"máquina de guerra" é uma proposta filosófica formulada por Gilles Deleuze e Félix Guattari, que não diz respeito ao poder bélico e estatal, mas a uma potência inventiva e nômade, capaz de escapar e causar fissuras no poder dominante, inventando para si "linhas de fuga" e novas formas de ver e habitar o mundo.

27/10/2024

Poesia produzida por mulheres está sendo estudada na UFES

 

Júlia Bragato- pesquisadora/ UFES

Em 2016, quando dei aulas no Centro de Letras da UFES, ministrei alguns laboratórios que me trazem, até hoje, um retorno afetivo bastante grande, um desses laboratórios foi de  "Literatura de autoria feminina em língua portuguesa". Na época, propus que, nesse laboratório, analisássemos obras de escritoras africanas, portuguesas, brasileiras, por fim, escritoras naturais e radicadas no Espírito Santo. 

Na condição de escritora capixaba eu sempre senti na pele a dificuldade de fazer a minha poesia circular e chegar nas mãos do(a) leitor(a), bem como nas escolas. A internet e a minha participação nos Congressos de poesia no Brasil me ajudou nessa divulgação, mas nem todas as escritoras tiveram essa oportunidade. Tenho a grata alegria de ver vários estudantes que passaram por esse laboratório de autoria feminina, assim como pelo Laboratório de Literatura do Espírito santo, que também ofereci na UFES, formados e levando adiante esse interesse. 

Ontem tive a felicidade de saber que essa moça bonita, a Julia Bragato, pesquisadora da UFES, levou seus apontamentos críticos sobre a minha poesia para um Seminário internacional. Obrigada, Júlia!Agradeço, também, a professora Andressa Zoi, que também é escritora e poeta, por levar adiante esse trabalho de abrir espaço para as escritoras do Espírito santo. 

O Espírito Santo é minha terra natal e, para mim, é o centro do mundo. Nas montanhas capixabas eu plantei meu coração, — dentro da Mata Atlântica —, e a poesia que escrevo reflete algumas vivências dessa mulher que olha para o mundo enraizada, mas que não está isolada, embora viva numa ilha. Busco estender minhas raízes o mais longe possível, para alcançar e dialogar com subjetividades que me abalem, surpreendam, encantem, inspirem... Me sinto uma cidadã do mundo, mas viajando na nave viva e azul.

Enfim, desejo do fundo do coração que, tanto a minha voz, quanto a voz de outras poetisas capixabas ecoem pelo mundo, seja assunto e pesquisa nas universidade, e que o cânone formado pela dicção singular de vozes femininas se fortaleça cada dia mais. 

Renata Bomfim

Vitória, 27 de out. de 2024. 

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