01/10/2015

O poema é livre (Renata Bomfim)

O poema é livre
como jamais serei.

Poema refugiado,
Poema mulher negra,
            mulher de sangue e carne
            mulher de cais
                        de alamedas
                        de gritos, xingamentos,
                        de claustros e de ais.
Apesar de tudo, o poema é livre, mas,
nunca serei livre de mim mesma.

A tentativa de criar incriados fracassou,
O homem estranha o calor de minhas entranhas,
não sabe que as vísceras estão em chamas,
desconhece a origem das brasas e das cinzas que
fazem sair fuligem pela boca:
                    poema estranho!
                    vida estranha!
                    morte estranha!
No intervalo do poema-vida-morte
                   a respiração ofegante,
                   o sentido do inacabado,
                   o caos costumeiro.

As letras possuem asas coloridas,
são borboletas e voam como se
a eternidade fosse a regra.
Invejo e gozo Hamlet e sua casca de noz:
palavras, palavras, palavras.
Caim ainda vaga pelas grandes avenidas
de São Paulo, Nicarágua, Lisboa, Madri,
encontrei-o uma vez em uma ruela de Cariacica.
Caim toma um trago todas as quintas, sem falta,
no boteco da esquina.

Perdi toda a filosofia,
Pendurei diplomas, basta!
Serei professora das minhocas e jacupembas,
Pesquisarei a música das cigarras e o coachar
das rãs atrevidas.
Caim que seja feliz como poder!
O poema é livre,
Isso me basta!



RB, Vitória, ES, 01-10-2015.


30/09/2015

Alexandre Staut: jornalismo, literatura e gastronomia (Entrevista realizada por Angelo Mendes Corrêa)

                                                                               Angelo Mendes Corrêa*


Escritor e jornalista, Alexandre Staut acaba de lançar seu primeiro livro infantil, A vizinha e a andorinha, após ter publicado dois romances, Jazz band na sala da gente (2010) e Um lugar para se perder (2012).  Após  passar por redações de diversos jornais e revistas, fundou, em 2014, a revista literária São Paulo ReviewEspecialista em gastronomia, é o responsável pelo blog Tudo al Dente e seu primeiro livro na área, Paris-Brest, sairá em 2016. Tem inédito um novo romance, intitulado Avante!, no qual, através da ficção, recria sua infância e as figuras que a povoaram,  na pacata Espírito Santo do Pinhal, no interior de São Paulo.


Pode nos contar um pouco sobre sua relação com os livros e os autores que considera decisivos em sua formação?
Sou antes de tudo um leitor. Gosto de ler todos os dias e, se não o faço, parece que falta alguma coisa. Tudo começou aos onze anos, com o estímulo de uma professora de Português, dona Rosinha. O primeiro romance juvenil que ela passou para a minha turma foi O cachorrinho Samba, de Maria José Dupré. Eu não sabia direito o que era para fazer. Achei que fosse para decorar o texto. Eu andava por algumas ruas mais tranquilas da cidade com o livro na frente da cara, lendo-o. Com algumas leituras seguidas, de fato o decorei. Só depois, soube que ela pedia uma única leitura. Todos na sala de aula riram de mim, quando souberam da história. Uns meses depois, descobri a biblioteca, um oásis numa cidade parada, sem graça. Ali, descobri que ler em silêncio era muito melhor do que pelas ruas. A biblioteca é tema de um romance inédito que escrevi, Avante!. Este livro fecha minha trilogia sobre a infância, da qual fazem parte os romances Jazz band na sala da gente e Um lugar para se perder. Bom, mas falando dos autores que me formaram, poderia citar José Mauro de Vasconcelos, Josué Guimarães, Marques Rebelo, Fernando Sabino, Bandeira e Drummond.  

Tendo passado, nas últimas duas décadas, por alguns de nossos mais importantes veículos de imprensa, quase sempre escrevendo sobre cultura,algum balanço a fazer? A imprensa cultural tem cumprido seu papel ou as leis de mercado têm falado mais alto?
A imprensa cultural, na maior parte das vezes é releasesca. Vive de releases que as assessorias de imprensa mandam para as redações. Ou então só tem olhos para aquilo que já tem prestígio, talvez por medo de apontar novidades e errar, ou falta de tempo dos jornalistas. Para piorar, a grande imprensa nacional passa por uma grande crise e as editorias trabalham, em grande parte, com jornalistas inexperientes. Mas há exceções, claro.

