linguagem se interpenetram e complementam em O estrangeiro, cunhando uma visão de mundo fundada no absurdo e no sentimento trágico da vida, visão geradora de desconfiança intensa para com aqueles que constroem e lutam para perpetuar os sistemas de valores. O temperamento de Camus e suas leituras de Nietzsche nutriram as suas suspeitas com relação a toda moral tradicional. De forma inquietante o escritor se entregada ao questionamento: como o homem deveria se conduzir em geral e, durante os anos obscuros, quando não acredita nem em Deus e nem na razão?(TODD, acesso em 23 nov. 2006).
XXXXX A obra camusiana apresenta e descreve o absurdo como algo da condição humana. Em Explicações de O Estrangeiro”, Sartre já afirmava que: “Se somos capazes de recusar a ajuda enganosa das religiões ou das filosofias existenciais, restam-nos algumas evidências essenciais, o mundo é um caos, [...] não há dia seguinte, visto que se morre”. Para Sartre, Camus tinha um certo gênero de sinistro solar, ordenado, cerimonioso e deslocado”, que anunciava “um clássico, um mediterrânico”, que diferiria desse “outro mediterrânico” em muitos aspectos, não lembrando tanto um “fenomenólogo ou um existencialista dinamarquês” (SARTRE, 1968, p.89-90).
XXXXX Já Boudon (1996, p. 1), ressaltava que O estrangeiro fitava a narrativa, “a partir do olhar do artista sobre o existir velado na sua estrangeidade, estado difuso, compacto, encoberto”, absurdo que pode ser percebido e descrito sob vários aspectos da obra, especialmente, no silêncio. Uma ausência propositada da fala, magistralmente trabalhada por Camus, põe Meursault, protagonista principal do romance, contra a convenção. Holanda (1992, p. 42) em Criação e Crítica afirma que “a linguagem contém seu poder de liberdade, de subversão do real, quando uma palavra imprescindível, um acordo inesperado, nos acorda a consciência". Para essa critica, “o primeiro passo de Meursault é o de tirar da palavra o ‘phathos’, termo grego que designa sentimentos, estados da alma, cujo peso impede uma relação mais livre com o mundo”.
XXXX O personagem Meursault surge como representante do absurdo camusiano que, para Sartre (1968, p. 90), “nascerá da impotência que temos de pensar com os nossos conceitos e com as nossas palavras os acontecimentos do mundo". O homem absurdo camusiano não vive sob os paradigmas da razão e nem da moral estabelecidas, o que pode ser percebido na abertura do livro, quando nos deparamos com o episódio da morte da mãe de Meursault: “Hoje mamãe morreu. Ou talvez ontem, não sei bem” (CAMUS, 1957, p. 9). Percebe-se que a linguagem é seca, fria, concisa, e há a ausência de emoção, como se a história fosse a de outro, e não a dele. Noutra passagem, desta vez no ônibus, a caminho do asilo, Meursault pensa que “poderia vê-la rápido” [refere-se à mãe morta], para poder “aproveitar os dois dias de folga que havia conseguido”. Ele dorme durante todo o trajeto e, ao chegar no asilo, quando perguntado se gostaria de ver a mãe, responde que não, a resposta do personagem suscita a réplica por parte de seu interlocutor, “por que não?”, e ele responde, “não sei”.
XXXXX Assim, palavras como não sei, tanto faz, nada comentei, disse que sim, mas tanto fazia, fazem parte do vocabulário de Meursault. Sartre (1968, p. 98) diz que “um mal comum a muitos escritores contemporâneos é a obsessão do silêncio”. O silêncio na obra de Camus reflete “a demasiada desconfiança diante do signo lingüístico”, Para Holanda (1992, 68), não podendo calar a sociedade, Meursault cala a si mesmo, e seu comportamento é o de quem “tendo perdido a adesão ao que as palavras vinculam, perdeu aí, a significação do mundo até então seu. Seu silêncio assinala desapropriação do mundo, desinteresse.
XXXXX Meursault reproduz em outros espaços e em diferentes situações a indiferença com que tratou a morte da mãe, por exemplo, quando é convidado por seu chefe para trabalhar em Paris, responde “que sim, mas que, no fundo tanto fazia”. Pois afinal, não tinha razões para mudar a sua vida (CAMUS, 1957 p. 46). Faltava a Meursault, uma razão, um sentido na vida. Corrobora essa afirmação a passagem em que a sua namorada, Maria, lhe perguntou se queria se casar com ela, e novamente a indiferença de Meursault se pronunciou, para ele “tanto fazia” casar ou não, “isso nada queria dizer”.Há também por parte desse personagem a banalização das instituições, das leis, a postura de Meursault aponta para um desmoronamento de valores que norteiam a vida social dos indivíduos. Maria lhe disse que “casamento é ciosa séria”, mas ele nada respondeu preferindo calar-se. Para Holanda (1992, p42) “O homem é prisioneiro de sua ordem social, [...] e também de sua linguagem. O silêncio em Meursault vai contra a convenção que pouco permite ao indivíduo que a sociedade paralisa a partir da linguagem que põe a sua disposição.
