30/03/2015

O silêncio da Medusa (Renata Bomfim)


A pedra retribui o carinho
do olhar.
Os lábios fixos ocultam
um jogo erótico.
Medusa sorri.

A dureza dissimulada 
do homem de carrara,
denuncia o gozo contido,
de um coração que pulsa
apenas na intenção.

O organismo complexo e fértil
torna-se acessível:
heras brotam de suas narinas.

O jardim da caluniada Medusa
guarda
exemplares singulares:
seu tesouro!
seu orgulho!

Machos exemplares,
rijos como o amor 
que lhe dedicam.

Incompreendida, só,
mal vista e mal dita,
Medusa guarda silêncio,
já não necessita das palavras:

A pedra é consolo e guarita.


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