Túlio Alberto da Rocha Espanca era primo e afilhado de Florbela Espanca. Túlio Espanca nasceu em Vila Viçosa, em 1913, e faleceu em 1993 na cidade de Évora. Seguindo a tradição dos Espanca, Túlio mostrava gosto pelo mundo da arte, tanto que ao quatorze anos produzia sozinho vários números da revista ilustrada Zé pipocas, também idealizada por ele. Túlio Espanca nasceu na mesma casa que a poeta Florbela Espanca, em Vila Viçosa, e se mudou com a família para Évora aos sete anos. A profissão de barbeiro, na qual trabalhou entre os anos de 1934 e 1940, ele aprendeu com seu pai, José de Jesus da Rocha Espanca, irmão de José Maria Espanca, pai de Florbela. Túlio[1] alcançou o reconhecimento público como trabalhador da cultura portugusa e dedicou a vida à pesquisa e à produção no campo das artes e da história, deixando uma vasta obra. Ele atuou como crítico de arte, historiador, ministrava conferências e, entre os seus muitos trabalhos, destacam-se os volumes do Inventário Artístico de Portugal, dedicados aos distritos de Évora e Beja, editados pela Academia Nacional de Belas Letras. Atuou ainda na realização do Boletim “A cidade de Évora”, do qual foi fundador e colaborador, e do “Caderno de História e Arte Eborense”, que teve 36 números.
Dentre os títulos que recebeu, destacam-se o de Professor Honóris Causa na Universidade de Évora, o de membro efetivo da Academia Nacional de Belas-Artes portuguesa e da Academia Portuguesa de História, além do Prêmio Europeu da Conservação dos Monumentos Históricos, pela Fundação F.V.S. de Hamburgo; ele recebeu da presidência da República Portuguesa a condecoração de Oficial da Ordem de Sant’Iago de Espanha. Túlio Espanca e Guido Battelli se aproximaram tanto em função do interesse por Florbela Espanca, quanto pela rica troca de informações entre ambos nos campos da história e da arte.
A correspondência em questão dá a entender que se tornaram amigos no decorrer de quatro anos em que trocaram ideias, planejaram publicações, inclusive quando Túlio Espanca esteve em Florença, na Itália, foi visitar Guido Battelli, mas este estava fora da cidade. Para dar um melhor entendimento do material pesquisado fizemos uma tabela que mostra como estão divididas as pastas de documentos do espólio de Túlio Espanca com as correspondências de Guido Battelli:
Nº doc |
Data |
Nº doc |
Data |
FTE[2]
064.1 |
Carta
de 5-4- 1951 |
FTE 064.21 |
Postal
27-03-1953 |
FTE 064.2 |
Cópia
da carta da pasta FTE 064.1 datilografada |
FTE 064.22 |
Postal
11-9-1953 |
FTE 064.3 |
Tradução
do poema de Florbela “Soavitá” |
FTE 064.23 |
Carta
29-9-1953 |
FTE 064.4 |
Carta
com análise de poesia de Florbela Espanca realizada por Guido Battelli. |
FTE 064.24 |
Carta
13-11-1953 |
FTE 064.5 |
Foto
de Guido Battelli e
cartão |
FTE 064.25 |
Carta
de 8-12-1953 |
FTE 064.6 |
Carta
de 25- 4- 1951 |
FTE 064.26 |
Postal
3-1-1954 |
FTE 064.7 |
Postal
de 25- 5- 1951 |
FTE 064.27 |
Postal
9-4-1954 |
FTE 064.8 |
Carta
de 1-6-1951 |
FTE 064.28 |
Postal
25-4-1954 |
FTE 064.9 |
Carta
de 9-6-1951 |
FTE 064.29 |
Carta
8-6-1954 3 três documentos |
FTE 064.10 |
Postal
de 10-7- 1951 |
FTE 064.30 |
Postal
27-7- de julho de 1954 |
FTE 064.11 |
Carta
de 7-8-1951 |
FTE 064.31 |
Postal
|
FTE 064.12 |