XXXXX Quanto ao crime cometido por Meursault, reproduz-se a indiferença, o personagem tira a vida de um árabe em circunstâncias repletas de subjetividade. Assassino circunstancial, Meursault atribui a culpa por seu ato criminoso ao sol e em várias passagens que cercam o acontecido ele atribui vinculação ao sol: “O sol estava agora esmagador”, “Era o mesmo brilho vermelho”, “sentia a testa inchar sob o sol”, “eu estava só [...] todo corpo ao sol”, “era o mesmo sol do dia em que enterrara mamãe”, “o gatilho cedeu”, “sacudi o suor e o sol”. Acerca da presença do sol na escrita camusiana, Sartre (1968, p. 99) escreve que “O estrangeiro oferece uma série de opiniões luminosas, [e que o] verão perpétuo de Argel é a sua estação preferida, a noite quase não entra no seu universo”.
XXXXX A narrativa nos mostra que as noções de bem e de mal parecem indiferentes para Meursault que, após cometer o assassinato, demonstra não tem noção da gravidade de seu ato, e que cometera um crime que, mais tarde, o condenará a pena de morte. Meursault não tem o hábito de refletir e nem de questionar, ele está entregue a própria sorte, ao acaso. O texto nos mostra que na prisão, quando este foi interrogado, por variadas vezes acreditou que seu caso “era muito simples”, mas seu advogado lhe advertia apontando o contrário, que o seu caso “era delicado”. O descaso para com a morte da mãe lhe pesou no julgamento, até com mais força do que a acusação de assassinato:
XXXXX O promotor voltou-se, então, para o júri e declarou:
__ O mesmo homem que, no dia seguinte à morte de sua mãe, se entrega a mais vergonhosa devassidão, matou por motivos fúteis e para liquidar um inqualificável caso de costumes.
[o advogado rebate]
__ Afinal, ele é acusado de ter enterrado a mãe ou de matar um homem? (CAMUS, 1957, p. 98).
XXXXX Meses de cárcere promoveram algumas mudanças em Meursalt, privado de sua liberdade ele passou a fazer algumas reflexões, o texto nos mostra que, no banco dos réus as vezes o personagem “ficava tentado a intervir”, mas o seu advogado lhe dizia: “cale-se, é melhor para o seu caso”. O personagem ressalta que acertaram seu destino “sem pedir opinião”, e que às vezes “tinha vontade de interromper todo mundo e dizer: mas afinal, quem é o acusado? É importante ser o acusado. E tenho algo a dizer” (CAMUS, 1957, p. 100). Mas logo o desejo esvaziava-se e ele percebia que “nada tinha a dizer”.
XXXXX Camus tece uma crítica sobre o arbitrário sistema da justiça quando, na fala do promotor, apesar do silêncio, Meursault tornou-se réu das próprias palavras:
__E aqui está meus senhores- disse o promotor. [...] não se trata de um crime comum, de um ato impensado que os senhores poderiam achar atenuados pelas circunstâncias, Este homem, senhores, [...] é inteligente. Ouviram-no falar, não é verdade? Sabe responder. Conhece o valor das palavras. (CAMUS, p. 101-102).
XXXXX Ao final da narrativa, Meursault “esvaziado de esperança”, entrega-se à morte. Para não se sentir só o personagem deseja que no dia de sua execução, “muitos expectadores” o recebam com “gritos de ódio” e o assistam morrer (CAMUS, p, 122). Segundo Holanda (1992, p. 80), “o que Camus intenta certamente, é fazer com que o leitor partilhe sua visão de sociedade, ele busca traduzir o absurdo da realidade social. Stuar Hall (2004, p.9), no livro A identidade cultural na pós- modernidade, aponta para as transformações que marcaram a modernidade, transformações estas que estão mudando também as nossas identidades pessoais e abalando “a idéias que temos de nós próprios como sujeitos integrados”. Esta perda de um “sentido de si” estável é chamada algumas vezes, de deslocamento ou descentração do sujeito.[...] e constitui uma “crise de identidade” para o indivíduo.
XXXXX Em 1940, com o Estrangeiro já escrito, Camus escreveu: “Não sou daqui, mas também não sou do outro lado. E o mundo não é senão uma paisagem desconhecida, onde o coração já não tem apoio” e o escritor pergunta: “Estrangeiro, quem pode saber o que esse nome significa?” e desabafa: “Estrangeiro - confessar a mim mesmo que tudo me é estrangeiro” (HOLANDA, 1992, p. 78).

