Elas viriam.
E haveriam de pousar,
descendo em círculos
com o clap-clap de suas asas
- penas líricas
manchadas de sangue
e terra.
Nas mãos abertas,
grãos de silêncio.
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Amigos,
a obra poética do escritor alagoano Mauricio de Macedo revela um embate com a palavra: "semente de luz", "larva", "lavra" ("LUME"). O leitor, assim como propôs Jauss, é participe na produção de sentido e, dessa maneira,"cada olhar", "cada balbucio" é importante, pois, torna-se uma via de aprendizagem e exercício da palavra. A construção poética, assim como a vida, é feita no momento, e o ser, confrontado com o destino, assim como Sísifo deve sustentar a "pedra". É na "contramão do tempo" que: "a gente carrega,/ andando em círculos/ feito um condenado...". Ah! os poetas... sempre lançando setas de esperança pelo mundo... olhem o que diz o poema: "Tirar das costas a pedra/ e libertar da pedra/ a metáfora/ como quem substitui a pedra/ por asas de borboleta" ("CINZEL"). "Antes do desejo/ e depois da fala", a poesia ("Tormento de Tântalo,/ embriaguez de Ícaro") ("POESIA"), é também "pássaro branco" que "se arrasta com a asa ferida" ("CONFESSIONAL"). É possível se auscultar na poética de Mauricio de Macedo, entre outras vozes, as de Maiakovski, Sylvia Plath, Camus, Poe. O poeta dialoga proximamente com Neruda e Vargas Llosa. O tema "Lume" se justifica na obra. Palavras como "clarão", "fogo", "Brilho", "fulgor", "saber", são orquestradas com sombras e lançam o leitor num ambiente misterioso, como o provocado pelo chiaroscuro da pintura renascentista. Essa luminosidade incide sobre os objetos simulando volumes, abrindo planos e perspectivas. Li o poemário com grande interesse e recomendo a sua leitura. Abraçoamigo dessa poeta capixaba...*RB
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