08/01/2011

Nota triste: morre José Hygino de Oliveira, poeta capixaba

Amigos, faleceu hoje (08/01/2011) o acadêmico José Hygino de Oliveira, mais conhecido como "Taneco". Taneco era capixaba de Vitória e autor de varidas obras poéticas, ocupava a cadeira de nº 15 na Academia Espírito-Santense de Letras, cujo patrono é José Colatino do Couto Barroso. Fica aqui registrada uma singela homenagem a este importante escritor da nossa terra, por meio do seu poema:
Depois
Eu deixarei a vida e
vocês com saudade...

E o dia que partir
não chorem,
sorriam. Se
possível.
Deixe que me vá.
Será outra vida!...

Irei feliz - em busca da
paz...
Meus defeitos - não
lembrem.
Minhas virtudes, se as
tive - esqueçam.
Deixem que me vá...

APRESENTAÇÃO DE MEMÓRIAS DO COMENDADOR JOSÉ H. DE OLIVEIRA – TANECO
Por Ester Abreu Vieira de Oliveira
Membro das academias ALES e AFESL, do IHGES, da APEES e Professora da UFES

Estive na casa de José Higino de Oliveira, o escritor e amigo Taneco, para apanhar a boneca do livro Memórias, que será lançado este ano. Logo na entrada de sua casa, vê-se a mesa de jantar coberta, não com uma toalha bordada ou de fina renda, mas com quadros coloridos e de tamanhos variados documentando as muitas homenagens recebidas no país e no exterior, por suas atividades de excelência profissional e por sua atuação como escritor.
É grande o trabalho de Taneco como escritor. Desde 1992 com Vida, seguido por Meus versos, 95; Cidade de Palha, 97; Obrando com a cabeça 98; De tudo um pouquinho, 99; Sombra e silêncio, 2000; Recuerdos, 2004; Dedicado a minha Vila Rubim, 2005, recebo, acompanhados de carinhosas dedicatórias, os livros do nosso Taneco, que, em prosa e verso, filosofa, recompõe vidas de pessoas amigas, revive lugares, ruas, praças e recorda a sua própria trajetória, exemplo de honestidade, de dedicação ao trabalho, e de sustentáculo da família.
Em Memórias, onde se encontram textos, guardados no baú do coração, que serão retirados para adquirir vida. Na abertura, uma foto do orgulhoso profissional, sentado junto a uma máquina de costura, deixa ver a falta de limites entre a vida e a obra do autor. Nessa fotografia, mostra-se Taneco, como iniciou a sua vida de trabalhador desde a mais tenra idade, no meio dos alinhavos e das tesouras, juntando pontos para cobrir os elegantes senhores de Vitória.
A união das telas coloridas marca o começo de tudo. E em Memórias, com essa imagem, será dado o início de uma obra que se insere na Pós-modernidade, não pelo alinhavar das recordações mas pelo caráter variado de gênero - poesia, discurso, crônica, carta e decreto.
Nessa miscelânea de textos de sua própria lavra, de textos recebidos de amigos, além de texto de caráter oficial, encontra-se “a fortuna crítica” do escritor. Taneco não publica suas Memórias para vangloriar-se, mas para nela prestar homenagem à sua mãe, à sua neta, a seus amigos. Assim, como uma forma de agradecimento, inclui textos de companheiros de caminhada. Ali estão os textos de Mesquita Neto, Willis Rosetti, Alencar Garcia Freitas, Eurico Rezende, Aylton Bermudes, Arnaldo Bastos, Rui Vieira da Cunha, Ciro Vieira da Cunha, Jones dos Santos Neves, Alencar Garcia de Freitas.
Em sua poesia, imaginação e realidade se atrelam para transformar o mundo, embelezando-o, como se pode ver no fragmento de Memórias: “A Terra, o Mar, o Céu /A Natureza/ Tudo é belo/ Na imaginação do Poeta”, (p. 68). Com graça e ironia, vê a beleza de um pé de uma desconhecida numa sala de espera em um consultório e o personifica: “seus pés (...) mais parecem, com um rosto de fino trato, seus pezinhos sorriam, mostrando os dentes em cores escarlates, e eu a rezar da SAFADAGEM para poder gozar por mais alguns momentos daquele cenário, quanto mais eu rezava, melhor eu via o brincar dos dedos daqueles lindos pés cuidadosamente tratados, repousados em uma delicada sandália de um solado fino e saltos baixos, dando-lhes um acabamento perfeito, quanta vontade de acariciá-lo.” (p. 37)
A grande humanidade do escritor José Higino lateja em cada página do livro. Nota-se nele, como em outras obras, uma preocupação permanente pelo bem estar universal. Filósofo, silenciosamente sofre, torna-se pessimista, fogem-lhe esperanças, entristece-se pelo passar do tempo: “Oh que tristeza profunda quando/ ao acordar, tenho que ver outro amanhã”. (p.30) “[...] Alegres vemos o ano que se desperta, não reparando que ele também é menos um passo para a vida....Com o decorrer dos tempos, as alegrias não são mais as mesmas de outrora [...]” (p. 39)
Em sua “vida bem/ vivida, representando o trabalho/ e a luta diária pela sobrevivência...[...]” (p, 21) foi-se formando o Taneco entre telas e palavras, que ele oferece ao leitor.
(Obrigada a profª Ester Abreu pelo envio da foto e pelo texto)