Criar sua própria revista, a São Paulo Review, foi uma resposta ao que se produz, em boa parte, no jornalismo cultural contemporâneo?
A São Paulo Review olha para nomes consagrados, mas concede espaço a escritores em começo de carreira, às editoras pequenas e independentes.  Pelo menos uma vez por mês, abrimos espaço para autores inéditos, gente desconhecida que manda contos, poemas, alguns que nunca publicaram nada antes. Claro que há um trabalho de curadoria e não publicamos absolutamente tudo o que nos enviam.

Seu livro de estreia, o romance Jazz band na sala da gente, busca, a partir da história de sua família, no interior de S.Paulo, a reconstrução de uma época que, embora limitada tecnologicamente, dava espaço a uma vida mais criativa e, talvez, feliz. Concorda com tal ideia?
Não saberia dizer se a vida de antes era melhor ou mais feliz. Na família do meu pai, que está retratada neste livro, talvez fosse. O livro é a biografia inventada do meu avô paterno, e ele era músico, era festeiro. Com sua orquestra de jazz/chorinho tocava em bailes, no cinema da cidade. Talvez, fosse uma época de vida social bastante intensa. Minha avó me contava que ia ao cinema todas as noites, nos anos 40, ver o grupo do meu avô tocar.

Após escrever três romances para o público adulto, o que o motivou a escrever para crianças e a lançar A vizinha e a andorinha?
Este livro infantil caiu no meu colo. Percebi um dia que tinha uma vizinha cantora e isso me motivou a escrever um miniconto. Depois, olhando mais de perto, percebi que a história poderia ser adaptada para o público infantil. Passei-a para minha amiga, Viviane Ka, com quem divido a direção da São Paulo Review, e perguntei se ela tinha sugestão de ilustrador e editor. De imediato, sugeriu a filha, Selene Alge, para a ilustração e Bell Mota, da editora Cuore, para a edição. Entrei em contato com as duas, e em menos de uma semana resolvemos fazer o livro juntos.
Com vê o mercado editorial para o novo autor em nosso país? Lemos pouco os nossos jovens autores por que eles têm pouco a dizer ou por que somos desatentos e preconceituosos com o que produzimos por aqui?
Acho que existe bastante mercado para jovens autores e muitos deles conseguem encontrar leitores, principalmente em plataformas eletrônicas. Por acaso, acabo de ler uma notícia de que a Amazon está estimulando jovens a publicarem na sua plataforma. Há até um concurso no ar. O escritor inscreve a sua obra (thriller, ficção científica ou fantasia). Se selecionado, o texto entra em disputa pelo voto do leitor. Durante cerca de um mês, amostras dos originais selecionados ficam disponíveis para leitura no site do programa e para avaliação. As obras mais votadas são publicadas pela Amazon Press, em edições digitais e o autor assina um contrato. Os jovens costumam nadar de braçada neste tipo de programa. Fico besta em ver como eles têm leitores em plataformas digitais. O bacana é que, como o leitor pode ler trechos da obra, só vai para a frente aquilo que realmente for convincente, o que tiver o mínimo de verossimilhança. 

O excesso de lançamentos editoriais na área infantil não tem subtraído a qualidade do que se publica?
Estou começando a acompanhar o mercado de infantis. Tem um monte de besteiras nas livrarias, obras que o meio chama de ‘livro presente’ e que traz personagens da TV, como Peppa Pig, os caça-níqueis. Meu livro é paradidático e acho que esta área está cada vez melhor, com temas muito bons, alguns deles nunca pensados antes para o mercado infantil, como morte, sexualidade, perdas.

A vizinha e a andorinha  permite que não só as crianças, mas também os adultos se dêem conta do quanto nos escondemos, sobretudo os que habitamos os grandes centros urbanos. Ao escrevê-lo, alguma razão especial o motivou?
Antes de tudo, agradeço a sua leitura. Pois é, pensei sim nesse aspecto, principalmente entre nós, que moramos nas grandes cidades, e que, muitas vezes, passamos a vida sem saber quem são os nossos vizinhos. 
Nem sempre as relações entre autor e ilustrador são pacíficas. Como foi a parceria com Selene Alge? Durante o trabalho dela vocês trocaram muitas figurinhas?
Nós conversamos e pensamos juntos em soluções o tempo inteiro, eu, Selene e Bell, a editora. O trabalho foi realizado de forma bastante respeitosa.

