01/01/2012

Louvação

Não me canso de cantar
Embora a carne esteja lacerada,
as mãos vazias e os pés descalços.
Canto por estar aqui e não ter nada
além da voz que insiste em ir para além de mim.
Não sei de onde vem essa luz
que me impulsiona apesar da dor e
das ruínas ofensivas.
Encontro alegria!
Louvo o humor de Deus e a irreverência
de sua paleta divina.
Louvo o dia cinzento e chuvoso,
os raios luminosos que riscam o céu.
Louvo as nuvens leves que passeiam displicentes
para depois se precipitarem
sobre as flores, as pedras e as gentes.
Louvo o vento feroz que comunica o seu poder
e louvo, especialmente, a dádiva de não ser.