Referências:

- HOLANDA, Lourival. Sob o signo do silêncio. São Paulo: Editora da Universidade Federal de São Paulo, 1992.
- CAMUS, Albert. O Estrangeiro. Tradução de Valerie Rumjanek. 3. ed. Rio de Janeiro: Record, 1957.
- TOOD, Olivier. Que Absurdo? Texto disponibilizado em: <
%20.htm">http://www.rubedo.psc.br/Artlivro/absurdo>%20.htm. Acesso em 23 nov. 2006.
- BOUDOU, Telma Martins. A construção do olhar. Anais ABRALIC, 1996.
- HALL, Stuart. A identidade cultural na Pós-modernidade. 9. ed. Rio de Janeiro: DP & A, 2004.

08/03/2021

Homenagem as Bordadeiras Reluz no Dia Internacional da Mulher

 


Em 2020, um grupo de mulheres se reuniu para bordar, era janeiro e entramos o anos entre agulhas e linhas coloridas tecendo  devires, sonhos e esperanças. Não sabíamos que a Pandemia alcançaria níveis tão ameaçadores e, por força da situação, os nossos encontros presenciais passaram a acontecer pela internet. 

O aprendizado da técnica do bordado, aliado à histórias, contos e troca de experiências foram fundamentais para o enfrentamento de um ano de incertezas e solidão por conta do necessário afastamento social.

O que aprendi e aprendo com essas mulheres maravilhosas?

Há vinte anos atuando como arteterapeuta, sempre me surpreendeu o potencial dos grupos, a força coletiva que nos impulsiona e ajuda a superar dificuldades. Mas, esse grupo de bordadeiras aconteceu em um momento social tão tenebroso da pandemia do COVID-19, marcado por perdas, medo e insegurança, chegou como um sol, enchendo a minha vida de alegrias e de boas companhias.

Meninas, nesse Dia Internacional das Mulheres eu só queria dizer o quanto vocês são especiais!
Beijos
Renata

06/03/2021

Escritora Giovana Schneider lança o romance "Paralelos da vida".

