27/05/2007

Tecendo a espera


Sempre ela e seus bordados
tecendo a espera
tecendo esperança
tecendo sonhos
desde criança
fio a fio no tempo
negros fios vertendo em lágrimas
fios da navalha
Delgados
retorcidos
fios da fibra do girasol
O rosto corado e a boca encarnada
a rosa que ficava no jardim
sintéticos, flexiveis materializam
a casa amarela
Resistente corrente fina
que enciuma a aranha
Fio da vida
que não espera e acelera
e borda incansávelmente a mulher
à janela
mas surgem os nóz
sentença de morte
e a bordadeira esperançosa
passa a desatadora
do tempo que passa
e não perdoa
E novos fios serão precisos
encarnados, azuis, amarelos, verdes
para reavivar o desejo da mulher
de tecer
desejo que o tempo afrouxou
representação
Traçado firme e o bordado
volta a brotar da agulha
em busca de novos desenhos
de novos sonhos
é a lei do oficio de tecer
filha de Pandora, a tecelã
sua mãe lhe contou que
um dia abriu uma caixa
que não podia
e dali sairam muitos pesadelos
seu castigo, tecer até a morte
e desatar nóz
mas ela sabia que ainda havia um sonho
preso dentro da caixa
e pediu pra filha
libertá-lo
caixa de fios/ sonhos de mãe/morta
abre a caixa a filha
mudanças acontecem.

by renata bomfim

2 comentários:

Anderson Fonseca disse...

is to é musica, será que há musica no meu como há neste seu www.escritosdo-exilio.blogspot.com

Anônimo disse...

of course like your web site however you need to test the
spelling on several of your posts. Many of them are rife
with spelling issues and I to find it very bothersome to inform the
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