19/08/2008

Pachamama

Terra mista.
Desertos, prados
e alagados fazem de ti bendita.
Gleba fértil.
Casa-lar dos seres (in)vertebrados.
Metal abundante
teu habitat dourado.
Duradouro sentido de existência
suscita o teu colo, o teu afago.
Fêmea que se auto- gerou no caos
embalada pela canção de amor
entoada pelo ser primordial.
Em tua honra, humildes, ofertamos
libações, sementes e flores coloridas.
A lua minguante
revela a face da tua cólera,
a Deusa-dragão acorda.
Explosões, ira, revolta, e o teu furor volta-se
contra aqueles que, sem razão, ou por ganância,
abrem em ti feridas das mais dolorosas.
Mas trazes a paz e o equilibrio perdidos
por meio de terremotos e ventos que
do teu poder comunica.
Treme a base da vida que,
logo em seguida,
se solidifica pela esperança
e teu ventre recobra o frescor e,
como se fosse eterna alvorada
Nutriz, a mãe generosa
propicia novas guaridas.