À memória de Rubén Darío
Na selva sagrada
os instintos afloram.
Cada planta, cada bicho, o ar,
tudo é vivo, tudo fala.
Do verde brotam
movimentos sinuosos,
sussurros, risos...
É a ninfa que do deus imponente
bebe o vinho.
Ela se torna a própria taça
transbordante de desejos.
Dionísio, em desalinho, a enreda
arrastando-a, furtivo, por entre a relva,
para que desabroche, caprichosa e perfumada.
Ela cede aos seus apelos e se deixa possuir.
Seu corpo agora é fluidez entre mãos ásperas.
É gazela. Impiedosa,
a sua lança a transpassa.
Fustigada, ela quer mais...
Agora os dentes do deus a carne se adentram
marcam-na signos criados
por seus chifres reluzentes.
A ninfa ascende entre agonias,
a selva orquestra gemidos de prazer.
Em êxtase, comungam contentes.
Ela reverencia o deus pagão
senhor dos seres desse reino.
Depois, descansa recordando o idílio,
até que a noite a cubra
com seu manto de prata.
renatabomfim
3 comentários:
Após o seu comentário vim xeretar aqui mais uma vez... Adorei, adorei, adorei.....
Vc é uma poeta amiga, uma poeta, ou melhor, uma poetisa, rs.
Lhe farei uma visita sim, e vc já está convidada para visitar a Torre de Babel tb, rs...
besos
Olá André,
é sempre uma alegria receber a sua visita nesse canto das letras. Estou sempre conferindo seus escritos agridoce e, as vezes, ácidos. Gosto da forma como vc trata de temas simples e complexos.
Abraços
renata
Muito legal seu poema. Sou fã de Dionísio, hehe. Seu site é muito legal, parabéns pela iniciativa! Um grande abraço.
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