lavoura de soja em Goiás.
Mata Atlântica - Da floresta original que recobria todo o litoral brasileiro,
hoje resta menos de 7%. O mais rico bioma brasileiro em biodiversidade por km2
foi, ao longo da história, trucidado pela exploração de pau-brasil, cana-de-açúcar,
café e, quando ainda havia algo a ser salvo, pela abertura de pastos, sobretudo
para gado leiteiro. É o exemplo mais contundente e visível – no bioma vivem mais
de 80% dos brasileiros – do nosso modelo de desenvolvimento predatório.
Pampa - Campos vastos, matas ciliares, matas de encosta, banhados e capões.
Apesar de caracterizada por extensas planícies aparentemente homogêneas, a
região tem fauna e flora ricas – uma infinidade de insetos alimentam enorme
variedade de pássaros. O bioma ainda sofre as conseqüências do erro cometido
nos anos 60, quando o governo estadual trouxe sementes de um tipo de
capim africano sem antes realizar testes. Difundidas entre os fazendeiros, parte
dessas sementes escondiam um intruso: o capim annoni. Pesquisas posteriores
mostraram o baixo valor do capim africano como alimento para o gado e, em
1978, foi proibida a comercialização daquelas sementes.Tarde demais: o annnoni
é hoje uma praga que infesta parcela significativa do pampa. Outra ameaça ao
bioma é a expansão descontrolada da soja, que vem promovendo a passos largos
a transformação dos campos naturais em áreas de monocultura, com uso
intensivo de agrotóxicos e emprego de cultivares transgênicos.
Amazônia - A Amazônia guarda a maior diversidade biológica do mundo,
escoa 20% de toda água doce do planeta e é mais um bioma na mira implacável
da pecuária. O estrago começou nos anos 70, quando o projeto desenvolvimentista
do regime militar vendia a idéia de que a Amazônia era “uma
terra sem homens para homens sem terra”. Um dos resultados é que, em
menos de 40 anos, o rebanho amazônico passou de 1,5 milhão para 60 milhões
de cabeças – um terço do rebanho brasileiro. Hoje há, na Amazônia, três
vezes mais bois do que pessoas. E 70% da carne produzida lá é consumida na
rica região Sudeste. Churrasco de floresta amazônica: é isso o que as pessoas
fazem quando comem o tal “boi verde” brasileiro.Além da perda de biodiversidade,
da interferência nefasta no ciclo das águas e da ameaça à vida das
frágeis populações locais, o desmatamento de 3 milhões de hectares de floresta
por ano joga 300 milhões de toneladas de carbono na atmosfera, ou dois
terços das emissões totais no país. E assim o Brasil fica entre os cinco maiores
poluidores no ranking do aquecimento global!
BBiioommaass bbrraassiilleeiirrooss XX iinnddúússttrriiaa ddaa ccaarrnnee
A prioridade que o Brasil escolheu dar ao agronegócio é, para dizer o mínimo, discutível.
A insustentabilidade desse modelo, que destrói nossos biomas, contradiz o
projeto de erradicação da fome dos brasileiros, pois, como se sabe, o agronegócio
é primordialmente voltado para a exportação.A soja que devasta o Cerrado
e invade a Amazônia não vira alimento para pessoas, é exportada e transformada
em ração de bois, frangos, porcos e peixes criados em cativeiro. Enquanto isso,
fome e desnutrição assolam quase metade da população mundial.
O agronegócio de alta tecnologia voltado para exportação, com suas técnicas
avançadas de cultivo, é uma opção produtiva absolutamente cruel num país com
taxas altíssimas de desemprego. Na Amazônia, uma grande fazenda padrão
emprega diretamente um único funcionário para cada 700 cabeças de gado,
numa área de 1.000 hectares. Um disparate, se comparado aos mais de 100
empregados de uma cooperativa de agricultura familiar ou aos 250 trabalhadores
de uma agro-floresta com regime de permacultura, operando em área
equivalente. Eis a prova do custo social da carne. Basta verificar o índice de
desenvolvimento humano da ilha de Marajó, por exemplo, para constatar que
pecuária intensiva só é fonte de renda para o fazendeiro. Lá o lavrador foi marginalizado
e expulso da terra para dar lugar aos bois e às máquinas e só quem
lucrou com isso foram os coronéis do gado.
O mesmo se vê em todas as regiões tomadas pela pecuária.A terra fica, invariavelmente,
nas mãos de poucos latifundiários e emprega-se o mínimo de mão-deobra.
A atividade ainda requer constantes subsídios governamentais, conquistados
à base de lobistas e, principalmente, de uma bancada pecuarista – praticamente
vitalícia – no poder legislativo.