Muitos escritores dizem que escrever para crianças é mais gratificante, pois o retorno, além de mais verdadeiro, é quase imediato. Consegue sentir isso?
Ainda não sei dizer, mas nos dois lançamentos que fiz, um em São Paulo e outro em Pinhal, recebi abraços carinhosos e sinceros de algumas crianças. Foi gostoso.

Outra de suas paixões é a gastronomia. É possível um paralelo entre ela, a literatura e o jornalismo?
A gastronomia chegou até mim através do meu pai. Ele era funcionário público, em Pinhal e, nos tempos vagos, datilografava um caderno de receitas. Isso nos anos 70. Lembro da casa cheirando moqueca, feijoada e dobradinha, aos domingos. Aliás, na época, eu odiava o cheiro, mas ficava sempre perto dele. Acho que de tanto observar, tornei-me pesquisador da gastronomia, principalmente da Idade Média europeia.
Para aprender de perto este tema, fui trabalhar em cozinhas na Inglaterra (por um ano) e na França (três anos e meio). Mais tarde, trabalhava na editoria de cultura da Gazeta Mercantil, em 2006, quando contei para a editora de lifestyle que tinha estudado e cozinhado em restaurantes europeus. Na mesma hora, ela me chamou para assinar uma coluna de gastronomia. Aceitei o convite e achei o mundo do jornalismo gastronômico bastante otimista. Assim, fiquei. Hoje, não cozinho mais profissionalmente, não tenho vontade. Faço algumas matérias na área e escrevo o blog de gastronomia www.tudoaldente.com.br. Quando o mundo da literatura está muito cheio de politicagens, corro para lá, e me distraio com receitas, como meu pai fazia há 40 anos.

Novos projetos?
Além do romance inédito Avante!, escrevi Paris-Brest, que traz minhas memórias gastronômicas da França, e um pequeno estudo sobre a alimentação na Idade Média, nesse país. A agência de autores da qual faço parte, a Villas-Boas & Moss Agência Literária, da Luciana Villas-Boas, acaba de vender o livro para a Companhia Editora Nacional, que publica a obra no ano que vem.




*Angelo Mendes Corrêa é mestre em Literatura Brasileira pela Universidade de São Paulo (USP), professor e jornalista.

28/09/2015

Poemas de Adhely Rivero (poeta venezuelano)

LA CASA


Cuando salí del pueblo pensaba regresar
a comprar la casa de la esquina suroeste de la plaza,
cerca de un puerto solitario del río.
Cuando vuelvo no está en venta y entiendo el arraigo
de sus dueños.
A cada vuelta al pueblo visito la calle y bajo mi familia
a contemplar las aguas pardas bajar
eternamente.
Me enteré que vendieron la casa que me gusta,
cerca de la plaza y del río de mi infancia.
Continuaré a la espera con la oferta en el tránsito
del pueblo que crece y se desborda,
solicitándole a Dios la gracia
que no se nos adelante un turco y la transforme en tienda.
Por las aguas del río pasan las boras
mientras espero el día.




EN EL CIELO DE BAGDAD  
Caupolicán Ovalles
 Alí Al-Shalah.

La luna en Irak no se puede ver
Lástima la cara del nativo
que ha visto caer bombas  todo el año.
De noche al lado de la luna llena caen Racimos,
terminando por creer que una bomba se quedó
pegada al firmamento.
Los mismo ocurre con una sirena letal
que socava los refugios.
Ni los ángeles están seguros en el cielo.
El día que Caupolicán  visitó Bagdad
les llevó el humor y perdieron la paciencia,
todos lo besaban y él sospechaba y se reía.
Hoy nadie duda de la valentía de los hombres
y de los pájaros que se desgranan en el aire.
Cuando termine la pesadilla, dormirán eternamente
en las arenas del desierto
y podremos ver la luna llena en el cielo.



LA SAZÓN DEL HUESO

Nada hay especial en las mujeres de la calle.
Nadie sabe sus compromisos ni su salud mental.
La propiedad de sus trajes ligeros, sus zapatillas
de piel importada.
En la casa nos espera la conquista, la mesa
y la sazón del hueso.
Afuera somos intimidados por virus
en los cuerpos divinos.
En los ojos perfectos perdemos la mirada
y la cabeza.
Me cansa el jardín, la electricidad,
los mercados a la hora del sábado.
Las historias de las mujeres de la calle son
como el fútbol, aburridas,
siempre repiten las mismas jugadas.
O las carreras de caballos, sólo gana uno.
Aunque parezcamos un animal de zoológico
en la casa,
nada es comparable a la vida secreta,
sagrada de los ciudadanos.



