02/12/2007

Limitação do olhar


analisa e conclui
a partir de panos e tintas
das máscaras coloridas
do giz que desenha o olhar
Como não sabe que somos
aquilo que não vestimos
que não falamos
que não realizamos
Lá no fundo, do outro lado
nosso oposto se realiza
e por traz da pintura
eis que surge uma cara limpa
com lábios semi-cerrados
e braços e pernas firme
prontos para porradas e chutes
Sob a pele
os ossos da mulher lobo
cantada pela Estés
um mosaico no deserto,
juntando o que sobrou da quebradeira,
esconjurando quebrantos rogados
por gerações de mulheres que
também foram quebradas, mas
continuaram apenas ossos dispersos
É um peso buscar resgatar ossos de outrem
muitas vezes tentamos
mas em vão
Haverá realização nessa busca?
ser bom ou ser mau
todos temos dentro de nós
anjos e demonios
eternamente em conferencias
guerras e subornos
disputando as áreas nobres do corpo
visando o coração
com lança em punho
legiões demoniacas
responsáveis pela amargura, pelo ódio,
a indiferença espreitam
o amor é anjo-demonio,
maior colonizador
a saudade catequisa
com promessas de felicidade
e o tempo não espera
desbota a tinta e
rasga o tecido
desfaz o quebranto
revelando novos encantamentos
e nos tornamos aquilo que não somos
mas que sempre desejamos
mesmo sem o saber

bai renatabomfim

Um comentário:

Luis Eustáquio Soares disse...

renata, o rabisco risco cisco de seus traços a cada texto vão projetando sua marca de caim, sua singularidade feminina-humana-fenomenal, nas formas abertas das tessituras, seus tapetes-poemas.
muito bem, moça,
b
luis