Carta
de 18-8-1951 e postal |
FTE 064.32 |
Postal
|
FTE 064.13 |
Postal
de 12-9-1951 |
FTE 064.33 |
Carta
|
FTE 064.14 |
Carta
de 21-11-1951 e duas fotos do Alentejo |
FTE 064.34 |
Cartas
(oito documentos) |
FTE 064.15 |
Postal
de 19-03-1952 |
FTE 064.35 |
Folheto
falando da palestra sobre Florbela em Florença |
FTE 064.16 |
Postal
20-5-1952 |
FTE 064.36 |
Carta
de Álvaro Pires, de Évora |
FTE 064.17 |
Postal
6-10-1952 |
FTE 064.37 |
Postal
|
FTE 064.18 |
Postal
de 20- 10-1952 |
FTE 064.38 |
Cartão
enviado pela filha de Guido avisando sobre o seu falecimento |
FTE 064.19 |
Carta
de Natal 1952 |
FTE 064.39 |
Foto
do rosto de Michelangelo |
FTE 064.20 |
Carta
26-01-1953 mais
recorte de jornal |
FTE 064.40 |
Foto
da cidade de Florença |
Algumas dessas correspondências dizem respeito a artigos de Battelli que Túlio Espanca publicou e tratam de informações sobre monumentos históricos, como, por exemplo, o documento FTE 0064.12, carta na qual Guido fala sobre o Museu de Belém, em Portugal, que possui esculturas romanas “lindíssimas”, uma representando “Apolo” e outra, “Baco infanti”, ou seja, Baco ainda menino. Concentrei a atenção nas passagens nas quais Guido se referia a Florbela e à sua obra, como, por exemplo, a carta 1 do arquivo histórico, FTE 064.1, enviada de Florença, Itália, para Túlio Espanca, no dia 5-4-1951. Essa carta de quatro páginas manuscritas em francês mostra o interesse do professor italiano pelo Alentejo e como manteve o interesse na divulgação da obra de Florbela:
1-
Évora
2-
A janela de Garcia
Resende
3-
Charneca em flor
4-
Passeio no campo
5-
Alentejo (de Sóror
Saudade)
6-
Árvores do Alentejo
7-
(?[4])
(Tarde no Alentejo, do Livro de Mágoas)
8-
Alma perdida
9-
Primavera (de Reliquiae)
10- Silêncio.
(FTE
064.1/)
Guido pretendia escrever um artigo intitulado
“A verdadeira grandeza de Bela”, que poderia ir a lume quando fosse comemorado
o segundo aniversário da instauração do busto da poeta que fica no Jardim
Público de Évora. Para o professor, essa seria uma homenagem merecida a
Florbela. No documento FTE 0064.7, observamos o interesse de Battelli em
estudar a poesia de Florbela e o professor comunica a Túlio que os poemas de
Florbela foram publicados na coleção “Il Mélagrano”. Observamos os esforços de
Battelli para publicar e divulgar os textos florbelianos. Foi pensando nesse
empenho do professor em levar a palavra de Florbela ao leitor que chamei Guido
de apóstolo florbeliano.
Parece-me de ser o único crítico que descobriu a lebre, e a universalidade da obra de Bela, quanto a sua verdadeira grandeza e a causa do seu enorme sucesso, o que não tem comparação na literatura portuguesa moderna. [...] Vamos ver se encontramos juntos a maneira de realizar este último sonho da minha vida. Há um provérbio que diz: Não custa de viver, custa de encontrar a maneira de viver.! Quando eu tomei à minha custa a impressão do Charneca, nem o país, nem o marido, nem os amigos, tinham confiança no sucesso. Audaces Fortuna Juvat! Dizia Florbela que sobre um sonho desfeito precisa erguer um outro sonho ainda. E nós erguemos não sobre um sonho, mas sobre uma realidade gloriosa. Um grande abraço. Tenho vontade de ver o lindo livrinho, mas espero não morrer antes disso.
