Ana Paula Tavares e Renata Bomfim. Lisboa/dez. 2013 |
Resumo:
A poeta e historiadora angolana Ana
Paula Tavares possui uma escrita que traz no seu bojo variadas imagens da sua
terra natal: costumes, sabores, cores, ritmos e sentimentos. Sua obra expõe,
também, feridas provocadas por um processo histórico conturbado que fez com
que, além dela, outros escritores angolanos empenhassem a pena em prol da
construção de uma literatura não excludente e comprometida com a liberdade. Ana
Paula Tavares cultiva a palavra, trabalha cuidadosamente a espacialização do
poema, escolhe os vocábulos como quem separa sementes. Desse processo criativo
brotam poemas que cantam a vida, com cenas bucólicas onde encontramos o boi, o
homem simples com sandálias de couro, o corpo lavrado. A poeta reflete sobre a
condição feminina denunciando a escravidão cultural, a segregação étnica, seu
canto também possui um erotismo premente. Mitos, ritos e valores que o mundo
construído pela poesia evoca é a matéria prima que utiliza na construção de uma
obra polifônica e de forte lirismo. Tomamos como suporte nesse estudo a critica
pós-colonial, que questiona a perspectiva colonialista da história, e valoriza
vozes que foram durante muito tempo esquecidas. Como bem disse Frantz Fanon, o
escritor que escreve
para o seu povo deve utilizar o passado com o propósito de “abrir o futuro,
convidar a ação, fundar a esperança”. Amparada nas palavras de Fanon, e a
partir dos arcabouços apresentados, propomos a analisar a memória viva na poesia de Ana Paula Tavares.
Palavras-chave:
Ana Paula Tavares, Poesia, Mito, Pós-colonialismo.
“A poesia resiste à falsa ordem, que é, a rigor, barbárie e
caos, aferrando-se à memória viva do passado”, declarou Alfredo Bozi em O
ser e o tempo da poesia (2010, p. 169). Observamos na escrita de Ana Paula
Tavares a confirmação deste caráter de resistência da poesia destacado pelo
pensador brasileiro. Ana Paula Tavares é uma poeta comprometida com a história.
Óbvio, − poderiam dizer −, afinal, ela é historiadora por formação. Mas,
percebemos que o interesse da poeta em manter viva a memória de sua terra, possui
um tom que se reforça pela via de sua identidade e da cidadania.
Ana Paula Tavares nasceu em Lubango,
província da Huíla, Sul de Angola, em 1952, é mestre em Literatura Africana de
língua portuguesa. Doutorou-se com a tese “Memória, Identidade e História”, fruto
de pesquisas realizadas sobre as sociedades Luanda e Cokwe, tendo como aporte
basilar a obra do viajante português do século XIX, Henrique Dias de Carvalho.
Professora, apanágio
daqueles que tem como profissão de fé o compartilhar o do conhecimento, Ana
Paula Tavares possui passagens como trabalhadora por variadas instituições
educacionais e de cultura, é escritora também de obras em prosa, e colabora com
textos em jornais e revistas.
Chamou–me a atenção, a
forma como, na obra Africae Monumenta
(2002, p. 471), Ana Paula alerta o leitor para a importância da arte
pictográfica africana, pondo em xeque a radicalidade da historiografia
tradicional, que afirma a inexistência de fontes escritas endógenas para a história
de algumas regiões africanas, dentre elas Angola[1],
restringindo apenas à oralidade e a arqueologia o resgate de sua história. Para
a escritora “o oral e o escrito não podem ser tratados como países autônomos de
fronteiras rígidas” (2009, p. 225). Outro
caso, este no texto intitulado Cinquenta
anos de literatura angolana[2],
publicado em 1999, Ana Paula
questiona o silêncio monolítico na poesia angolana e destaca que este “silêncio
aparente é povoado por vozes de estatura e estrutura muito diferentes” (2013). Em Origens, capitulo da sua obra poética Dizes-me coisas margas como frutos (2001), encontramos os versos:
Guardo
a memória do tempo
Em
que éramos vatwa
O
dos frutos silvestres
Guardo
a memória de um tempo
Sem
tempo
Antes
da guerra
Das
colheitas
e
das cerimônias
(TAVARES,
2001, p. 10)
Neste poema, que considero um dos mais belos deste
poemário, observamos a afirmação do não esquecimento, a orquestração das
lembranças de um tempo quando “éramos vatwa”, ou seja, originais da terra,
antes das migrações, invasões e partilhas do território que hoje conhecemos
como Angola. A memória evoca uma paixão que nos toca, move e transforma, pois,
como bem destacou Ecléia Bozi (2003) estamos todos ávidos e sedentos de passado:
Tão manso é lago dos teus olhos
Que
temo avançar as mãos
Cortar
as águas
E
semear o espanto na descoberta
Da
minha sede antiga
(TAVARES,
2001, p. 19)
Acredito que vem daí
grande parte do encantamento da poesia de Ana Paula Tavares, ela sacia a nossa
“sede antiga” com memória de quem realmente somos, traz à luz a expressão de
uma humanidade esquecida, que deveria ser o traço básico de nossa constituição
coletiva. O eu poético transita entre o passado e o presente nos convidando a
prospecção de um futuro comprometido com o devir:
Amado,
onde perdeste a tua língua de metal
A
dos sinais e do provérbio
Com
o meu nome inscrito
Onde
deixaste a tua voz
macia
de capim e veludo
semeada
de estrelas
Amado,
meu amado
O
que regressou de ti
É
a tua sombra
Dividida
ao meio
É
um antes de ti
As
falas amargas
como
os frutos.