 A vida é cheia de altos e baixos. São momentos que se tornam cruciais para o sujeito repensar quem é, de onde vem e para onde vai. Alguns episódios podem ser por demais marcantes. É o caso especialmente dos ritos de passagem, como casamento, nascimento de um filho, aposentadoria. Há, inclusive, quem pontue sua trajetória por estes ritos: me alfabetizei aos sete, aprendi a andar de bicicleta aos oito, meu primeiro amor foi aos 16, passei no vestibular aos 17, casei-me aos 36, tive filhos com 40, e assim sucessivamente. 

Giovana Schneider, no “Paralelo da vida”, escolheu uma experiência de quase morte para assinalar o antes e depois de sua protagonista. Uma escolha, eu diria, bastante ousada. Além de ser um tema tabu, não é algo com vasto material disponível para pesquisa. Acertadamente, Giovana trilhou a senda da intuição para ir desdobrando os acontecimentos na vida de Mayara. Por demasiada humana, trata-se de uma narrativa linear e deliciosamente cotidiana. Os diálogos são tão naturais que é possível se sentir junto dos personagens, no quarto de hospital, na cafeteria da esquina, ou no sofá da sala enquanto o “dogo” corre pelas pernas, para, depois, cansado, aninhar-se no nosso colo. É possível sentir toda dor de determinado personagem, bem como a alegria de outro; e também o torpor e sensação de confusão que outro personagem sente diante de uma vida que se apresenta às vezes tão sem nexo ou sentido. 

E nesse embalo despretensioso, enquanto vamos saboreando a história, também somos convidados a refletir sobre nossa própria vida. Como eu agiria nesta situação? Como eu me sentiria diante de tal acontecimento? O que eu faria caso tivesse que passar por tal experiência? Isso tudo faz de “No paralelo da vida” uma obra de leitura singular. A história pede a companhia um bom chá, café ou taça de vinho. É obra para degustar, muito embora ela nos tome, vira e mexe, de assalto, e exija uma leitura voraz, ansiosa. A mim, “No paralelo da vida” impactou. Mexeu comigo de diversas formas. Espero que faça o mesmo com você. Boa leitura!

Sandra Veroneze
Editora 

Adquira o  livro, "No paralelo da vida" no site da editora Pragmatha, pelo WhatsApp (27) 9 996-76975 ou pelo e-mail: vaninhaschneider.68@gmail.com
 

PDF da obra Frauta Agreste, de Maria Antonieta Tatagiba.

Olá estimados leitores(as) e estudiosos(as) da Literatura produzida por mulheres, o NEPLES/ UFES publicou a obra Frauta Agreste, de Maria Antonieta Tatagiba, primeira mulher a publicar um livro de poesias no Espírito Santo. Baixe aqui o PDF da obra. 

12/02/2021

Os poetas Antônio Miranda e Renata Bomfim representarão o Brasil no XVII Festival Internacional de Poesia Granada, na Nicarágua em fevereiro de 2021.




Eu e o poeta Antonio Miranda representaremos o Brasil XVII Festival Internacional de poesia de Granada. Estivemos juntos em 2016 e desde então somos amigos. Antônio Miranda já veio várias vezes ao ES e teve participação no projeto da Biblioteca Central da UFES. Professor emérito da UNB, possui um Portal de poesia com poetas de vários países.


Confira a programação do XVII Festival Internacional de Poesia de Granada, na Nicarágua (entre 14 e 21 de fevereiro de 2021).

 

14 de febrero/ February 14th 

Francisco de Asís Fernández (Nicaragua), RaúL Zurita (Chile), María Ángeles Pérez López (ESPAÑA), José Ángel Leyva (México), Víctor Rodríguez Núñez (Cuba), Marisa Daniela Russo (Argentina), Rafael Soler (España), Alfredo Fressia (Uruguay). 

