Há uma ferida que não sara
e sangra sempre que
o vento bate à lembrança,
sempre que vejo no espelho,
minha alma despida/refletida,
e revivo os pesadelos de criança.
Busco auto-liberação das desculpas e
dos ressentimentos, então percebo
uma fonte jorrar de dentro
do deserto de mim.
Só a palavra me conforta
e livra da morte em vida,
do estado de ser zumbi.
Re-nascida pelo batismo no Léthes,
vejo o sol brilhar mais uma vez.
Há sonhos que nos nutrem por uma vida,
não sabemos de onde eles vem, mas
são tão vívidos e nos dirigem resolutos para
lugares novos e inusitados.
Quem sabe eles nascem da ferida que sangra?
ou do grande espelho meu que, impiedoso,
reflete na cara verdades mascaradas?
É desse deserto extenso que
meu olhar vislumbra o mundo.
Incertezas, dúvidas e
dores se agregam a sonhos reluzentes
formando um rio profundo e caudaloso
que em curso sinuoso
corre para além de mim.
6 comentários:
É menina,
vejo-me menina-mulher em cada verso desses seus versos.
Beijos
e quem em dado momento da vida não se sentiu deserto, mas sabemos que no decorrer da vida há muitos oásis. bjos.
Maravilhoso, Renata.
Há tanta verdade em tuas palavras. Em meio às inevitáveis (e salutares) incertezas, proclamas algumas certezas, aquelas que o coração atesta:
"Há sonhos que nos nutrem por uma vida"
E o final, lindo:
"(...)
formando um rio profundo e caudaloso
que em curso sinuoso
corre para além de mim".
Um abraço e bom trabalho com a dissertação! De fato, precisamos de foco (eu também, neste momento, e como!). Mas deixas saudades.
Letícia.
Sei que estas de ferias, boa escirta para teu mestrado.
Mas não resisti ao passar aqui e ler este poema, estou sem palavras diante da beleza e da sensibilidade da tuas palavras nele expostas.
Beijos,
Cris
Há um deserto em mim,
Onde ecoam as palavras e as vejo em miragens.
thank you
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