Seja bem-vindo(a). Este blog está on line desde 2007 e possui textos e esboços de minha autoria. Alguns poemas são escritos diretamente e depois refilados até chegarem à publicação em livro. Sinto-me feliz em compartilhar este espaço amigos das artes e das letras.

13/09/2024

500 anos de Camões: relembrando uma visita ao túmulo do autor de Os Lusíadas.

Visita aos túmulo de Camões no Mosteiro dos Jerônimos

Leitor,
Você já viu algo mais poético que a morte? poético e triste! Calma, entenda minhas palavras, sou uma amante da vida, da luz, da alegria, mas, nada como a presença dessa aterradora e fascinante dama para nos mover os alicerces. A morte nos denuncia humanos, finitos, faltosos, ela revela a nossa precariedade. 
Bem, eu gosto de visitar meus poetas mortos. Já fui visitar Florbela Espanca, mais de uma vez no seu repouso final, em Vila Viçosa; fui à León (Nicarágua) também duas vezes visitar Rubén Darío e lá acariciei e consolei o leão que chorava. O pensador George Bataille disse que morte e o amor se avizinham, acho que eles são uma espécie de irmão sol e irmã lua, pois, ambos tem o poder de nos levar á dissolução completa, para que sejamos outras coisas, só assim (ou mortos ou amando) podemos estar para além de nós mesmos.

Interior da igreja
Fui visitar Camões: 
− Camões! tá de brincadeira! 
É você mesmo? 
Que prazer cara! 
Olha, Os Lusíadas é mesmo uma viagem, putz, e os seus poemas de amor, eles não saem da minha cabeceira:

Amor é fogo que arde sem se ver;

É ferida que dói e não se sente;

É um contentamento descontente
É dor que desatina sem doer;

É um não querer mais que bem querer;
É solitário andar por entre a gente;
É nunca contentar-se de contente;
É cuidar que se ganha em se perder;

É querer estar preso por vontade;
É servir a quem vence, o vencedor;
É ter com quem nos mata lealdade.

Mas como causar pode seu favor
Nos corações humanos amizade,
Se tão contrário a si é o mesmo amor? 

Que coisa mais linda isso, meu chapa! Mas, convenhamos, fiquei sabendo de uma história, dizem que você deixou uma moça morrer afogada para salvar o livro? Olha o Karma, Camões, olha o Karma... 
Nesse encontro conversamos mais sobre outros assuntos, acho que o Camões não liga muito para esse negócio de glória, embora esteja sempre sob os holofotes. Bem, depois da visita ao túmulo do grande poeta e ao do seu vizinho, o não menos importante Vasco da Gama, fui dar uma volta pelo Belém, ver os monumentos, visitar uma exposição de arte moderna e, depois, comer um pastelzinho de Belém, ou melhor, uns pasteizinhos, os originais!
Até mais...
Renata

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