ÁRBOL

Este árbol
ha permanecido
en el mismo lugar
Yo he cambiado mi residencia
mi espacio
lejos de los árboles
que en la infancia
daban sombra
Dios expone demasiado a sus criaturas




AMOR, LA ORACIÓN
 …dame al menos el valor                                                                                                 
 para llevar una doble vida.

Señor, hoy intento amanecer
lejos de casa, lejos del sueño apacible del aire
de la habitación.
No me venzas en temores ni pecados,
dame fortaleza para que las cosas se den en armonía,
por lo menos natural.
Hoy tengo la certeza que esto quiero.
Aléjame Dios mío de un ser mezquino,
de las miserias humanas,
de las revanchas del otro.
Cuando me levante en la mañana
para volver a la casa,
tome la llave y la gire en la cerradura
la puerta se abra
y en su sitio encuentre mis pertenencias.
Señor, hazme invisible la alegría
y el trasnocho,
que no pierda la apariencia.




LUGAR DE AMOR
                                 
Pero cada minuto a tu lado
fue la eternidad que otros sueñan.
                                      Gustavo Pereira

Eres la mujer más bella
y completa
que he tenido en mi vida.
Ahora vivo solo.
De una orilla a la otra, el agua
del mar es salobre.
A Dios le quedan días
para los dos en la eternidad.
A nosotros nos atajará la casa,
ese lugar de amor en la tierra.   



EN ESTA ORILLA

Revisando el almanaque me encuentro
en la misma relación de 40 años atrás.
Metido en el amor.
Creyendo en la certeza
que Dios ha estado de  mi parte
a la hora de elegir la mujer.
Nunca me he repuesto bien de un quebranto.
He ganado mucho
pero he perdido todo.
Ahora sigo en esta orilla apartada del mundo.
Habitando en casa de campo.
Me recojo temprano en la habitación
donde leo y escribo
contemplando el desamor y cómo pasan mis días
a la espera de la última mujer en mi vida.



PALABRA CIERTA
             
 por el alma que ha puesto Dios en mí.
                                                  Igor Barreto

Si un día me abandona la mujer,
soportaré la soledad.
Si me abandonan los hijos,
 la pena me invada.
Si me abandonan los amigos,
las amigas, los vecinos,
el perro y el caballo, estaré muy mal.
Si me abandona la poesía
y la lengua que me cobija
solo Dios sabrá de mi vida,
no tendría palabras para explicarme
y justificarlo.




Adhely Rivero (1954), poeta Venezuelano, é editor e promotor cultural. O poeta reside em Valênça e atua no Departamento de Literatura da Universidade de Carabobo, é coordenador do UIPUC e da Revista POESIA. O poeta recebeu vários prêmios e é autor das obras 15 poemas, 1984; En sol de sed, 1990; Los poemas de Arismendi, 2006; Tierras de Gadín, 1999; Los poemas del viejo, 2002; Antología Poética, 2003; Medio Siglo y la Vida Entera (no prelo).

25/09/2015

nota de repúdio (Renata Bomfim)


Está prestes a ser encaminhado para o Senado Federal o "Estatuto da família", que define "Família" como a união entre "home e mulher" (está implícito o brancos e ricos), deixando de fora outras configurações familiares, como a formada por casais homossexuais, por exemplo. Esse passo para trás, esse retrocesso, fomenta o que há de pior em uma sociedade que é a exclusão e o preconceito. Registro essa nota de repúdio e, para mim, 

família são pessoas humanas e/ou animais não humanos que se acolhem, cuidam e respeitam. Família independe de parentesco, de laços de sangue e até mesmo de espécie. A minha família possui no seu seio animais não humanos, é a minha família e nenhuma lei dirá o contrário, pois, existe uma Lei que está acima de qualquer lei escrita por homofóbicos, religiosos fundamentalistas e especistas : a lei do amor. *RB.

21/09/2015

Literatura e música: Leituras, afinidades, tensões. XVII Congresso de estudos literários da UFES e IV Encontro do GT Teoria do texto poético: pesquisas em poesia (2015)

As árvores fazem colóquio....ecopoesia celebra as árvores


É assim que as vejo, reunidas em colóquio, deliberando sobre a oxigenação/refrigeração e alimentação dos seres do planeta. Elas chegaram aqui antes de nós, são entidades sábias, considero as árvores verdadeiros "anjos da guarda"coletivos, pois não escolhem a quem vão beneficiar, atendem a todos com amor e resignação. 
A extrema admiração e carinho que sinto pelas árvores me levou a lhes dedicar o "Colóquio das árvores" que, segundo o pesquisador Fábio Mário da Silva, "se configura como uma leitura obrigatória àqueles que se sentem inclinados para um tipo de poesia que procura suscitar a relação entre sujeito poético e natura" pois, "tudo o que se fala tem intenção de tratar de um certo conjunto de forças que regem o universo, da relação entre o reino vegetal e o animal com a função poética". 
Hoje, dia 21/09 se comemora o dia da árvore, tempo propício para a reflexão e para plantar e cuidar das árvores. ***Renata Bomfim. 

