Senhor do Bonfim,
Meu pai,
Salve!
No terreiro-mundo
Negro ilumina:
acorda dormentes, alegra,
cura doentes
com o som do tambor.
Os ventos da África
são perfumados, meu pai,
melodia inaudita ressoa
fazendo brotar as sementes.
fazendo brotar as sementes.
Um contador de histórias
encanta a palavra, recordo
que a África é aqui,
que a África é aqui,
ela está dentro de mim, inteira:
sou mãe e filha.
No terreiro acontecem
milagres:
ferida é sarada,
feitiço é desfeito,
memória ancestral
restaurada.
restaurada.
Tambor-vida, vibração:
(pajelança popular e erudita)
É fogo!
Tambor de Mina!
Tambor de Mina!
Glória a ti, meu pai!
Rolam os búzios,
Saias criam cirandas vivas
brancas e coloridas, são flores
no jardim de Oxum.
Silêncio respeitoso:
Nanã descansa!
No terreiro-mundo
negro é senhor, é Rei!
No terreiro-mundo
Sou filha de Xangô.
É chegado o tempo
de compartilhar o canto
da diversidade. Faz justiça
com amor, Senhor dos raios,
desperta o bicho aprisionado
(no homem)
paralisado pelo horror.
Salve!
Senhor do Bonfim,
Meu pai!
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