Virgínia Gasparini Tamanini foi uma importante escritora capixaba muito atuante na história literária espírito-santense. Nasceu em 1897 na Fazenda Boa Vista em Santa Teresa, filha de imigrantes italianos. Era autodidata e se dedicou intensamente a vida literária escrevendo romances e poesias. Em 1926 mudou para a cidade de Itapina, onde viveu por 23 anos e escreveu parte do seu primeiro romance KARINA, depois mudou-se para a cidade de Vitória, onde residiu até o fim da vida vindo a falecer vítima de pneumonia aos 93 anos.
A escritora ingressou na Arcádia Espírito Santense e fundou com outras escritoras a Academia Feminina Espírito Santense de Letras. Montou e dirigiu peças de teatro, foi membro da Comissão Julgadora do concurso de contos promovido pelo jornal A Gazeta de Vitória, membro da Comissão Julgadora do Concurso Literário promovido pelo Lions Clube de Vitória, recebeu Menção Honrosa em concurso promovido pela Academia Internacional de Letras pelo poema “Criança Pensa”, ocupou a cadeira de número 15 da Academia Espírito Santense de Letras, recebeu o título de “Cidadã Vitoriense” da Câmara Municipal de Vitória e de “Cidadã Colatinense” pela Câmara Municipal de Colatina. Também era pintora e houve exposição de suas pinturas na Galeria Homero Massena, pela Fundação Cultural do Espírito Santo; e na Fundação Cultural do Distrito Federal. Sua antiga residência, em Itapina, foi tombada como patrimônio material.
Karina foi seu primeiro romance publicado em 1964 e teve 11 edições. O romance narra em primeira pessoa a história da jovem imigrante Karina que saiu contra a vontade dos pais, da Itália, juntamente com seu marido e outros imigrantes seus compatriotas em busca de riquezas, terras e uma vida melhor na América. Mas antes mesmo de desembarcarem em terra firme o grupo de estrangeiros começa a se dar conta de todas as dificuldades que iriam encontrar nessa aventura. Ao chegarem no Espírito Santo começa um grande calvário na vida desses personagens e Karina vai narrando cada importante detalhe: a rotina, o trabalho, as perdas, a total falta de estrutura, o medo. Mas ainda assim nunca perderam a fé e a alegria de viver. Apesar dos infortúnios eles vão se adaptando aos costumes do lugar e criando uma diversidade cultural rica na culinária, na música e em outras tradições tão preservadas ainda hoje por esses povos aqui no estado.
O romance ainda retrata a formação de algumas cidades do interior do estado como Ibiraçu, Santa Teresa e São Roque do Canaã. Virgínia constrói uma bela narrativa, com um tom poético e envolvente que encanta e inebria o leitor de Karina.
Referências bibliográficas:
BOBBIO, Kátia. A voz do coração. Virgínia G. Tamanini: vida e obra/ Kátia Bobbio: seleção, notícia biográfica (cordel);
Matusalém Dias de Moura: estudo crítico. Coleção Roberto Almada. Vitória:
Academia Espírito Santense de Letras; Editora Formar; Secretaria Municipal de Cultura, 2007. TAMANINI, Virgínia Gasparini. Karina. Rio de Janeiro: Ed. Pongetti, 1964.
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