A Terapia Narrativa é uma abordagem terapêutica que considera que as pessoas interpretam e dão sentido às suas vidas por meio de histórias ou narrativas que constroem sobre si mesmas, suas experiências e o mundo ao seu redor. Essa abordagem terapêutica visa ajudar o indivíduo a reescrever suas histórias pessoais de maneira mais empoderada, com maior senso de controle e agência sobre sua própria vida. A ideia central é que, ao alterar a maneira como uma pessoa narra sua própria história, ela pode modificar a forma como lida com os desafios, os conflitos e até mesmo os problemas emocionais. Essa prática percorre um circuito que passa pelo desafio da história dominante saturada de problema até a construção de uma história alternativa, preferida pelo cliente.
As histórias narradas pelo indivíduo estão sujeitas a mudanças e essa plasticidade da linguagem pode ser um caminho para a pessoa moldar novas formas de perceber o problema com vistas a encontra formas de lidar com o mesmo. Esse papel central da linguagem deve ao fato de ser por meio desta que contamos o indivíduo conta sobre si, fala de suas experiências. Para Michael White e David Epston, as pessoas não são definidas por problemas. As histórias, nesse contexto, servem como ferramentas de organização da experiência. Às histórias trazidas pelo indivíduo, saturadas de problemas, se contrapõem narrativas de resistência, contra-histórias, que passam a sobrepor as narrativas dominantes, geralmente alicerçadas culturalmente no sistema sociocultural e político na qual a pessoa se desenvolveu e vive. Narrativas alternativas surgem como um ato de resistência a uma história dominante ou problemática. Essa abordagem confere ao analisando um lugar de protagonista do seu processo terapêutico, o especialista, de quem o terapeuta é um acompanhante privilegiado, um apoiador.
Renata Bomfim
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