Guido Battelli
(FTE 0064.14, grifo nosso)
Bientôt nous plongerons dans les froides ténèbres ;
Adieu, vive clarté de nos étés trop courts !
J’entends déjà tomber avec des chocs funèbres
Le bois retentissant sur le pavé des cours.
Mas lembremo-nos também dos versos latinos:
VIVITUR
INCENIO, CETERA MORTIS E RUNT.
Florbela a 22 anos da morte é mais viva que muita gente que
agora passeia pelo mundo! E viverá eterna!
Um grande abraço de saudade
Florença, Natal 1952
Battelli
(FTE 0064. 19)
Ainda
no documento FTE 0064.19, outra carta, que traz como título (em letras de
forma) “FLORBELA IN MEMORIAM[6]”,
corrobora o aporte teórico descrito mostrando como, passadas duas décadas da
morte de Florbela, sua obra vai encontrando acolhida crescente entre público e
crítica. Segue o texto:
Guido Battelli
Florença, 8 de dezembro de 1952
(FTE 064.19, grifo do autor).
No documento FTE 0064.18 há um postal enviado por Guido a Túlio Espanca
no dia 20-19-1952, onde este afirma ter sentido muito a morte de Celestino
David, destacando que Évora perdeu “um dos seus admiradores mais apaixonados”,
mas que tanto ele, quanto Túlio perderam “um dos mais devotados amigos à
memória da grande Poetisa”. Battelli declara que nunca se esquecerá do
incansável trabalho de Celestino David “em função da nossa causa”. A causa a
que ele se refere é a divulgação da obra e do nome de Florbela. Vemos o
professor italiano tecer uma imbricada teia de relações nessa empreitada que
ele considera a missão final de sua vida. Para tal, ele busca implicar variados
colaboradores, entre eles Túlio e pessoas do seu circulo de amizade em Portugal
e Itália. Esse empenho de Battelli à “causa” pode ser observado na carta de
29-10-1953, na qual o professor informa a Túlio acerca de um artigo muito
comprido sobre a obra de Florbela que ele publicou na “Revista Letterature
Moderne”, a mais prestigiosa da Itália, e outro breve artigo no Diário de
Coimbra, esse ainda por sair. Para além da divulgação da obra da poeta
portuguesa, Guido prossegue o laborioso processo de invenção da imagem de
Florbela, agora, defendendo que esta “criou a poesia do Alentejo”. Nesses
estudos que realizou, o professor defendia que era
Battelli
(FTE 0064.23, grifo
nosso).
Túlio,
meu companheiro na luta e no triunfo, deixa que eu te aperte nos meus braços
junto ao meu coração! Salve.
Battelli
(FTE
0064. 24, grifo do autor).
O que nós, por tantos anos temos desejado, agora está uma
esplêndida realidade. Não encontro palavras para louvar e agradecer a
generosidade da Comissão de Turismo! Os três ou quatro sonetos do nosso
primitivo projeto chegaram [...] enriqueceu-se do precioso retrato de
Demóstenes Espanca, duma expressão impressionante, e de algumas vistas do
Alentejo, que realmente nos dão caráter da terra brava, que Florbela exaltou no
seu canto. Oxalá que os seus conterrâneos, esquecendo as velhas prevenções,
reconheçam a grandeza da poetisa, glória da sua terra e da literatura nacional.
Quando a exatamente no fim de janeiro de 1932 eu deixei Portugal para regressar
a minha terra, toda obra poética dela estava publicada: a Charneca em flor,
as relíquias, as Juvenílias, e também as suas cartas, tão interessantes e
de tanto valor para conhecer o espírito da poetisa. Mas, a sua glória estava
apenas no seu alvorecer. Quem teria dito que a estes pálidos alvores sucederia
um dia esplêndido cheio de sol, de luz e de calor? O êxito foi superior às
nossas previsões! Mas eu já expliquei aqui e algures a razão deste êxito, e
apontei onde está a verdadeira grandeza de Florbela. O seu canto ficará eterno
e o seu nome imortal. Ter contribuído, embora modestamente, a este
reconhecimento do seu gênio ficará para nós a melhor lembrança da nossa vida. A
minha já sinto que se aproxima do seu termo, que seja ainda longa e feliz a
vossa, Amigo, é o voto sincero do meu coração.