19/09/2015

O julgamento (Renata Bomfim)

Escondo, finjo, nego.
Nada de epístolas,
nem de confissões.
Confessa você
o crime de ser
você.
Não sinto culpa!

Querem que me puna
por ser quem sou.
Não!

Nego que te conheço,
abdico de tua tutela e
rasgo
o tecido puído
que encobre a minha face:

Explícita marca se revela.


14/09/2015

sem nome (Renata Bomfim)

deus,
sem rosto,
sem classe,
sem nome.

deus,
implodo.

meu corpo
se dobra,
já pequeno,
deformado,
folha lisa,
tornou-se 
fibra.

deus,
sem rosto,
sem classe,
sem nome,
tudo-nada,
explosão,
mira o fundo:
implodo

salva 
o que for possível
de mim que

sou caso
sem jeito,
coisa sem
solução.


Vitória, *RB



13/09/2015

“Triunfo de liras”: música e mito na poética de Rubén Darío (Congresso de Estudos Literários/ UFES-2015)

XVII CEL "ENTRE LITERATURA E MÚSICA: leituras, afinidades, tensões"
19 e 20 de novembro de 2015, na Universidade Federal do Espírito Santo/ UFES.


Renata O. Bomfim- Doutora em Letras

Rubén Darío (1867-1916) é considerado a figura central do Modernismo Hispano-americano, movimento sincrético que se estruturou a partir do diálogo entre a literatura a pintura, as tendências filosóficas e, especialmente, a música. Variados poetas finisseculares se reuniram em torno da música e dos mitos tendo como inspiração Wilhelm Richard Wagner. Um dos maiores entusiastas do maestro alemão foi o poeta francês Paul Verlaine, cujo influxo foi determinante para a obra dariana. Rubén Darío é conhecido como o “Cisne da América”, ele fez do animal heráldico, cuja forma lembra um braço de lira, o seu ícone mais caro. O cisne é uma representação que remonta a Grécia, passando pela Idade Média, Renascimento e que alcançou renovação com os poetas modernos. Observa-se na poesia dariana que, ao cisne, se junta uma profusão de imagens que emanam do mundo mítico, habitado por deuses e deusas, ninfas e sátiros, e de onde brota “la armonía del gran Todo”. O poeta se identifica com Pã, divindade mitológica ligada à música, e o eu lírico se mostra um músico hábil com a lira, a flauta, o violino, o címbalo, ansiando produzir composições nunca ouvidas. Na busca por desbravar “o seu mundo interior”, Darío experimentou variadas formas métricas e rítmicas buscando a musicalidade do poema. Esse estudo utiliza como metodologia a Literatura Comparada e, como aportes teóricos basilares, a Teoria da Linguagem segundo Bakhtin, em especial os conceitos de dialogismo e polifonia e a Estética da Recepção. Ele conta, também, com a contribuição de pensadores como Octávio Paz, Julio Valle-Castillo, Luis Costa Lima e Angel Rama, objetivando analisar aspectos relacionados à música e ao mito na obra poética de Rubén Darío, o diálogo entre esses temas e a tradição literária, e a importância dos mesmos para o movimento Modernista Hispano-americano.
Palavras-chave: Rubén Darío, Mito, Música, Poesia, Modernismo.

12/09/2015

Colóquio das Árvores (EPUB)/ livro da poeta brasileira Renata Bomfim

Olá amigos brasileiros, dos Estados Unidos, França, Espanha, Alemanha, Ucrânia, Rússia, Emirados Árabes Unidos, Irlanda, Reino Unido, Tailândia, Nicarágua, Chile, Peru, Argentina, China, e demais visitantes que sempre  nos vistam no Letra e fel, encaminho endereço para que adquiram o nosso livro de poemas recente, o "Colóquio das árvores" em EPUB, estou certa que vão curtir mais esse livro de poemas feito com o maior carinho para você! Abraços dessa poeta...  Renata* 


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