24/05/2010

Não- materialidade

Eu-pedra preciso cindir,
quebrar,
partir,
fazer-me em mil,
mas não posso.
Seria mais fácil cultivar a glória que,
sob o sol, é vã.
Eu-água preciso derramar-me,
fluir,
inundar,
mas não posso.
Seria mais fácil empoçar-me em desejos
e vontades sem sentido que,
sob o sol,
são apenas vaidades.
Eu-planta poderia florir,
nutrir,
multiplicar,
mas não posso.
Seria mais fácil entregar-me
ao egoísmo parasita
que corrói e intoxica.
Sim, seria mais fácil escutar a voz
de um eu enganoso
que cala vozes entusiastas,
mascarando a verdadeira identidade
a cósmica
Eu superior, big bang latente
de ações de paz e de solidariedade.
Eu-não-eu, Tu!
Que brote de nós a luz necessária.
Que saltem das cabeças e dos corações
de homens e mulheres, letras benditas e
que elas confluam em espaços de bem-dizer.
Que dessa união nasça austero o outro ser,
que chegue desfazendo maus entendidos.
Que surja um novo tempo de brotação sobre terra
para acabar com a fome de sentido,
que brote Poesia, canto de paz
para uma nova era.

bairenatabomfim

3 comentários:

Heidi Costa disse...

Que poema inspirador!
Que as palavras nele escrita sejam sementes para a Poesia que ele anseia ver florescer!

Renata Bomfim disse...

obrigada da pelo carinho!!!
Abraços
renata

Van-Ivany Fulini Sversuti disse...

Olá! Tenho minhas raizes plantadas aqui no campo, mas gosto de ler poemas de gente inteligente, e encontrei nesse site o que procuro, e o que tenho aprendido devo a pessoas assim, como vcs, obrigada! Fiquei feliz com o teu comentário sobre as minhas uvas benitaka.*Beijo*