 

15 de febrero/ February 15th


 Gioconda Belli (Nicaragua), Jotamario Arbeláez (Colombia), Alberto López Serrano (El Salvador), Krystyna Dabrowska (Polonia), Aleyda Quevedo (Ecuador), Maarten Inghels (Bélgica), Zingonia Zingone (Italia), Francisco Morales Santos (Guatemala). 

 

16 de febrero/ February 16th 


Gloria Gabuardi (Nicaragua), Renata Bomfim (Brasil), Luis Alvarenga (El Salvador), Kirsti Blom (Noruega), Álvaro Gutiérrez (Nicaragua), Husain Habash (Siria), Itsván Turczi (Hungría), Erick Blandón (Nicaragua).

 

17 de febrero/ February 17th 


Pedro Enríquez (España), Anastasio Lovo (Nicaragua), Lana Derkac (Croacia), Yolanda Castaño (España), Mateo Morrison (República Dominicana), Marta Leonor González (Nicaragua), Liliana Popescu (Rumania), Berman Bans (Nicaragua), Silvia Siller (México).

 

18 de febrero/ February 18th 


Timo Berger (Alemania), Sasha Pimentel (Filipinas), Francisco Larios (Nicaragua), Mario Noel Rodríguez (El Salvador), Sonja Manojlovic (Croacia), Juan Sobalvarro (Nicaragua), María Palitachi (República Dominicana), Silvia Elena Regalado (El Salvador).

 

19 de febrero/ February 19th 


Bei Ta (China), Daisy Zamora (Nicaragua), Rolando Kattán (Honduras), Miguel Ángel Zapata (Perú), Chary Gumeta (México), Aminur Rahman (Bangladesh), Madeline Mendieta (Nicaragua), Javier Alvarado (Panamá), Chantal Danjou (Francia), Daniel Araya (Costa Rica). 

 

20 de febrero/ February 20th 


Ana María Rodas (Guatemalani), Ario Salazar (El Salvador), Alejandro Bravo (Nicaragua), Andrea Cote (Colombia), Antonio Miranda (Brasil), Lorna Shaughnessy (Irlanda), Rei Berroa (República Dominicana), Ernesto Valle (Nicaragua), Lourdes Espínola (Paraguay), Silvio Ambrogi (Nicaragua), Lucía Alfaro (Costa Rica), Nicasio Urbina (Nicaragua), Renato Sandoval (Perú).

 

21 de febrero/ February 21th 


Rebecca Sharp (Escocia), Nelson Cárdenas, Carlos Fonseca Grigsby (Nicaragua), Vania Vargas (Guatemala), Christie Williamson (Escocia), Ela Urriola (Panamá), Julio Francisco Báez (Nicaragua), Miroslava Rosales (El Salvador), Carlos Alemán Rivas (Nicaragua).

09/02/2021

XVII Festival Internacional de Poesia de Granada, na Nicarágua (a partir de 14 de fevereiro de 2021).



A partir de 14 de fevereiro acontecerá o XVII Festival Internacional de Poesia de Granada no âmbito do bicentenário da Independência da América Central, em homenagem à poeta nicaraguense Ana Ilce Gómez e em memória da poeta salvadorenha Claudia Lars.
Eles vão nos acompanhar nesta edição 55 poetas. As leituras serão transmitidas a partir das 7:00 PM na nossa página oficial do Facebook.

As leituras serão transmitidas a partir das 7:00 PM na nossa página oficial do Facebook.


 

FESTIVAL INTERNACIONAL DE POESIA DE GRANADA, NA NICARÁGUA: Viva la poesía!

 

O Festival Internacional de Poesia de Granada (FIPG) é o maior festival de poesia da América Latina, uma celebração que reúne poetas de todas as partes do mundo. 

Durante o Festival acontecem recitais em Granada, sede do evento, e também nos municípios vizinhos. Eu tive a oportunidade de conhecer Diriamba, localidade onde se originou “El Gueguense”, a representação teatral reconhecida como sendo a mais antiga da América Latina. 