O estrago sócio-ambiental da produção de carne vai mais além quando contabilizamos
as milhares de pessoas degradadas pela presença de abatedouros em sua
vizinhança, resultando na condenação de comunidades inteiras a uma ocupação
aviltante e desumana. Boiadeiros, açougueiros,“tratadores” e muitas outras categorias:
há todo um contingente profissional envolvido na deplorável indústria da
carne, composto por uma classe de pessoas desmoralizadas e barbarizadas, obrigadas
pela (o)pressão econômica a despir-se de humanidade e sensibilidade.
A conta é simples: metade da agricultura mundial é voltada para a produção de
ração para animais. E a carne dos animais abatidos é acessível a menos de 15%
dos seres humanos. O consumo mundial de carne está restrito a poucos países.
Estados Unidos, União Européia, China e Brasil concentram o consumo global
de cerca de 60% da carne bovina, mais de 70% da carne de frango e mais de 80%
da carne de porco. O resto dos países, ou seja, a maior parte da população global,
pratica uma espécie de semi-vegetarianismo compulsório. Os lobistas da
carne afirmam que o aumento na produção pecuária poderia tornar a carne
acessível a todos. Mas não confessam que para alimentar uma população de 6,5
bilhões de carnívoros, seria preciso mais dois planetas como a Terra só para
pastagens e produção de grãos/ração.
Então, se o consumo de carne fosse repentinamente abolido, as safras de grãos
e hortaliças, antes destinadas aos animais, seriam repassadas para as pessoas,
solucionando o problema da fome mundial? Bem, as causas do problema da fome
são muitas e o vegetarianismo não pode – nem pretende – assegurar que os alimentos
chegarão a quem tem fome, porque isso esbarra em questões políticas e
econômicas que dizem respeito à conveniência do sistema de distribuição de
recursos em relação aos interesses de grandes empresas, oligarquias seculares,
aspirações imperialistas de alguns governos etc.
Por outro lado, o vegetarianismo tem uma contribuição inequívoca a dar em
termos de produtividade. Qualquer projeto cuja meta seja o combate à fome
e a implementação de um sistema produtivo sustentável, em que o uso da
terra seja otimizado de forma a satisfazer as necessidades do maior número
possível de pessoas, deverá, obrigatoriamente, considerar a ênfase no vegetarianismo.
• A maior parte dos grãos cultivados no mundo é utilizada para alimentar animais de criação. Mesmo que depois estes animais viessem a alimentar todas as pessoas – e este não é o caso –, não se justificaria tamanho desperdício: é preciso cerca de 11 a 17 calorias de proteínas de grãos para criar uma única caloria de proteína de carne bovina (a carne de peixe, frango ou
porco não oferece grande variação nestes valores).
• Como a dieta vegetariana elimina um intermediário – ou mais – da cadeia alimentar, é lícito afirmar que os grãos são usados com mais eficiência quando consumidos
diretamente por seres humanos.
• Para se ter idéia do tamanho do desperdício, um exemplo: um gato de estimação norte-americano consome, em média, mais grãos por dia, indiretamente, do que um ser humano come diariamente na Ásia, na África ou na América Latina.
• Uma fração irrisória – 0,3% – das 465 milhões de toneladas de grãos utilizados para alimentar animais bastaria para salvar da desnutrição os seis milhões de crianças menores de cinco anos que morrem todos os anos. Uma parcela de 2,5% deste total seria suficiente para erradicar a fome no Brasil. Com 50%, dá para acabar com a fome no mundo.
Conclusão
É preciso deixar claro que esse guia não pretende insinuar que o consumo de
carne seja o único nem sequer o principal responsável pelas mazelas ambientais
que a espécie humana tem causado ao planeta. Mas certamente é um dos principais,
e o que queremos aqui é enfatizar que este fator diz respeito, única e
exclusivamente, à escolha de cada um.Talvez você não possa morar fora de uma
grande metrópole, nem gastar mais para consumir alimentos orgânicos, nem
tenha alternativa para se deslocar até o trabalho em transporte coletivo. Mas a
decisão de incluir carne em seu cardápio diário está ao seu alcance e, em última
instância, só depende de você.
REALIZAÇÃO:
Sociedade Vegetariana Brasileira (SVB)
www.svb.org.br
Mata Atlântica - Da floresta original que recobria todo o litoral brasileiro,
hoje resta menos de 7%. O mais rico bioma brasileiro em biodiversidade por km2
foi, ao longo da história, trucidado pela exploração de pau-brasil, cana-de-açúcar,
café e, quando ainda havia algo a ser salvo, pela abertura de pastos, sobretudo
para gado leiteiro. É o exemplo mais contundente e visível – no bioma vivem mais
de 80% dos brasileiros – do nosso modelo de desenvolvimento predatório.