(TAVARES,
2001, p. 9)
Neste poema eu poético convida para o regresso há um tempo
fora do tempo, antes da guerra, quando o homem, íntegro, tinha a voz macia e
aveludada. Via poesia podemos voltar a este tempo e perceber como ele contrasta
com o tempo do “sal e da culpa”, dos “celeiros esvaziados”, quando impera a
fome, inclusive fome de amor e de fraternidade.
O homem amado é chamado a se reconhecer, a redescobrir a
sua verdadeira identidade, ele é alertado para o desenraizamento que desagrega
e amarga a vida e as palavras. Considero este poema emblemático, visto que nele
incide o brilho de um significado coletivo. Para Ana Paula Tavares a memória coletiva
se confunde com a história, mas, não o é, pois, embora trabalhe com os mesmos
materiais, e reconstitua o passado em função do presente.
O colonialismo marcou a história de muitos países. A Angola
sofreu sob o jugo desse poder, e o corpo de sua escrita expõe as marcas. O
sistema colonial, utilizou um rico arsenal para implementar a dominação e, como
destacou Frantz Fanon[3]
(1979), a retirada destes do território colonizado, não apaga a história de
barbárie (deportações, massacres, trabalho forçado, escravidão) geralmente
ocultada, e que resultaram na falta de familiaridade do colonizado com os seus
próprios mitos, nomes e identidade. Ana Paula desafia a agenda colonial por meio
da sua poesia, ao questionar a perspectiva colonialista da história, e esboçar
uma geografia mítica de sua terra que, durante muito tempo, foi ocultada, e a
sua poesia provoca um rasgo no discurso colonial ao rememorar o tempo vivido e
resgatar um tempo marginal e perdido.
Jorge Macedo (2003, p. 47) destacou que Ana
Paula Tavares “orquestra liricamente os sentidos antropológicos emergentes da
vida rural”, geralmente banidos dos discursos oficiais. Corroboramos esta
afirmação ao observarmos a forma cuidadosa com que a poeta cultiva a palavra, como
trabalha cuidadosamente a espacialização do poema, escolhe os vocábulos como
quem separa sementes, desse processo criativo brotam poemas que cantam a vida,
com destaque às cenas bucólicas. Encontramos o boi: “Boi, boi,/ Boi verdadeiro/
Guia a minha voz/ Entre o som e o silêncio (TAVARES, 2001, p. 8). Na representação do boi, animal que
sempre fez parte da vida do homem, e que foi contextualizado em variadas
culturas, geralmente tendo destacada a sua força de trabalho que elevou cidades,
e arou a terra para o cultivo, se vê o respeito para com outro ser vivo. Na contemporaneidade o boi se transformou em
um problema ambiental, e na mais patente mostra do desnorteio de sentido de
vida social. A criação de gado para o abate responde em muitos países
tropicais, inclusive o Brasil, por grande parte do desmatamento das matas
nativas. Ana Paula Tavares reinsere o boi no espaço mítico e comunitário, conferindo
ao animal o respeito e a dignidade devidos. Para a poeta os mitos têm
propriedades especiais, pelo seu caráter de ambíguo, e pelos equívocos que
produzem em tópicos que se dividem nos seus opostos e na mediação que a sedimentação
do tempo legitima. Bozi (2010, p. 169) destacou que a poesia refaz zonas sagradas que o
sistema profanou: “o rito, o mito, o sonho, a infância, Eros”, e desfaz “o
sentido do presente em nome de uma liberação futura”, o que faz com que o ser
da poesia contradiga o ser do discurso corrente. A poesia de Ana Paula Tavares
resiste a falsa ordem denunciando a escravidão cultural e propondo reflexões,
especialmente, sobre a condição feminina. O passado está aberto para o eu
poético, é importante rememorar, questionar, auscultar a sabedoria dos mais
velhos:
De que cor era o meu cinto de missangas, mãe
Feito pelas
tuas mãos
E fios do teu
cabelo
Cortado na lua
cheia
Guardado no
cacimbo
No cesto
trançado das coisas da avó
[...]
