Abri o peito para arrancar um poema
Rasguei as camadas de seda fosca
que encobriam o coração
busquei palavras imemoriais.
Minhas mãos tremiam
e o poema resistia em vir à luz.
Acendi uma vela e evoquei
(com um fiapo de fé)
as benditas letras.
Pedi que viessem por amor
em repeito a minha dor
pela humanidade perdida.
Logo um coro de vozes viscerais se formou
Ecoaram cantos tristonhos:
Desgostos, mágoas e assombros.
Fechei, com pressa, o peito pasmado
Emendei os mantos rasgados,
Fechei cada fenda.
Vi algo estranho do outro lado
de fora acenavam, lúcidas,
as palavras que busquei:
amo, amas.
renata bomfim
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