10/06/2010

ARCANO DEZENOVE

Despi-me de tudo!
Foi difícil abrir mão da dor,
esquecer a solidão, o banimento.
Estava olhando o mar...
no horizonte, uma linha perfeita
como jamais serei.
Sou tortuosa!
Com esta visão, garatujei,
tornei-me esboço, cálice.
Estou pronta para a incerteza,
para assumir a imperfeição.
Este despertar é tão misterioso,
não sei como começou,
acho que foi escutando o silêncio.
Inunda a minh’alma
um sol de quinta grandeza,
eu te desejo toda, íntegra,
Terra amada, santa, Natureza!
Despi-me toda, sim!
para recebê-la.
Veste-me de lírios
Lilases e caprichosos,
respiro profundamente.
Quasares, buracos negros, estrelas,
tudo, tudo no céu me leva até você.
Conceda-me o dom de conhecer,
o desejo de saber um pouco mais,
a habilidade de agrupar e conceber,
a paciência para esperar,
e a paz, sim, a paz tão necessária.
Terra amada, a minha matéria,
de você toda feita, vibra e espera.
Não preciso mirar o céu para compreendê-la
chega de esperar redenção de tão longe,
há no teu leito descanso, frescor,
há promessas de amor, esperança, encanto...
Alguns homens não entendem isso.
Por esta razão, sem lógica,
que te oferto meu canto
e por todos nós peço teu perdão.

bairenatabomfim

Um comentário:

Luís Santos disse...

Maravilha de poesia! Beijos!