De que cor era
aminha voz, mãe
Quando
anunciava a voz junto a cascata
E descia
devagarinho pelos dias.
Onde está o
tempo prometido pra viver, mãe
Se tudo se
guarda e recolhe no tempo da espera
Pra lá do
cercado.
(TAVARES,
2001, p. 23)
A poetisa pinta um
retrato da vida efetiva, familiar, revela aproximações e afastamentos, recolhe
o espólio do abandono, mas o eu poético jamais deixa de amar. O amor perpassa
os escritos de Ana Paula dando forma a imagens de forte lirismo. Ela nos faz
saber que em tempos de guerra o que restava era “a noite única”, “no lugar do
coração antigo” (2001, p. 14) e que um homem bêbado “de seu próprio sangue”,
“mal vê a voz de anunciar princípios” (2001, p. 14), pois, ele:
Perdeu
a capacidade do gesto
Não
consegue deixar o rastro
[...]
As
mãos já não são mãos
Mas
um tecido de veias
Que
pingam sangue no útero da flor.
(TAVARES,
2001, p. 17)
Como bem destacou
Frantz Fanon (1979, p. 193), o escritor que escreve para o seu povo deve utilizar o passado com o
propósito de “abrir o futuro, convidar a ação, fundar a esperança”. O poema
Mukai (2) nos fala do ventre semeado que deságua a cada ano, e de seus
frutos..., feitiço que faz com que a alma acorde e a voz olha para os silêncios
milenares. A lembrança se paralisa com o mutismo, é preciso falar. Há muito se
conhece o poder terapêutico e curativo das palavras, a memória pode se tornar
um apoio sólido da vontade e matizar projetos. Ana Paula Tavares faz de sua
poesia um espaço de vibrante de engajamento, regressamos com ela a este tempo
fora do tempo com vistas a avançar na compreensão do presente, e na conquista
de uma comunhão á muito perdida entre os homens e a natureza. O passado aberto
e inconcluso saúda a memória, Viva! O mundo se reconstrói
oniricamente, o eu lírico sonha que “nascem tartarugas dos olhos dos anjos” e o
anjo voa “a voz da tartaruga” (TAVARES, 2001, p. 18). Este poema nos remete ao
mito da queda, não haverá Eva descoberto fomes imemoriais na calmaria do
paraíso? A mulher é um elemento chave para se pensar o mundo.
Respira
mansa a superfície do lago
Silêncio
e lágrimas pesam-lhe as margens
Uma
mulher quieta enche as mãos de sangue
Cortando
o azul da superfície de vidro.
(TAVARES,
2001, p. 20).
*
Tristezas
os olhos
Que
não tem o brilho de contar
[...]
Tristezas
os olhos
De
onde me olhas
Detrás
de um tempo passado
O
tempo das promessas antigas.
Teus
olhos, amado,
São
os olhos de alguém
Que
já morreu
E
ainda não sabe.
(TAVARES,
2001, p. 22)
Para não morrer nos
“lábios de prata” do amado o eu lírico se metamorfoseia, “pássaro e serpente”,
“mulher e gente”, “sonho e cabaça fechado”, e ao mesmo tempo não ser “mulher,
pássaro e gente” (TAVARES, 2001, p. 24).
Vaca
fêmea, guia bem amada dos rebanhos
A
que não salta, não corre,
Avança
lenta e firme
Lambe
as minhas feridas
E
o coração.
(TAVARES,
2001, p. 29)
Na obra O lago da lua (1999) Ana Paula Tavares desafia as forças da
natureza, “rasga a noite”, seu canto é premente e libertário.