Florença, janeiro de 1952
Guido Battelli
(FTE 0064.34)
Anteriormente,
destacamos que a morte de Florbela suscitou muitos comentários em Portugal. Uma
carta do dia 12-2-1952, enviada de Florença, por Guido Battelli, para o Sr.
Flávio de Oliveira, advogado a quem o professor “interessou” acerca da obra de
“Bela”, diz, respondendo à pergunta deste sobre as circunstâncias da morte da
poeta:
Queira desculpar-me se eu não sou em condições de responder às
suas perguntas. Eu não acompanhei Florbela até os últimos tempos da sua vida.
Deixei Matosinhos na penúltima semana de setembro e desde esta data nunca mais
a vi. Lembro de que na última tarde havia muita gente na sua casa, e ela
conversou conosco com o seu brilho e a sua verve habitual. Determinar a hora da
sua morte parece-me impossível, porque ela deitava-se sozinha no seu quarto,
depois de ter trabalhando durante a noite. Aconteceu com ela o que aconteceu
agora com o rei da Inglaterra: quando a criada subiu para lhe trazer a primeira
refeição a encontrou morta! Para mim o triste aniversário é o dia 8 de
dezembro, quer dizer o dia em que o trânsito foi revelado. Igualmente
impossível saber se a dose do sonífero foi um erro fatal ou um propósito
deliberado. [...] Compreender e revelar a beleza suprema do canto de Florbela
explica a razão do seu êxito fulmine, parece-me verdadeira a tarefa dos críticos
sem render tempo em indagar os pormenores biográficos que não tem a mínima
importância para avaliar a sua obra. A apreciação estética desta obra já é a
única coisa que nos interessa.
Com
toda consideração,
Guido
Battelli
Florença,
12 de fevereiro de 1952
Observamos
que Guido é capaz de mudar o foco do seu discurso. A ênfase no amálgama vida e
obra da poeta vai cedendo espaço para uma visão mais focada na obra. O
documento FTE 064.35 diz respeito a um convite para uma palestra, no mês de
maio de 1951, na Sociedade Leonardo da Vinci-Palazzo Corsini Firenze. A
palestra tinha data marcada para acontecer, dia 23 de abril de 1951, e seria
uma “Conferenza su la poesia portoghese moderna”. Nessa conferência o professor
José Vitorino de Pina Martins falaria sobre a obra de Florbela Espanca.
Conforme salientei, muitos desses planos se concretizaram, viraram publicações e a decisão de publicar este material inédito foi motivado pelo meu desejo de ampliar o olhar para o Guido Battelli, este personagem ambíguo da história literária florbeliana, e que foi o responsável por apresentar a poeta à obra de Rubén Darío. Observamos nessa exposição, que a imagem de Florbela foi se erigindo aos olhos Battelli como que imantada por uma aura religiosa, ao ponto desse, “católico fervoroso”, se posicionar contra as beatas, “múmias católicas da morte”, e dar razão à Florbela, quando esta exaltava a sua alma “rútila e pagã”. O professor italiano esperava ser lembrado pelo que acreditava ter sido o seu grande feito: descobrir, revelar e traduzir para o italiano “a maior poetisa de todos os tempos” (FTE 064.8). Essas correspondências mostram um homem idoso, mas ativo, especialmente porque é motivado por um ideal, quem sabe amoroso: divulgar a obra e a imagem de Florbela Espanca.
[1] Túlio Espanca declarou numa entrevista: “Eu tinha um grupo de clientes (professores e outros) que esperavam na barbearia para irem para a minha cadeira, até que um dia me disseram que é raro ouvir um barbeiro falar das coisas que você fala. Normalmente falam de escândalos, boatos, mortes, e você fala de arquitetura, de arte e de história” (In: “Ler e aprender”, Évora, 1988. Exposição sobre Túlio Espanca no Teatro Florbela Espanca, em Vila Viçosa).
