O texto “Colóquio das Árvores: a natureza pulsante de Renata Bomfim”, foi escrito por Lina Arao, Pós-Doutoranda em Ciência da Literatura pela Universidade Federal do Rio de Janeiro. Essa resenha crítica sobre o meu livro mais recente foi publicada na conceituada revista Todas as Musas, ano 8, volume 2, dedicada à literatura de autores de Angola, Cabo Verde e São Tomé e Príncipe.
"No esclarecedor prefácio ao livro escrito pela professora Ana Luísa Vilela, destacase,
acerca do instigador poema “Identidade X”, a “autenticidade feminina”, plural e
contraditória, sendo, por isso, não-rotulável e flexível. Tais características são adequadas
também para outros poemas de Bomfim, sobretudo aqueles que se relacionam com a
construção de uma identidade poética feminina.
É notável, nesse contexto, o duplo
movimento empreendido pela escritora, que, por um lado, aproxima-se de uma espécie de
“tradição” ou “herança” literária de autoria feminina, ensejando a recuperação de algumas
imagens recorrentes, como a identificação do sujeito poético feminino com a imagem do
pássaro; por outro lado, essa associação, nos poemas de Bomfim, transforma-se para
alcançar o empoderamento, a autoafirmação de uma subjetividade feminina.
Se muitas
poetisas oitocentistas valeram-se da figura da ave para de alguma maneira simbolizar os
ímpetos de liberdade ao mesmo tempo em que enfatizavam a condição de vulnerabilidade
feminina característica do período, em “O canto da harpia”, por exemplo, Bonfim relata a
transformação do eu lírico em harpia, de “indecentes e fortes plumas” e de “imensas
asas”, cujo voo abarcador não revela fragilidade, mas a crença em sua capacidade de
transpor limites e abarcar o “universo selvagemente novo”.
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