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03/02/2025

Dia Nacional das RPPNs no Espírito Santo (2025)/ As RPPNs no enfrentamento à crise climática (Renata Bomfim)

 

Assista Sessão solene em homenagem as RPPNs. 

No dia 31 de janeiro de 2025, a parceria entre o Instituto Ambiental Reluz e a Câmara Municipal de Marechal Floriano promover uma noite de diálogo entre os RPPNistas e o poder público. A Câmara Municipal de Marechal Floriano promoveu uma sessão solene em celebração ao Dia Nacional das RPPNs que contou com a presença de representantes da Câmara, do IEMA, da Polícia Militar Ambiental, da Secretaria municipal. Além das RPPNs já existentes no município, foram homenageados proprietários que estão em processo de criação de novas RPPNs no município. Tivemos a presença do Sr. LIz Mill que é RPPNista em Domingos Martins, município vizinho, mas que está também, planejando criar outra RPPN em Marechal Floriano.
 

Desde que a data foi instituída, em 2017, a RPPN Reluz faz um evento buscando dar visibilidade às RPPNs. A Sessão Solene alusiva ao DIA NACIONAL DAS RESERVAS PARTICULARES DO PATRIMÔNIO NATURAL (RPPNS) teve como objetivos celebrar a data e chamar a atenção dos cidadãos(ãs) florianenses para a importância das RPPNs para a preservação, em âmbito local, do patrimônio natural da municipalidade, bem como, destacar a relevância dessa modalidade de unidade de conservação (UC) na mitigação dos efeitos gerados pelas mudanças climáticas.

A Câmara Municipal de Marechal Floriano, nessa Sessão Solene, homenageou os proprietários das RPPNs Rio Fundo, Koehler e Reluz. Eu fiquei por conta de fazer uma fala sobre “A IMPORTÂNCIA DAS RPPNS NO ENFRENTAMENTO ÀS MUDANÇAS CLIMÁTICAS”.


A cerimônia superou as nossas expectativas e abriu espaço para que várias pessoas se manifestassem, foi solicitada a criação de leis para a criação de RPPNs municipais e a inserção de um RPPNistas no Conselho de Meio Ambiente do município. A nossa RPPN Reluz assumiu esse compromisso de provocar o poder público e trazer à luz questões relevantes para que sejam discutidas e ações sejam estruturadas para resolvê-las. 

Celebrar o Dia Nacional das RPPNs com uma ação que promove a conscientização para a preservação da natureza, é reconhecer que a sociedade civil, juntamente com o poder público, unindo forças, pode criar uma rede de proteção para a biodiversidade, o que resultará em um município mais verde, sustentável e saudável. As RPPNs são unidades de conservação (UCs) estratégicas para a preservação do remanescente de Mata Atlântica, bioma que faz parte da vida do capixaba e precisa ser protegido. 

Esse cuidado não é apenas porque estamos em tempos de aquecimento global, ou porque dependamos dos recursos naturais para a nossa sobrevivência, mas também, porque a natureza nos humaniza e torna mais sensíveis para uma convivência pacífica e saudável. As RPPNs prestam serviços ambientais importantíssimos para todos, a cidade que possui RPPNs é mais bonita, oferece melhor qualidade de vida para seus moradores, as florestas mantém o equilíbrio climático, preservam as nascentes, mantém os polinizadores, abrigam seres da fauna e da flora, além de fomentarem a economia criativa e de baixo carbono, como o ecoturismo. Estudos indicam que cerca 80% do remanescente de Mata Atlântica está em terras de particulares. Sendo assim, a RPPN se apresenta como um instrumento importante para a conservação do remanescente de Mata Atlântica, contribuindo para o aumento das áreas protegidas, colaborando com a formação de corredores ecológicos e com o aumento da conectividade da paisagem.

Criar e gerenciar uma RPPN é ter a oportunidade de fazer algo por si e pela coletividade, é contribuir para com a preservação de uma variedade de espécies biológicas, entre elas muitas em perigo de extinção (ex. a uruçu capixaba), é proteger os recursos hídricos, contribuir para com a pesquisa científica e os estudos e monitoramento ambiental; entre outras. O/A RPPNista auxilia a expansão de territórios conservados e a perpetuidade dessa proteção é um legado de luz direcionado às próximas gerações.

