Jericho Brown
Uma voz essencial, questionadora da tradição que relegou ao povo negro um lugar de subalternidade, marcado pela exploração e pela exclusão. A obra de Jericho Brown põe em cheque as limitações, preconceitos e determinismos impostos pelo sistema, apontando um caminho de reescritura dessas narrativas totalizantes por meio da poesia.
Um olhar sensível que nasce da tessitura atenciosa da linguagem, urdindo relações afetivas, especialmente familiares, e afirmando uma posição de não conformidade com o a violência, não é por acaso as flores são abundantes nas suas obras e estão sempre relacionadas a sua imagem pessoal.
Jericho Brown nasceu em Luisiana, Estados Unidos, em 1976. Foi bolsista na Guggenheim Fellowship e, atualmente, é professor na Universidade Emory, em Atlanta, além de dirigir o Programa de escrita
criativa da instituição. Na sua escrita poética há a fusão de diferentes formas líricas, como o soneto, e música, como o blues.
Conheci Jericho em Granada, no Festival Internacional de Poesia (FIPG), ele representando os Estados Unidos e eu o Brasil. Uma pessoa doce, com presença marcante e sorriso largo, enfim, a simpatia foi imediata e curtimos muito o carnaval de Granada e a imersão nesse mundo da poesia que a gente tanto ama. Nessa oportunidade compartilhamos poesias e alegria.
Durante as noites nos reuníamos nas praças, ou em frente as igrejas seculares, com poetas de vários países do mundo, para leituras de poesias nas nossas línguas maternas, que eram posteriormente traduzidas para o espanhol por uma equipe de jovens tradutores granadinos estudantes de teatro. Surpreendente conhecer a potência dessa poeta que denuncia e enfrenta a violência secular contra o povo negro.
Mas advirto, não é uma poesia leve, possui uma beleza brutal ao nos colocar frente a frente com a brutalidade do sistema racista que busca silenciar e paralisar pelo medo. Poema "Duplex":
I begin with love, hoping to end there.
I don’t want to leave a messy corpse.
I don’t want to leave a messy corpse
Full of medicines that turn in the sun.
Some of my medicines turn in the sun.
Some of us don’t need hell to be good.
Those who need least, need hell to be good.
What are the symptoms of your sickness?
Here is one symptom of my sickness:
Men who love me are men who miss me.
Men who leave me are men who miss me
In the dream where I am an island.
In the dream where I am an island,
I grow green with hope. I’d like to end there.
Jericho Brown e Renata Bomfim no carnaval de Granada, Nicarágua.
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