[2] FTE é o código que designa essa documentação dentro do espólio total de Túlio Espanca.
[3] Guido ainda descreve o projeto, destacando que pretende imprimir um soneto em cada página, com a sua respectiva tradução ao lado, o que ocuparia exatamente vinte páginas; sendo vinte e seis páginas para o índice, uma dezena de páginas para os desenhos, num total de 36 páginas. O projeto poderia ser reduzido se dois sonetos fossem impressos em cada página. Assim caberiam bem nela. Depois da impressão do volume, poderiam tirar-se “separatas”, que se venderiam, salvando uma parte das despesas. Se a venda produzisse algum benefício, poder-se-ia dar alguma lembrança ao artista. Guido pede a Túlio para “apresentar este projeto ao Sr. Presidente” e, se aprovado, ele ficaria feliz em ter apenas uma dezena de “separatas”.
[4] Não conseguimos identificar o que estava escrito nesse parêntese, sendo a carta manuscrita a tinta tornou a palavra ininteligível à nossa compreensão.
[5] O documento FTE 0064.14 revela que Guido pretendia escrever uma obra com este título que traria “as palavras de Lamartine”, depois descreveria como ele descobriu Florbela. Seguiriam ainda os estudos reunidos por ele sob o título “Vinte anos depois”, e mais “O livro d’Ele (publicado na Prometeu), “O Alentejo na poesia de Florbela Espanca”, o “Pórtico da edição original de Charneca”, “A verdadeira grandeza de Bela”, “Uma sugestão poética”, “Alguns sonetos comentados e traduzidos”, “Elegia a morte de Florbela” e “No vigésimo aniversário”
[6] Mantivemos as palavras sublinhadas como no manuscrito original.
[7] Tratamos da questão da instauração do busto de Florbela na pesquisa Vozes femininas: a polifonia arquetípica em Florbela Espanca (BOMFIM, 2009). O caso da instauração do busto ocupou por muito tempo as páginas dos jornais portugueses, confusões que, seja com o propósito de afirmar a poética de Florbela numa política de reconhecimento de sua qualidade, ou com o de desqualificá-la, fizeram com que a poeta fosse, gradativamente, se tornando um mito. Em 1949, os amigos de Florbela tentaram assentar o busto de mármore nos jardins da praça pública de Évora, mas o governo não permitiu. Essa história exemplifica o preconceito da época para com as mulheres artistas e de como se buscava conjurar os poderes do discurso feminino. Em um documento que a Sra. Aurélia Borges recebeu, datado de 28-01-1947, o Presidente da Direção do Grupo Pró-Evora, Antônio Bartolomeu Gromicho, explica os motivos dos variados entraves que fizeram com o projeto do busto de Florbela Espanca não fosse liberado. Segundo Gromicho, Celestino David e Antônio Ferro, em 1932, levantaram a campanha pela instauração do busto no Diário de Notícia, e o artista Diogo Macedo ofereceu-se para esculpi-lo a partir de um bloco de mármore que lhe fora doado. Uma comissão de artistas e intelectuais escolheram para a fixação do busto o Jardim Público de Évora. Entretando, houve uma inesperada e violenta resistência por parte de alguns vereadores ― o que envolveu até mesmo o ministro da Educação, que foi amável e elogioso para o valor da poeta, mas terminou por dizer que “a sepultura estava ainda muito quente” para que a homenagem pudesse ser realizada. O ministro declarou que não consentia a homenagem, “nem em Évora, nem em qualquer ponto do império português” (GROMICHO, 1947). Foram movidas altas influências tanto a favor, quanto contra a instauração do busto, e chegou uma nota do Governo Civil explicando que o busto não podia ser colocado no jardim. Após a instalação do busto este não foi demolido porque um vereador, esse da nova geração, levou à Câmara a discussão e resolveu que se camuflasse o plinto com benévolas e discretas trepadeiras (GROMICHO, 1947)
Nenhum comentário:
Postar um comentário