A CRISE CLIMÁTICA

É o momento de a sociedade civil e o poder público unirem forças para enfrentar os efeitos da crise climática. Já é possível ver  os extremos dessa crise  se intensificando. O aquecimento global já não é mais uma teoria que possa ser questionada, É UMA REALIDADE, o relatório mais recente do IPCC apontou a ação humana como a responsável pelo aumento dos eventos climáticos extremos (chuvas torrenciais, inundações, incêndios, secas entre outras. A ciência aponta que a elevação de 1,5oC na temperatura média do planeta, aponta a criação de graves cenários de não retorno. O ano de 2024 foi o  mais quente já registrado na Terra e, pela primeira vez, a temperatura média global alcançou 1,6 C em relação ao tempo pré-industrial.

O fato é que SUPERAMOS AQUELE QUE É CONSIDERADO O LIMITE SEGURO PARA O PLANETA e as catástrofes já estão em curso o que exige ação imediata. Essa é a hora de unirmos forças na diminuição das emissões dos gases de efeito estufa e de TORNAR AS POPULAÇÕES MAIS RESILIENTES aos eventos provocados pelo aquecimento global. O planeta sempre existirá, mas a nossa sobrevivência depende de um novo olhar para o mundo e para o planeta do qual fazemos parte. Para um RPPNistas, a natureza é o maior patrimônio. As motivações que levam uma pessoa a criar uma RPPN são atravessadas por um senso de missão como afirmou o amigo Beto Mesquita: “É gente que sonha, mas que não se contenta só em sonhar. São seres humanos que, entendendo a beleza e o sagrado de compartilhar este Planeta com tantos e tão diversos seres de outras espécies, famílias e reinos, têm dedicado sua vida à proteção da natureza”.

A tarefa é difícil? Sim, frente a um cenário de insegurança e imprevisão, há pessoas que se sentem desanimadas como se não houvesse solução. Mas há solução, os mesmos cientistas do IPCC
destacaram que o marco zero da mudança é a restauração dos ecossistemas, especialmente das florestas tropicais. 1878 RPPNs brasileiras protegem 837,451,60 ha e no ES, 62 RPPNs protegem cerca de 6.500 há onde podemos perceber que é possível coabitar com a natureza sem destruí-la. A UFES realizou, em 2019, um curso de pós-graduação em mudanças climáticas. Nesse curso discutiu-se estratégias de neutralizar as emissões de gazes de efeito estufa (GEE), entre elas estão, além da recuperação de pastagens degradadas, modificação do manejo do solo, erradicação do desmatamento e controle de incêndios, a restauração da Mata Atlântica e o INCENTIVO À CRIAÇÃO DE RPPNS. Marechal Floriano possui três RPPNs constituídas. A primeira foi a RPPN Rio Fundo, criada Por Jaime Dozey e Maria Aparecida, no ano de 2012; a segunda foi a RPPN Koheler, criada em 2015 por Clovis Arnaldo Koheler e Silavana Brickwedde (in memorian), a terceira foi a RPPN Reluz, criada por mim e pelo Luiz. O município possui duas RPPNs em processo de criação. Os RPPNistas estão dando a sua contribuição para a grande virada ambiental que o mundo necessita e a esperança continua sendo o combustível verde que nos impulsiona rumo ao mundo que ansiamos.

PLANTANDO ÁRVORES
Na manhã do dia 01 de fevereiro, a festa teve continuidade e fizemos plantios de árvores na RPPN Reluz. Recebemos a visita do Vereador Cezinha Ronchi, responsável por realizar a Sessão solene no dia anterior, de Cícero Modolo, jornalista e agente cultural e de seus filhos Ester, Mateus e Rafinha. Cada criança plantou um pau-brasil que levou o seu nome e Cezinha plantou outro pau brasil em homenagem ao seu primeiro neto que recém nascido, o Ian. As crianças adoraram conhecer as abelhas melíponas e estamos certos que serão multiplicadoras do recado que a natureza lhes passou pedindo proteção.
Esse encontro fortaleceu os laços entre os RPPNistas e abriu espaço para novos e profícuos diálogos com o poder público.

Renata Bomfim

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