É carnaval...
O brilho da festa,
Engana os sentidos,
Abafa os gemidos de dor
Do pavão,
Do faisão,
Do avestruz,
Do papagaio,
Da arara.
Aves singulares, raras,
Que pulsam a beleza bruta,
E despertam no homem o desejo
de voltar a ser natureza.
Depenadas sem piedade,
Suas plumagens dão forma a adereços,
Símbolos da saudade, da nostalgia
De um tempo perdido que, penso,
Não poderá, jamais, ser revivido:
Quando tinhamos consciência de que,
Também, somos animais.
Os refrões carnavalescos repetem,
Pelas ruas e avenidas,
(Como discos arranhados)
discursos que caem na boca do povo:
Falam de paz, de amor e de fraternidade,
Elogiam a compaixão, a boa vontade, o respeito,
E batem no peito como se soubessem
O sentido real da palavra
SUSTENTABILIDADE.
As palavras, vazias, são vorazmente devoradas,
Mas não alimentam a alma.
Na quarta-feira sai o bloco dos zumbis
Lavando, com vômito, as calçadas.
Foi carnaval...
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14/02/2015
É carnaval... (poema de Renata Bomfim)
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