Não deixem de conferir no blog ANÁLISE, um registro sobre o poeta capixaba Taneco, escrito pelo seu confrade Getúlio Marcos Pereira Neves.

6 comentários:

Anônimo disse...

Tenho muito orgulho de dizer que sou neta de Taneco. Meu avô sempre foi um homem justo, íntegro, honesto e extremamente amoroso. Foram 98 anos (quase 99) de uma vida feliz, intensa e sublime...Hoje, tenho certeza, o céu está em festa. Ao meu avô, obrigada por tanto amor, repeito, paz e humildade. Meu coração hoje é todo seu! Vanice

Renata Bomfim disse...

Olá vanice, meus sentimentos á você e toda sua familia. Com certeza seu avô deixa um legado de trabalho e muitoas pessoas amigas, nota-se peça fala carinhosa da professora Ester e de outros escritores e da sua como neta.
Um forte abraço
Renata Bomfim

Anônimo disse...

Queridas Renata e professora Ester, nosso muito obrigada pelo palavras de conforto e de carinho para com meu avô Taneco e nossa família. Vovô certamente deixou um "rico legado" de poesias, trabalhos, livros e amigos(as). Já fazem 11 anos que estou fora de Vitória, mas anualmente estamos ai para rever a familia e amigos. Neste momento minha maior tristeza é não poder estar ai neste momento, perto de meus pais neste momento difícil. A emoção é muita, principalmente pela nobreza com a qual meu avô ergueu nossa família. Muito do que somos vem dele, um homem maravilhoso, de personalidade forte e de um coração puro e bondoso. O "Menino da Vila Rubim" que tecia poesias de amor, simplesmente AMOR! Obrigada pelo grande carinho, Vanice & Família

Anônimo disse...

Vanice e Família,
É triste a partida, mas nos conforta saber que linda história de vida Sr. Taneco viveu e escreveu. Foram anos de vida, luz, conhecimento, amor, amizade transmitidos e conquistados por ele. Que ele descanse em paz junto a Deus. E fica a saudade, como ele mesmo escreveu no lindo poema "Depois".
Abraços de coração, Suzi.

Fleury disse...

Meus sentimentos aos familiares e amigos do Sr. José Higino!
Abraço,
Karina Fleury.

Anônimo disse...

Meus sentimentos aos famíliares do poeta.
Denise Moraes.