Aquela
mulher que rasga a noite
Com
o seu canto de espera
Não
canta
Abre
a boca e solta os pássaros
Que
lhe povoam a garganta
(TAVARES,
1999, p. 17)
Os temas eróticos e
sensuais, após o afrouxamento dos tabus e moralidades da época colonial,
emergem com força e podem ser observados, especialmente, no poemário publicado
em 2001, intitulado Dizes-me coisas
amargas como frutos, onde o eu poético,
no poema Amargas como fruto,
indaga: “Amado, porque voltas/ com a morte nos olhos e sem sandálias/como se um
outro te habitasse/num tempo/ para além/ do tempo todo./ Amado, onde perdeste
tua língua de metal/ e dos sinais do provérbio/ com o meu nome inscrito/ Onde
deixaste a tua voz de capim e veludo/ semeada de estrelas/ Amado, meu amado,/ o
que regressou de ti/ é a tua sombra/dividida ao meio/ é um antes de ti/ as
falas amargas/ como os frutos” (MACEDO, 2003, p. 50).
Em uma entrevista
concedida a Cláudia Pastore, da USP[4],
quando perguntada se a poesia angolana pode ser abordada como uma poesia de
gênero, Ana Paula Tavares respondeu:
Até muito pouco tempo isso não era preciso. A voz da mulher realmente não tinha uma identidade, embora houvesse vozes femininas que tinham construído seus trabalhos em determinados momentos, como a poesia sobre a terra... mas eu penso que essas mulheres, incluindo dentre elas Alda Lara, não tinham ainda uma consciência das particularidades do “eu feminino” dentro daquele universo”. [...] É muito difícil nós falarmos da poesia de gênero... (SANTOS; GIOVETH, 2005, p. 26).
É indiscutível que a
poesia angolana trouxe para um plano de destaque as inquietações e
problemáticas da mulher, especialmente da mulher angolana, como destacaram
Santos e Gioveth (2005, p. 27): “olhamos para a vida política e econômica e
concluímos que ainda não estamos bem representadas. Interessa, acima de tudo,
que, nos diversos discursos, esse mesmo “eu feminino” construa o seu verbo,
partilhando espaços, interesses e fazendo convergir as utopias”,
Mulher VIII
Que
avezinha posso ser eu
Agora
que me cortaram as asas
Que
mulherzinha posso ser eu
Agora
que me tiraram as tranças
Que
mãe grande posso ser eu
Agora que me levaram os filhos
(SANTOS; GIOVETH, 2005, p. 187)
Xamã e curandeira, o eu
poético feminino guarda no seu “corpo perfeito”, “feitiço forte”, e o
compromisso de manter aceso “o fogo sagrado” (TAVARES, 2001, p. 13). O corpo é
tear privilegiado onde as cores da vida do amado se cruzam, ela é a “floresta
fechada” onde o homem perdido guarda “a chave e o provérbio” (2001, p. 14). O
tempo é de espera, o sol já se pôs, “e não vinhas, amado”, as tranças do cabelo
mudaram de cor, a casa limpa, “e não vinhas, amor”, “chamei os bois pelo nome/
todos me responderam”, somente “tua voz se perdeu” (TAVARES, 2001, p. 14). A sensibilidade
da poetisa se encaminha para a emancipação da mulher que, durante muito tempo,
esteve subjugada sob os valores de uma cultura étnica. A crítica social está
presente na sua poesia impregnada de cenas bucólicas, como observamos no poema Colheitas: “De dez em dez anos/ cada
circulo/completa sobre si mesmo/ uma viagem/nasce-se brota do chão/ e dez anos
depois o primeiro/ forma-se espera e cai/ por gravidade/ ao décimo oitavo dia/
entre dez e dez anos/ prepara-se para a semente (MACEDO, 2003, p. 48).
A poetisa encarna o
conhecimento da tradição e o seu canto é premente. Ela denuncia as imposições
que a comunidade étnica submete a mulher, seu canto é libertário. A linguagem
poética se revela em imagens de grande beleza e plasticidade:
Amada
Vestiste
os passos de chuva
Para
assistires meu fim
Das
noites antigas
Vens
com os mesmos passos
Das
noites antigas
Quando,
vestida para o amor,
Me
preparavas o tempo
Com
os óleos sagrados da espera
Amada,
tens os olhos vermelhos
Do
sal e da culpa
Os
celeiros estão vazios
As
crianças sem leite.
