No centro da minha cidade
Existe uma Árvore.
Guardada por homens
armados. Não são anjos,
São os guardas do paraíso.
armados. Não são anjos,
São os guardas do paraíso.
Um dia atrevi-me.
Tomei conselho com as sombras,
Planejei sob o manto escuro da noite
um jeito, uma forma de provar do
fruto.
Há palmeiras rebuscadas
e sabiás nesse paraíso seguro.
Há também macacos prego
e sabiás nesse paraíso seguro.
Há também macacos prego
Espreitando bananeiras
do lado de fora dos muros.
do lado de fora dos muros.
O abacateiro do paraíso, protegido
Por homens de dentes de ferro, de pesado
arriou os galhos.
Embora haja muitas frutas é proibido
sucumbir ao pecado da gula.
Por isso regulam a distribuição
de alimentos: "um cuidado adicional",
é o que dizem os guardas do paraíso.
Mas, da Árvore que fica no centro
sucumbir ao pecado da gula.
Por isso regulam a distribuição
de alimentos: "um cuidado adicional",
é o que dizem os guardas do paraíso.
Mas, da Árvore que fica no centro
da cidade, não se pode nunca provar o fruto.
Desejo sentir o sabor desconhecido,
Sussurro palavras de amor baixinho e,
Ao longe, observo o vento balançar
os longos galhos Verde-amarelados.
Algo em mim tremula.
os longos galhos Verde-amarelados.
Algo em mim tremula.
Os frutos da Árvore não são vermelhos
e nem arredondados.
e nem arredondados.
Parecem espirais resplandecentes e criam
Um halo de luz no centro da minha cidade.
O povo vive sob o fascínio da luz, embora
quase sempre faminto.
Tudo parece lindo!
O povo vive sob o fascínio da luz, embora
quase sempre faminto.
Tudo parece lindo!
Os homens serram a Árvore, afinal,
é a guarda especializada do paraíso.
Resisto e tramo, na noite, apoiada
Pelo demônio da revolta.
Busco um jeito, uma forma
De alimentar essa fome específica.
Serei eu a primeira a única rebelar?
Lá estão eles, os malditos
homens com dentes de ferro. Agora,
homens com dentes de ferro. Agora,
seguram punhais e escopetas
no centro da minha cidade.
no centro da minha cidade.
RB, Vitória, dia 21/09/2018 (dia da árvore)
Um comentário:
Forte, transcende a homenagem à data. Parece que estamos impedidos do prazer desde sempre.
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