Pampa - Campos vastos, matas ciliares, matas de encosta, banhados e capões.
Apesar de caracterizada por extensas planícies aparentemente homogêneas, a
região tem fauna e flora ricas – uma infinidade de insetos alimentam enorme
variedade de pássaros. O bioma ainda sofre as conseqüências do erro cometido
nos anos 60, quando o governo estadual trouxe sementes de um tipo de
capim africano sem antes realizar testes. Difundidas entre os fazendeiros, parte
dessas sementes escondiam um intruso: o capim annoni. Pesquisas posteriores
mostraram o baixo valor do capim africano como alimento para o gado e, em
1978, foi proibida a comercialização daquelas sementes.Tarde demais: o annnoni
é hoje uma praga que infesta parcela significativa do pampa. Outra ameaça ao
bioma é a expansão descontrolada da soja, que vem promovendo a passos largos
a transformação dos campos naturais em áreas de monocultura, com uso
intensivo de agrotóxicos e emprego de cultivares transgênicos.
Amazônia - A Amazônia guarda a maior diversidade biológica do mundo,
escoa 20% de toda água doce do planeta e é mais um bioma na mira implacável
da pecuária. O estrago começou nos anos 70, quando o projeto desenvolvimentista
do regime militar vendia a idéia de que a Amazônia era “uma
terra sem homens para homens sem terra”. Um dos resultados é que, em
menos de 40 anos, o rebanho amazônico passou de 1,5 milhão para 60 milhões
de cabeças – um terço do rebanho brasileiro. Hoje há, na Amazônia, três
vezes mais bois do que pessoas. E 70% da carne produzida lá é consumida na
rica região Sudeste. Churrasco de floresta amazônica: é isso o que as pessoas
fazem quando comem o tal “boi verde” brasileiro.Além da perda de biodiversidade,
da interferência nefasta no ciclo das águas e da ameaça à vida das
frágeis populações locais, o desmatamento de 3 milhões de hectares de floresta
por ano joga 300 milhões de toneladas de carbono na atmosfera, ou dois
terços das emissões totais no país. E assim o Brasil fica entre os cinco maiores
poluidores no ranking do aquecimento global!
BBiioommaass bbrraassiilleeiirrooss XX iinnddúússttrriiaa ddaa ccaarrnnee
A prioridade que o Brasil escolheu dar ao agronegócio é, para dizer o mínimo, discutível.
A insustentabilidade desse modelo, que destrói nossos biomas, contradiz o
projeto de erradicação da fome dos brasileiros, pois, como se sabe, o agronegócio
é primordialmente voltado para a exportação.A soja que devasta o Cerrado
e invade a Amazônia não vira alimento para pessoas, é exportada e transformada
em ração de bois, frangos, porcos e peixes criados em cativeiro. Enquanto isso,
fome e desnutrição assolam quase metade da população mundial.
O agronegócio de alta tecnologia voltado para exportação, com suas técnicas
avançadas de cultivo, é uma opção produtiva absolutamente cruel num país com
taxas altíssimas de desemprego. Na Amazônia, uma grande fazenda padrão
emprega diretamente um único funcionário para cada 700 cabeças de gado,
numa área de 1.000 hectares. Um disparate, se comparado aos mais de 100
empregados de uma cooperativa de agricultura familiar ou aos 250 trabalhadores
de uma agro-floresta com regime de permacultura, operando em área
equivalente. Eis a prova do custo social da carne. Basta verificar o índice de
desenvolvimento humano da ilha de Marajó, por exemplo, para constatar que
pecuária intensiva só é fonte de renda para o fazendeiro. Lá o lavrador foi marginalizado
e expulso da terra para dar lugar aos bois e às máquinas e só quem
lucrou com isso foram os coronéis do gado.
O mesmo se vê em todas as regiões tomadas pela pecuária.A terra fica, invariavelmente,
nas mãos de poucos latifundiários e emprega-se o mínimo de mão-deobra.
A atividade ainda requer constantes subsídios governamentais, conquistados
à base de lobistas e, principalmente, de uma bancada pecuarista – praticamente
vitalícia – no poder legislativo.
O estrago sócio-ambiental da produção de carne vai mais além quando contabilizamos
as milhares de pessoas degradadas pela presença de abatedouros em sua
vizinhança, resultando na condenação de comunidades inteiras a uma ocupação
aviltante e desumana. Boiadeiros, açougueiros,“tratadores” e muitas outras categorias:
há todo um contingente profissional envolvido na deplorável indústria da
carne, composto por uma classe de pessoas desmoralizadas e barbarizadas, obrigadas
pela (o)pressão econômica a despir-se de humanidade e sensibilidade.