(TAVARES,
2001, p. 11)
No poema Rapariga
o eu lírico expõe a condição feminina, “Cresce comigo o boi com que me vão
trocar/ Amarram-me já às costas” (TAVARES, apud MACEDO, 2003, p. 74). Ao passo
que denúncia a escravidão cultural, nos permite entrever a vida da gente
campesina com seus valores, ritos e mitos, reconstruindo a memória do
cotidiano, avesso oculto da história hegemônica. A sociedade de consumo não
possui relíquias, nela os objetos são descartados.
Trago nas pernas as pulseiras pesadas
Dos
dias que passaram...
Sou
do clã do boi...
Dos
meus ancestrais ficou-me a paciência
O
sono profundo do deserto,
A falta de limite...
Da
mistura do boi e da árvore
a efervescência
o desejo
a intranquilidade
a promiscuidade
do
mar
Filha
de Huco
Com
a sua primeira esposa
Uma
vaca sagrada
Concebeu-me
O
favor das suas úberes.
(MACEDO,
2003, p. 74).
Foi buscando os vestígios da resistência do seu povo em
cada lugar possível, e trazendo à luz omissões e traços da sensibilidade do
povo, que a poesia de Ana Paula Tavares, imbuída de potência combativa e
tendo como chave a apropriação que faz do passado, nos faz sonhar com um futuro
melhor.
Referências:
1-
Africae
monumenta: a apropriação da escrita pelos africanos: Volume
I- Arquivo Caculo Cacahenda/ Edição, introdução, glossário e textos por Ana
Paula Tavares, Catarina Madeira Santos- Lisboa: Instituto de Investigação
Científica Tropical, 2002.
2-
BOZI, Ecléia. O tempo vivo da memória: ensaios de psicologia social. São Paulo:
Ateliê Editora, 2003.
3- BOSI,
Alfredo. Dialética da Colonização.
São Paulo: Companhia das Letras,
1992.
4- BOSI,
Alfredo. O ser e o tempo na poesia. 8. ed. São Paulo: Companhia das
Letras, 2000.
5-
FANON, Frantz. Os condenados da terra. 2. Ed. Rio de Janeiro: Civilização
brasileira, 1979.
6-
História
de Angola. República Popular de Angola- Ministério da
educação, 1976.
7-
MACEDO, Jorge, Poesia Angolana 1975-2002: apontamentos históricos. Luanda: União
dos Escritores Angolanos- Práxis1, 2003.
8-
SANTOS, Seomara; GIOVETH, Filomena. O amor te asas de ouro: antologia da
poesia feminina angolana. Luanda: União dos Escritores Angolanos- Guaches da
vida, 2005.
9-
TAVARES, Ana Paula. História e memória: Estudo sobre as sociedades Luanda e Cokwe de
Angola. Dissertação de doutoramento, Faculdade Ciências Sociais e Humanas da
Universidade de Lisboa, 2009, 336p.
10-
TAVARES, Ana Paula. Cinquenta anos de
literatura angolana, Disponível <http://www.fflch.usp.br/dlcv/posgraduacao/ecl/pdf/via03/via03_10.pdf>.
Acesso 19 de Nov. de 2013.
[1] Observamos nos livros de
história de angolana pesquisados, entre eles História de Angola (1976), publicado pela República Popular de
Angola, Angola figura como sendo uma região habitada por povos ágrafes, ou
seja, sem escrita, antes da chegada do colonizador, e que apenas depois do
primeiro contato dos habitantes do reino do congo e do Ndongo com os
portugueses, surgiram as primeiras informações escritas sobre a região,
restringindo à tradição oral como única fonte capaz de suprir as lacunas de sua
história. Estas afirmações são questionadas por Ana Paula Tavares.
[2] Ana Paula neste
artigo destaca escritores como Tomás Vieira da Cruz, português que viveu em
Angola e construiu uma vasta obra, as de Lília da Fonseca e Geraldo Bessa
Victor, ainda as de Castro Soromenho, Antônio Jacinto, entre outros.
[3]
Frantz Fanon na obra Os
condenado da terra (1979, p. 30) destacou que o mundo colonial é um mundo
dividido em compartimentos, cindido em dois, maniqueísta, e habitado por
espécies diferentes. A linha divisória, ou seja, a fronteira entre estes dois
mundos, do colonizador e do colonizado, é indicada pelos quartéis e delegacias
de polícia, o soldado é porta-voz do colonizador e do regime de opressão. Os
costumes do colonizado, suas tradições, seus mitos, sobretudo seus mitos, são a
própria marca dessa indigência, dessa depravação constitucional.
Nenhum comentário:
Postar um comentário