As leituras de poesias acontecem nos colégios, praças e em frente a igrejas centenárias lindamente iluminadas. Durante todos os dias os visitantes podem acompanhar leituras de poesia, mesas redondas, apresentação de livros e feira de livros e artesanatos. 

Próximo ao término do evento acontece o esperado “Carnaval Poético”, promovido pelas comunidades, onde poetas convidados e turistas podem conferir a riqueza de cores e sons do folclore nicaraguense e no qual se realiza um ritual de exorcismo da dor, do medo, da violência e onde se canta em favor da vida, da esperança e da democracia. Estima-se que cerca de cinquenta mil pessoas, entre cidadãos nicaraguenses, poetas e turistas, assistam anualmente ao Festival, o que também promove a cultura nicaraguense e fomenta o comércio e o turismo local.


Noite de leitura.

Poetas convidados em frente ao Memorial Rubén Darío.



Com os amigos queridos Chichi, Glória e o presidente da 
Academia de Línguas e Letras do México.

O Festival completa dezessete anos em 2021, sendo que as suas três ultimas versões foram realizadas via internet, devido a questões políticas e de saúde pública por conta da pandemia de Covid-19.

Todo ano o @FIPGNicaragua homenageia um escritor. Fazem parte desse conjunto de homenageados os poetas Joaquín Pasos, Ernesto Cardenal, José Coronel Urtecho, Pablo Antonio Cuadra e Fernando Silva; Salomón de la Selva, Alfonso Cortés Bendaña, Azarías H. Pallais, Claribel Alegría, Carlos Martínez Rivas, Rubén Darío, Enrique Fernández Morales, Ernesto Mejía Sánchez, Manolo Cuadra e Fernando Silva. 

Visita ao túmulo de Rubén Darío. 

Em 2014 fui convidada pela primeira vez para representar o Brasil nesse prestigioso evento, no X Festival Internacional de Poesia de Granada. Nem preciso falar o quanto esse convite me alegrou, especialmente porque tenho uma ligação especial com a Nicarágua, por ser a terra natal de Rubén Darío, poeta que foi meu objeto de estudos no Doutorado de Letras da UFES e do qual sou leitora há vários anos. Nessa edição do Festival participaram 135 poetas de 60 países.  Do Brasil, participaram do FIPGNicaragua poetas que admiro grandemente como os amigos queridos Maria Lúcia Dal Farra e Antônio Miranda e, na edição anterior, em 2013, o convidado foi o poeta Thiago de Mello, muito amigo e tradutor de Ernesto Cardenal.

No Carnaval da Poesia!

Visita a escolas durante o FIPG

Ao lado do Nobel de Literatura Dereck Whatcot

Ao lado do querido poeta nicaraguense Ernesto Cardenal, em 2016.

Bem, o carinho, o respeito e a identificação foram imensos, tanto que, decorrido um ano, voltei a ser convidada para participar do XII Festival Internacional de Granada, do XV Festival Internacional de Granada, que não pode acontecer presencialmente pelos motivos já explicados, mas que deu lugar a um recital virtual em homenagem à Rubén Darío. Posteriormente, participei do XVI Festival Internacional de Granada e, agora, no dia 14 de fevereiro de 2021, participarei da mais recente edição, o XVII Festival Internacional de Granada, evento que é um sopro de vida e de liberdade propiciados pela poesia, em um momento calamitoso em todo o mundo. Lerei um poema do meu mais recente poemário, O Coração da Medusa, que foi contemplado no Edital da SECULT e está em vias de ser publicado. O poema chama-se “La prometida de Nicanor Parra”, a tradução do mesmo ao castelhano foi feita pelo amigo, poeta e tradutor espanhol Pedro Sevylla de Juana. 

Renata Bomfim (Vitória, 09/02/2021).