Estou frustrada.
Leio os poemas felinos
Do Baudelaire, da Dal Farra,
Tento fazer igual, fazer melhor,
E nada!
O poema dá um salto, mia,
Pula alto, arranha o sofá,
bebe água na pia...
Eu o chamo: xiuwiwiwiwiwiw,
Vem aqui poemagato
(uso o tom de voz mais suave,
quase sussurro)
Quero sentir o seu pelo macio,
XXXXXXXXXXXXXXX O cheiro,
Admirar os ângulos perfeitos,
As patas resolutas, os olhos que
Calculam o salto preciso, a calda...
Peço a ele: ― deixa eu te carinhar?
O poema se aproxima sinuoso,
ritmado, com manha...
Parece uma aranha faminta
Tecendo e tecendo para
Capturar desejos alheios.
Eu me pego entregue, vencida
Pela beleza bruta, enfeitiçada!
Em matéria de gatos
Sou poeta gabaritada
Na arte da contemplação!
RB, Vitória, 05-01-2014
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