A conta é simples: metade da agricultura mundial é voltada para a produção de
ração para animais. E a carne dos animais abatidos é acessível a menos de 15%
dos seres humanos. O consumo mundial de carne está restrito a poucos países.
Estados Unidos, União Européia, China e Brasil concentram o consumo global
de cerca de 60% da carne bovina, mais de 70% da carne de frango e mais de 80%
da carne de porco. O resto dos países, ou seja, a maior parte da população global,
pratica uma espécie de semi-vegetarianismo compulsório. Os lobistas da
carne afirmam que o aumento na produção pecuária poderia tornar a carne
acessível a todos. Mas não confessam que para alimentar uma população de 6,5
bilhões de carnívoros, seria preciso mais dois planetas como a Terra só para
pastagens e produção de grãos/ração.
Então, se o consumo de carne fosse repentinamente abolido, as safras de grãos
e hortaliças, antes destinadas aos animais, seriam repassadas para as pessoas,
solucionando o problema da fome mundial? Bem, as causas do problema da fome
são muitas e o vegetarianismo não pode – nem pretende – assegurar que os alimentos
chegarão a quem tem fome, porque isso esbarra em questões políticas e
econômicas que dizem respeito à conveniência do sistema de distribuição de
recursos em relação aos interesses de grandes empresas, oligarquias seculares,
aspirações imperialistas de alguns governos etc.
Por outro lado, o vegetarianismo tem uma contribuição inequívoca a dar em
termos de produtividade. Qualquer projeto cuja meta seja o combate à fome
e a implementação de um sistema produtivo sustentável, em que o uso da
terra seja otimizado de forma a satisfazer as necessidades do maior número
possível de pessoas, deverá, obrigatoriamente, considerar a ênfase no vegetarianismo.
• A maior parte dos grãos cultivados no mundo é utilizada para alimentar animais de criação. Mesmo que depois estes animais viessem a alimentar todas as pessoas – e este não é o caso –, não se justificaria tamanho desperdício: é preciso cerca de 11 a 17 calorias de proteínas de grãos para criar uma única caloria de proteína de carne bovina (a carne de peixe, frango ou
porco não oferece grande variação nestes valores).
• Como a dieta vegetariana elimina um intermediário – ou mais – da cadeia alimentar, é lícito afirmar que os grãos são usados com mais eficiência quando consumidos
diretamente por seres humanos.
• Para se ter idéia do tamanho do desperdício, um exemplo: um gato de estimação norte-americano consome, em média, mais grãos por dia, indiretamente, do que um ser humano come diariamente na Ásia, na África ou na América Latina.
• Uma fração irrisória – 0,3% – das 465 milhões de toneladas de grãos utilizados para alimentar animais bastaria para salvar da desnutrição os seis milhões de crianças menores de cinco anos que morrem todos os anos. Uma parcela de 2,5% deste total seria suficiente para erradicar a fome no Brasil. Com 50%, dá para acabar com a fome no mundo.
Conclusão
É preciso deixar claro que esse guia não pretende insinuar que o consumo de
carne seja o único nem sequer o principal responsável pelas mazelas ambientais
que a espécie humana tem causado ao planeta. Mas certamente é um dos principais,
e o que queremos aqui é enfatizar que este fator diz respeito, única e
exclusivamente, à escolha de cada um.Talvez você não possa morar fora de uma
grande metrópole, nem gastar mais para consumir alimentos orgânicos, nem
tenha alternativa para se deslocar até o trabalho em transporte coletivo. Mas a
decisão de incluir carne em seu cardápio diário está ao seu alcance e, em última
instância, só depende de você.
REALIZAÇÃO:
Sociedade Vegetariana Brasileira (SVB)
www.svb.org.br
2 comentários:
Mulher,
que foto é essa no cabeçalho do teu blog?
Fiquei arrepiada e, também, compartilho de suas preocupações.
Hoje acordei com uma vontade de escrever algo sobre o nosso planeta de um futuro próximo - sei lá, 2038 talvez.
Vou amadurecer a idéia.
Parabéns. Penso que Quando entendermos que somos um no todo
(flor, pássaro, ar, fogo, água...)
Pois é carissima amiga, também fiquei emocionada com essa foto,ela traduz o que eu quiz expressar num poema que escrevi em maio, intitulado, mulherarvore.
Escreva o seu texto, é importante que nos expressemos.
infelizmente caminhamos a passos longos para o caos, e isso é apenas realismo, não tem drama, infelizmente também as pessoas acham que a terra é um shopping center e consomem indiscriminadamente.
Espíritos mais evoluidos estão trabalhando para reverter este quadro, mas não escaparemos de pagar por tanta violação ao ecossistema.
Obrigada pela sua visita
Um forte abraço
renata
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